Inserção no mercado de trabalho ainda é desafio para PcDs

Em todo Brasil, 549 mil pessoas com deficiência possuem vínculo empregatício

Kamila Murakami / Especial para O Liberal

O grande desafio não é apenas ingressar no mercado de trabalho, mas permanecer”, diz Valdir Moura, coordenador técnico da Associação de Deficientes Físicos do Pará (Adfpa), sobre a realidade dos trabalhadores PcDs (Pessoas com Deficiência) no Pará. Segundo dados do Dieese, o estado tem pouco mais de 9,6 mil pessoas com deficiência em postos de trabalho com vínculo empregatício registrado. 

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Valmir Moura conta que essa é uma realidade conhecida pela população. “São poucas vagas no mercado de trabalho, acredito que pela falta de fiscalização e cobrança das empresas sobre a Lei de Cotas. Existe uma série de entraves nessa situação”, aponta.

Em todo Brasil, atualmente 549.940 mil trabalhadores PcDs possuem vínculo empregatício, de acordo com um levantamento realizado pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho. Os dados foram analisados com base no E-Social, em janeiro deste ano.

A Lei Nº 8.213/91 - também chamada de Lei de Cotas - determina que empresas com 100 a 200 trabalhadores precisam ter 2% do seu quadro funcional preenchidos por pessoas com deficiência. De 201 a 500, são 3%. De 501 a 1000 são 4%, e com mais de mil funcionários 5%. A legislação visa garantir a contratação de  PcDs nos quadros funcionais. 

Valmir destaca um outro fator que distancia a população do mercado de trabalho: a falta de preparo e estrutura por parte dos recrutadores para receber os profissionais, sobretudo as pessoas que têm mais dificuldade de locomoção, como cadeirantes e deficientes visuais. “As empresas não estão preparadas, não tem pessoal qualificado para falar em língua de sinais, por exemplo. Enfim, no meu ponto de vista, o grande desafio não é entrar no mercado de trabalho, mas permanecer no emprego”, declara.

No ambiente laboral, questões relacionadas à estrutura tornam ainda mais difícil o dia a dia dos profissionais. “O prédio onde essa pessoa vai trabalhar muitas vezes não está adaptado, banheiro não existe adaptação. E é aí que o empresário vai perceber as dificuldades da pessoa com deficiência e adequar o seu espaço. Então, isso ainda é muito recorrente aqui em Belém”, aponta.

Além das dificuldades para ocupar uma vaga de emprego, sair de casa em direção ao local de trabalho também gera inúmeros desafios, principalmente para as pessoas que dependem de transporte público para o deslocamento. O coordenador técnico da Adfpa cita que, em Belém, a frota não atende às demandas básicas da população.

“A maioria das empresas não atendem a pessoas com deficiência. O ônibus tá com a plataforma quebrada, os operadores do sistema - motoristas e cobradores - não sabem operar o sistema; dizem que esqueceram a chave, que não existe manutenção. Então, a dificuldade já começa por aí”, aponta.

Remuneração

Conforme a pesquisa feita pelo Ministério do Trabalho, aproximadamente metade das pessoas ingressas no mercado de trabalho possuem apenas o ensino médio completo. Entre os profissionais, a maioria das vagas estão preenchidas por homens, com um total de 341.392 postos de trabalho. Já a população feminina ocupa apenas 204.548 dos cargos.

Dentre essas vagas, a remuneração média é diferente do que as de pessoas sem deficiência. Uma mulher sem deficiência, por exemplo, tem uma média salarial de R$1.791,42 enquanto uma mulher PcD recebe em média R$1.411,77. Para o público masculino a realidade não é diferente: um homem sem deficiência recebe, em média R$1.904,49. por mês, já um homem com deficiência ganha cerca de R$1.637,50.

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