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Grande Coleta do Emaús vai ajudar crianças e adolescentes

Projeto desenvolve ações de educação informal e formal a jovens que estão em omissão da sociedade, do Estado ou da família

Elisa Vaz

Promover e defender os direitos de crianças e adolescentes são as principais atuações do Movimento República de Emaús, uma organização que atua diretamente com pessoas dessa faixa etária que se encontram em situação de risco ou vulnerabilidade social. O projeto desenvolve ações de educação informal e formal a jovens que estão em omissão da sociedade, do Estado ou da família, como os que trabalham, vivem nas ruas ou sofrem qualquer tipo de violência.

Com o objetivo de manter os trabalhos desenvolvidos com crianças e adolescentes, o Emaús possui um instrumento de arrecadação de fundos – a Grande Coleta. Nessa ação, são arrecadados objetos que serão doados aos jovens atendidos ou, caso não tenham utilidade para eles, vendidos em uma espécie de feira. Entre os itens, podem ser doados roupas de cama, mesa e banho, roupas, móveis, louças, materiais de higiene pessoal, eletrodomésticos, eletrônicos e brinquedos. Não serão recebidas fitas VHS, pilhas, baterias, sofás sem condições de uso, vidros, ou qualquer material poluente.

Essa arrecadação será feita no dia 29 deste mês, no domingo, em diversos bairros de Belém: Coqueiro, Tapanã, Icoaraci, Marambaia, Val-de-Cães e Pedreira. Vários caminhões passarão por rotas específicas nesses bairros, coletando os materiais nas residências das pessoas que quiserem contribuir. No entanto, a organização ainda não conseguiu o número necessário de caminhões para as coletas, e depende de empresas com atuação no Pará, que podem emprestar os veículos durante esse dia. Em troca, receberão um certificado de contribuição com responsabilidade social que será emitido pela república.

Segundo o coordenador de sustentabilidade do Emaús, José Maria Amorim, serão mil voluntários ajudando na ação do próximo domingo, e outros grupos já fizeram doações de outros materiais importantes para a data. Os objetos arrecadados pela equipe passarão por uma triagem, serão higienizados e colocados à venda, por valores acessíveis, posteriormente, com previsão de ser em meados de outubro. Tudo que for arrecadado será revertido em ações do projeto.

“A importância do evento é que ele está baseado no contexto da cidade em que nós atuamos. Há 59 anos, o Emaús trabalha com políticas públicas, na defesa e promoção de direitos e no controle social, referente à infância e à juventude. Na Grande Coleta, nossa intenção é passar a mensagem que essa situação é responsabilidade de todos. A Constituição prevê que a criança e o adolescente são responsabilidade da família, do Estado, das organizações e da sociedade como um todo. O Emaús já faz sua parte, queremos que a população também contribua agora. É um gesto bonito e concreto, não uma ajuda à instituição”, comentou.

Mailde Santos, que compõe a coordenação colegiada da Grande Coleta, destacou que, sem os caminhões, não é possível realizar a coleta na mesma escala, mesmo com os voluntários. “Temos muito cuidado e zelo com os caminhões emprestados. Eles só vão fazer o percurso pelos bairros e depois deixar os materiais na sede do Emaús, que fica no Bengui. Nosso objetivo é armazenar o máximo de objetos no galpão e trabalhar em cima disso, melhorando os itens e limpando. Como não temos caminhões todo o tempo, nossa estratégia é fazer essas buscas”, comentou.

Ela ainda disse que o evento já ocorre há 46 anos e é muito importante para as comunidades, já que todo valor arrecadado é destinado à manutenção de atividades da própria república, que tem como objetivo colocar em prática a solidariedade e transformar o mundo em um lugar melhor para as crianças e, consequentemente, para as outras pessoas. A Grande Coleta faz parte de uma das diretrizes do grupo, que é desenvolver junto à sociedade ações que visem a sensibilização e mobilização para a causa da criança e do adolescente.

Entre as ações, existem os cursos de percussão, teatro e futebol, além de atividades de defesa de direitos, profissionalização, jovens aprendizes, convênios com instituições, informática, manutenção e outras áreas. No total, são 600 crianças atendidas nos projetos, sendo 300 no turno da manhã e 300 à tarde, e 102 adolescentes. A carga horária dos cursos é voltada para a formação da cidadania e para a parte administrativa, e o objetivo é conscientizar os jovens sobre seus direitos básicos, aliando a outras distrações.

“Às vezes, eles ficam o dia todo estudando. São jovens mais conscientes de seus direitos, e focam muito na formação profissional, sabem da importância de estudar e da família. Geralmente, são vulneráveis em situação de risco, e o movimento os fortalece, os faz entenderem seu papel na sociedade e a importância da educação”, comentou Santos.

O Movimento República de Emaús atua por meio de diversos projetos. Um deles combate as ameaças de morte, quando os adolescentes se envolvem em situações graves de conflito e são alvos de violências. Para garantir a integridade física dessas pessoas, existe o Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte (PPCAAM), em que os jovens passam por atenção multidisciplinar – menores de 18 anos recebem atenção especial. Também há o combate à exploração sexual, que está vinculada à pobreza, às relações de gênero, à violência doméstica, baixa escolaridade e baixa autoestima. Esse problema é tratado por meio dos programas Jepiara e Arte de Viver.

No caso de pessoas em situação de rua, uma das piores formas de violação de direitos, segundo o movimento, o projeto de acolhimento é o República do Pequeno Vendedor, nos polos dos bairros Jurunas e Bengui, que também trata do trabalho infantil. O grupo ainda presta assistência biopsicossocial e jurídica às crianças e adolescentes vítimas de violência, visando a defesa e garantia de seus direitos e interesses em todos os níveis, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Assim como em todos os anos, o Emaús segue, em 2019, uma temática: “Rumo aos 50 anos – Nenhum Direito a Menos”. Em carta escrita pela equipe do projeto, constam alguns desafios para as próximas cinco décadas. Um deles é construir a transformação da realidade vivida por crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Ainda é uma realidade tão dura e egoísta. Queremos construir a transformação com as corajosas armas do amor fraterno e da solidariedade no dia-a-dia, renovando este chão tão marcado pelo vermelho-sangue do extermínio da nossa juventude amazônica, em suas várias formas violentas que são, de fato, muito mais do que o disparar de um gatilho”, dizia o documento.

A organização do movimento acredita que, com as ações desenvolvidas junto a esses jovens, é possível levar uma proposta corajosa e urgente de reciclar. “Precisamos doar o que já não mais edifica, mas apenas ocupa espaço desnecessários em nossas casas, ruas e comunidades, assim como em nossas vidas e relações. Sigamos, juntos, rumo aos 50 anos de construção cotidiana de uma solidariedade que transforma”, concluía a carta da equipe.

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