Mudanças no consignado para CLT amplia consumo, mas aumenta endividamento, alerta economista

Trabalhadores podem unificar até 9 contratos no mesmo empréstimo, entenda

Maycon Marte
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As últimas mudanças no empréstimo consignado para trabalhadores de carteira assinada preocupam especialistas locais que preveem impactos devido à má organização financeira. Agora, o novo modelo chamado de “Crédito do Trabalhador” permite unificar até nove dívidas em um mesmo empréstimo, medida válida desde a última sexta-feira (7), conforme divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A mudança provoca dois efeitos diretos, um para a economia local e outro para os trabalhadores: a ampliação de consumo e o endividamento a longo prazo.

Após a mudança, fica permitida a portabilidade entre bancos, a renegociação de dívidas existentes e até a união de empréstimos consignados e créditos pessoais na mesma operação. A novidade planeja tornar o processo mais competitivo entre os bancos, facilitando que os trabalhadores consigam ofertas de empréstimos mais vantajosas. No entanto, o regramento continua limitando a existência de apenas um contrato de empréstimo consignado ativo por cada vínculo empregatício, ou seja, se a pessoa possuir dois empregos, poderá ter até dois contratos ativos.

Na avaliação do economista, o primeiro impacto faz parte da estratégia atual do governo de injetar mais recursos ou créditos na classe que possui menor poder aquisitivo. Esse movimento, somado a programas de renegociação de dívidas, gera consumo, a medida que os trabalhadores passam a possuir um maior poder de compra.

“Aumentando o consumo, nós temos um crescimento na economia. Então, a gente vai ter mais faturamento nas empresas e com isso a tendência é ter mais pessoas trabalhando. E, essas pessoas que ganham essa renda extra vão investir de novo no consumo, por isso o ciclo da economia começa a circular melhor”, explica Farias.

Apesar da projeção inicial positiva, o mesmo comportamento também alimenta um “risco grande” de endividamento. Esse cenário é possível por conta dos principais destinos dos recursos extras na mão dos trabalhadores, o que, além do consumo, também inclui a quitação de dívidas. O resultado disso a longo prazo é o endividamento gerado com os créditos adquiridos.

“Acontece que muitos trabalhadores não possuem educação financeira e com o crédito disponível vão usar como faze com o cartão de crédito, cheque especial e crediário de loja, por exemplo, porque a renda ainda é muito baixa e as coisas estão mais caras. Então, a longo prazo a gente vai ver um aumento do endividamento das pessoas e da inadimplência”, avalia o economista.

Impacto empresarial

Um dos efeitos da ampliação do número de endividados recai sobre as empresas, especialmente, em confusões por descontos na folha de pagamento. As novas regras, seguram o desconto direto na folha em um limite de 35% do salário líquido. Apesar disso, o economista projeta complicações por desconhecimento do processo.

“A maioria dos trabalhadores não vai entender esse desconto e quanto mais ele pegar empréstimos, menos ele vai receber, então provavelmente a tendência é que daqui a um ano as famílias fiquem muito endividadas e inadimplentes”, afirma.

Nesse cenário, Farias recomenda o planejamento antes e depois do empréstimo, em especial, quanto ao uso do recurso adquirido. A melhor dinâmica, seria utilizar o dinheiro ou o crédito para multiplicar os valores. “Pegar esse dinheiro para fazer uma renda extra, montar uma venda ou um negócio paralelo. Mas, infelizmente, não é o que deve acontecer. Pouquíssimos vão pensar nisso”, destaca.

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Possibilidade

A unificação também pode beneficiar os trabalhadores com mais planejamento a medida que ampliam oportunidades de negociação com os bancos e facilitam o pagamento de créditos mais antigos. Esse movimento, segundo o Rogério Moura, professor de administração e ciências contábeis na Universidade da Amazônia (Unama), pode ser positivo principalmente para quem possui empréstimos com taxas de juros mais elevadas, como o cheque especial. Mas, ele ressalta que isso só é possível se o “trabalhador tiver o discernimento para utilizar esse recurso da melhor forma”.

“Há uma grande probabilidade desses empréstimos serem acumulados e, ao mesmo tempo, ele conseguir vencer a parcela dos empréstimos antigos com o novo empréstimo que ele vai fazer, só que esse empréstimo tem uma taxa de juros bem menor, consequentemente ele consegue pagar”, avalia.

Segundo o administrador, a unificação de contratos pode auxiliar também na abertura de mais créditos aos trabalhadores que aderirem à modalidade. Outro efeito possível é a sobra de recurso, que, com o devido planejamento financeiro, também pode ser reaplicado ou investido na sociedade como.

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