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Idosos enfrentam preconceito ao retornar para mercado de trabalho

Especialista dá dicas do que fazer para se reinventar e garantir uma vaga de emprego

Elisa Vaz

Em meio ao cenário de desemprego e queda de renda no país, que se agravou com a pandemia da covid-19, muitos aposentados buscam oportunidades de trabalho, para complementar a renda ou mesmo para se manterem ativos. Mas é possível que este público se depare com o preconceito dentro do mercado, sendo necessário buscar diferenciais para se destacar nas seleções.

Coordenador do curso superior de tecnologia em gestão de recursos humanos e logística na Universidade da Amazônia (Unama), o administrador John Pablo Pinheiro explica que a cultura de cada empresa influencia muito nisso. Algumas organizações, segundo ele, têm a característica de contratar pessoas mais jovens, que acabaram de sair da faculdade ou que tenham uma formação técnica e, a partir daí, doutrinar e formar o caráter profissional desse trabalhador desde os primeiros passos. Já os funcionários mais idosos, na opinião de muitos recrutadores, podem dar mais trabalho por terem culturas e costumes enraizados.

O preconceito contra pessoas mais velhas surge também com o entendimento de que, a partir dos 60 anos, o indivíduo terá menos capacidade intelectual, mental e física, visto como um ser mais fragilizado na sociedade, diz o profissional. Quanto mais idade a pessoa tiver, maior será a tendência de que outras a vejam como alguém menos favorecido. “Temos que mudar esse pensamento. As pessoas idosas de hoje foram grandes potências nas empresas e nas organizações, seja na iniciativa privada, pública ou no próprio empreendedorismo. O critério de recrutamento, seleção, aplicação de testes e de diálogo antes da contratação deve permanecer independente da idade do profissional”, avalia.

Para saber se o trabalhador será compatível com a empresa, é preciso, como em todo processo seletivo, aplicar testes. Mas John acredita que, se o resultado for positivo, nada impede que um idoso trabalhe em um ambiente moderno, globalizado e digital, dominando os processos da tecnologia. Além disso, pode se tornar uma referência de aprendizado para os mais jovens.

Perfil do idoso para o mercado de trabalho

O idoso que quiser ter sucesso no mercado de trabalho precisa se posicionar, segundo o administrador John Pablo Pinheiro, se colocando na posição de um profissional experiente e que tem habilidades e competências necessárias para ocupar cargos a partir de sua formação e do conhecimento. Para acompanhar as transformações do mercado, essa pessoa pode se inscrever em uma nova pós-graduação, graduação ou capacitação; participar de congressos; fomentar o networking; entre outros.

“É válido acompanhar não somente as questões técnicas, do que sabe ou não fazer, mas também o que o mercado hoje exige em relação às questões comportamentais desses indivíduos. O trabalhador, idoso ou não, de qualquer gênero, precisa de um conjunto de habilidades e competências, e deve ter um portfólio profissional muito completo. Quanto mais cheio, principalmente quando atende especificidades da empresa, maior a facilidade para ser contratado”, opina John.

A internet também é uma vitrine e pode oportunizar mais destaque para o idoso que quer anunciar seu trabalho e sua disponibilidade no mercado. Isso pode ser feito por meio de contas profissionais, como o LinkedIn, ou até mesmo nas redes sociais, incluindo Instagram, Facebook e Twitter – qual for mais fácil para a adaptação daquele profissional. Ao criar esse perfil e gerar conteúdos, cria contato virtual com algumas pessoas que estão na mesma dinâmica de reinvenção e troca experiências comportamentais digitais.

Mudança é necessária

Como muitas pessoas se prepararam para o mercado de trabalho um pouco mais tarde, só após os 40 anos, por exemplo, e outros querem reingressar no mercado para ter novas experiências ou agregar a renda, a primeira coisa é a mudança de cultura organizacional, de acordo com o profissional.

“O trabalhador idoso tem uma visão sobre as mutações no mundo, e o comportamento na comunicação, no diálogo e a forma de se expressar é o que mais vai pesar no ato da contratação. A inteligência emocional vai ser importante porque, com ela, é possível mensurar o desempenho de comunicação, das relações interpessoais, da empatia e até da performance”, destaca. As vantagens de ter alguém nessa faixa etária na equipe, na avaliação dele, são muitas. Uma delas é a troca de experiências e de vivências, já que essa pessoa pode trazer uma realidade de outros ambientes e influenciar outros trabalhadores positivamente.

Mas John lembra que o mercado de trabalho não é apenas as empresas privadas, mas sim qualquer projeto, parceria, negócio, investimento e aplicação que traga recompensa enquanto profissional e gere renda. “Nem sempre essas pessoas que buscam a continuidade da carreira ou uma segunda profissão o fazem para garantir o sustento. Às vezes é pela realização de um sonho, satisfação pessoal, não é com foco na remuneração ou em benefícios. Elas têm mais liberdade e autonomia e querem fazer algo que traga satisfação, onde possam ser seu próprio gestor”, finaliza o especialista.

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