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Mercado de seminovos sente impacto de restrições no crédito

Modelos de financiamento são cruciais para manter vendas no setor

Fabrício Queiroz

As vendas de veículos seminovos e usados no país fecharam o primeiro trimestre de 2023 em alta no país. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), houve um incremento de 30,69% nas vendas de automóveis em março no comparativo com o mês de fevereiro. No total, foram 812.244 carros comercializados no período. Apesar dos números positivos, o setor diz que os resultados poderiam ser ainda melhores, caso houvesse condições de crédito mais favoráveis.

Com o encarecimento dos veículos 0 Km nos últimos anos e a popularização dos serviços de mobilidade por aplicativo, o mercado de seminovos se tornou cada vez mais visado pelos consumidores. Carros com até 65 mil quilômetros rodados, com ar-condicionado, no máximo cinco anos de uso e valor em torno de R$ 40 mil são os mais visados pelos clientes. Contudo, muitos condutores e potenciais compradores enfrentam limitações para adquirir o bem.

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O dinheiro existe, tem muita gente querendo comprar carro, mas está com credito restrito por causa do passado. Na pandemia, por exemplo, muita gente deixou de pagar alguma conta, não fez a correção e o devido pagamento para limpar o nome e ter de volta esse crédito. Hoje, essas restrições estão prejudicando a compra”, analisa o empresário Mauro Cléber, que atua no ramo de organização de feirões de seminovos junto às lojas do ramo na capital.

“Os seminovos são os carros mais procurados no mercado. A demanda por seminovos já era grande e agora está maior ainda. O grande problema que a gente encontra é realmente abrir esse credito”, reforça ele, destacando o potencial de crescimento do setor. “Existe muita procura e a gente consegue alcançar o objetivo de atrair o público nos feirões. Se não tivesse essa restrição no cadastro, poderíamos ter vendas duas ou três vezes maiores atualmente”, pontua.

image O empresário Mauro Cléber diz que vendas de seminovos podem crescer até 3 vezes com melhores condições de crédito (Thiago Gomes / O Liberal)

O endividamento da população também é apontado como um entrave para o mercado, na avaliação do empresário Estevão Ferreira de Aquino, que atua há 23 anos no segmento. “Cerca de 95% do que a gente vende é financiado, dificilmente um cliente chega e paga à vista. Então, as lojas precisam do credito do banco. Se o credito tá mais restrito, automaticamente se tem menos acesso a ele e menos vendas”, comenta Estevão, que diz que o nível de vendas na loja dele se manteve estável no início deste ano comparado com 2022, porém tem sido necessário um esforço maior para manter esse resultado.

Hoje, eu preciso trazer mais clientes para tentar mais aprovações e manter a média. Por exemplo, se eu passava 100 cadastros no mês para aprovar 10, atualmente, eu tenho que passar 200 para aprovar os mesmos 10”, esclarece.

Outros desafios envolveriam as incertezas das instituições financeiras em relação à política econômica do atual governo e o cenário macroeconômico que ainda sofre efeitos da crise provocada pela pandemia, que levou muitos países, inclusive o Brasil a elevar as taxas básicas de juros. “Os bancos estão muito mais criteriosos, mas uma coisa boa diante de tudo isso é que eles estão olhando melhor para o CPF do cliente. Quem é um bom pagador, acaba pagando uma taxa menor. Antigamente, era uma mesma taxa para todos, mas agora se entende que quem oferece um risco menor deve pagar menos”, diz Estevão Aquino, ressaltando a importância de medidas como o chamado cadastro positivo.

Apesar do contexto desafiador no momento, a expectativa dos empresários é que os seminovos e usados continuem com grande participação no mercado de automóveis e haja um crescimento das vendas nos próximos anos. “Eu estimo que este ano vamos manter essa estabilidade. Essa questão da avaliação do crédito depende das medidas governamentais, que podem interferir na Taxa Selic. Isso tudo não é algo que se consegue resolver logo, são resultados que vão vir a médio e longo prazo”, conclui Aquino.

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