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Governo anuncia corte de imposto em produtos, mas consumidor pode não ver queda de preço

Não há garantias de que o corte resultará em descontos ao consumidor final

Elisa Vaz

Representantes de setores econômicos do Pará não acreditam que o corte do imposto de importação anunciado pelo Ministério da Economia terá grande impacto no preço final ofertado ao consumidor. O objetivo do governo federal é justamente baratear a compra de produtos fabricados no exterior, em meio à escalada da inflação.

Entre os 11 produtos que devem ficar mais baratos estão as carnes desossadas de bovinos congeladas (de 10,8% para 0), pedaços de frango (de 9% para 0), farinha de trigo (de 10,8% para 0), trigo (de 9% para 0), bolachas e biscoitos (de 16,2% para 0), outros produtos de padaria e pastelaria (de 16,2% para 0), produtos do aço, vergalhão CA 50 (de 10,8% para 4%), ácido sulfúrico (de 3,6% para 0), mancozeb técnico (fungicida) (de 12,6% para 4%) e milho em grãos (de 7,2% para 0).

Alimentos podem não ficar mais baratos

O presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Estado do Pará (Sindicarne), Daniel Freire, afirma que o preço da carne subiu ao longo dos anos devido ao ciclo pecuário. No último ano, por exemplo, a arroba do boi na indústria ficou em torno de 7% a 10% mais caro, dependendo da região do Estado, e o custo industrial também aumentou devido aos repasses de custo de infração, incluindo combustíveis, energia, insumos e principalmente embalagens, segundo ele.

“Carne bovina e frango são proteínas que o Brasil produz muito e não consegue consumir, apenas 250 mil de um milhão de toneladas, então a produção líquida de carne do país tem que ser exportada porque há um excesso de produção de carnes. O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo. Sobre o preço, observa-se que, apesar de ter subido, ainda é uma das carnes mais baratas do mundo. Então isso vai ter pouca efetividade no preço da proteína localmente”, avalia Daniel. Mesmo assim, o presidente do Sindicarne acredita que esta seja uma medida importante para tentar conter a inflação.

O trigo é outro alimento que tem sofrido reajustes de preços e pode não ficar mais barato com o corte do imposto. É o que diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Pará (Sindipan), André Carvalho. De acordo com ele, o trigo é o principal insumo do setor e, só nos últimos dois meses, sofreu aumento de 45%. “Nosso principal fornecedor é a Argentina e, com a guerra, a Ucrânia, que é uma grande exportadora de trigo, está impossibilitada de escoar a sua produção, e os outros países estão vindo comprar trigo na Argentina. Isso gerou um aumento na procura e, consequentemente, preço”, explica.

Por conta disso, André acredita que o corte do imposto de importação é de “suma importância” para amenizar os impactos causados por essas altas de preço. Mas, embora o setor produtivo receba com grande otimismo essas medidas adotadas, o presidente do Sindipan diz que é preciso ter cautela para saber até que ponto essa redução vai chegar, de fato, ao setor produtivo. Mesmo se os preços caírem, não deve ser na mesma proporção da redução, opina.

Construção

Outro setor que integra a lista dos que receberão corte do imposto é a construção civil. No caso dos vergalhões de aço, o aumento vem sendo notado há algum tempo e, desde o início da pandemia, há uma alta acumulada de mais de 100%, ou seja, o preço mais que dobrou em dois anos. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon), Alex Carvalho, diz que os fatores aos quais é atribuído esse aumento não são convincentes – portanto, tratam-se de altas excessivas para o período.

Como agravante, outros materiais também importantes na composição do custo de uma obra de engenharia vêm sofrendo reajustes em proporções semelhantes, tais como cimento, cabos elétricos, tubos e conexões de PVC. Por conta deste cenário, o Sindicato apoia a medida que reduz o imposto de importação do aço, pois, assim, além de ampliar a oferta dos produtos, propiciará maior competitividade entre fornecedores.

"Apoiamos toda e qualquer medida neste sentido por acreditar que sempre acarretará em benefícios tanto para a indústria nacional, com melhoria de produtividade, como principalmente ao consumidor final, através da interrupção da escalada e até mesmo a redução de preços. O setor da construção comemora a medida em nome das empresas que estão ‘suando sangue’ para cumprir contratos, das famílias que estão em dificuldade de honrar seus financiamentos imobiliários e, por fim, mas não menos importante, em nome das dezenas de milhares de empregos que estão deixando de ser gerados por reflexo da alta de preços dos materiais de construção”, avalia Alex.

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Economia
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