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Juros e endividamento são causas da retirada de quase R$ 100 bilhões da poupança, dizem economistas

"O endividamento das famílias é uma das razões”, afirma o economista Nélio Bordalo, consultor de empresas no Pará

Valéria Nascimento
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Nesta reta final de ano, duas notícias divulgadas pelo Banco Central provocaram análises imediatas de economistas em todo o país. Em Belém não foi diferente. Procurado pelo Grupo Liberal, o economista Nélio Bordalo foi categórico: “concordo que o endividamento das famílias e os juros altos são razões para isso”, afirmou ele, referindo-se à saída de quase R$ 100 bilhões da poupança, conforme anunciou o BC, em 10 de novembro passado.

O próprio BC ao anunciar a retirada de exatos R$ 98,3 bilhões, de janeiro a outubro deste ano, também apontou os juros altos e o nível de endividamento dos brasileiros. Por sua vez, o economista Nélio Bordalo, que atua como consultor de empresas, também enfatiza o alto índice de desemprego.

O desemprego também provocou a retirada dos recursos guardados em caderneta de poupança para situações de emergências, ou seja, sem renda mensal de salário o brasileiro recorreu a sua poupança para manter as suas necessidades básicas”, disse Bordalo, conselheiro do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (Corecon).

 

 
 

O curioso, comenta ele, é que apesar da alta, a evasão de recursos da poupança teve queda na comparação com os dez primeiros meses do ano passado, quando R$ 102,1 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.

"A diferença entre os períodos citados não foi substancial, praticamente foi em torno de 4 bilhões de reais, mas já sinaliza, mesmo que isoladamente, um cenário econômico com mais oportunidades para que o brasileiro evite sacar o dinheiro aplicado na caderneta de poupança”, pondera Bordalo.

Uma dessas oportunidades, diz o economista, foi o programa Desenrola Brasil. “Há a expectativa de quase 70 milhões de brasileiros com nome negativado saírem das dívidas. Desde que foi lançado, em 17 de outubro, até 21 de novembro de 2023, o programa registrou mais de R$ 20 bilhões em dívidas renegociadas por 2,7 milhões de brasileiros”.

"Certamente o trabalhador brasileiro utilizou parte do 13º salário para solucionar pendências mais impactantes, que provocam inadimplência, e que implicam restrições no crédito em função de registros do CPF nos órgãos de proteção ao Credito”, diz Nélio.

Rentabilidade da poupança e outros investimentos

Sobre a rentabilidade da poupança, no ano de 2022, a poupança teve o primeiro ano de rendimento real desde 2018, após três anos de ganhos abaixo da inflação oficial do país. No ano passado, ela registrou rentabilidade de 2%, já descontado o aumento de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso tudo motiva as pessoas a retirarem suas economias, esclarece o economista.

"Um dos fatores determinantes para a retirada de uma parte desses recursos é a oportunidade de aplicar em outro produto financeiro que tenha rendimento superior a caderneta de poupança, mas isso acontece com investidores com perfil moderado, e que têm mais conhecimento do mercado financeiro, pois o investidor de perfil conservador prefere a segurança e tranquilidade da caderneta de poupança”, explicou Bordalo.

De acordo com o economista, “a caderneta de poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa, que apresentam melhores desempenhos em rendimentos, com destaque para aplicações em Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliárias (LCI) e do Agronegócio (LCA)”.

"É oportuno destacar que o investidor que acompanha as informações das quedas nos percentuais da taxa Selic, direcionam seus investimentos para renda variável, em função do ganho em relação a caderneta de poupança. As aplicações em renda variável são em Ações e Derivativos negociados na Bolsa de Valores, Fundos de ações e Fundos Multimercados

Endividamento impacta a capacidade de poupar e investir

Bordalo informa que dados recentes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no dia 4, deste mês de dezembro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), indicam que, mesmo com trajetória de queda pelo quinto mês consecutivo, o endividamento ainda alcança cerca de 76,6% das famílias brasileiras.

"As dívidas são em cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e da casa. O cartão de crédito e o cheque especial servem muitas vezes como estratégia de complemento de renda de muitas famílias brasileiras para equilibrar o orçamento doméstico e assim manter as contas mensais em dia, portanto, dificultando sobremaneira a possibilidade de poupar e investir”, concluiu o economista Nélio Bordalo.

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