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EUA não mencionam apoio ao ingresso do Brasil à OCDE em carta a organismo

Mesmo com promessa do governo norte-americano feito por Donald Trump, não houve apoio oficial à investida

Reuters

Os Estados Unidos não mencionaram apoio ao ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em carta enviada ao organismo no fim de agosto em que manifestaram respaldo às candidaturas da Argentina e da Romênia, informaram duas fontes com conhecimento do assunto.

Não houve sinalização de apoio mesmo após o governo de Donald Trump ter anunciado, em maio, apoio oficial à investida, após promessa nesse sentido já feita pelo presidente norte-americano por ocasião de visita de Jair Bolsonaro aos EUA.

A informação foi publicada mais cedo pela agência Bloomberg.

Segundo uma das fontes, contudo, a carta não rejeita o endosso ao pedido brasileiro e se insere em um xadrez político maior, que inclui a oposição dos EUA à gestão de Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.

Após a existência da carta ser noticiada, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília publicou nota intitulada "EUA mantêm apoio à OCDE" em que afirma que o país mantém os termos da declaração conjunta de Trump e Jair Bolsonaro, de 19 de março, que "afirmou claramente o apoio ao Brasil para iniciar o processo para se tornar um membro pleno da OCDE".

"Apoiamos a expansão da OCDE a um ritmo controlado que leve em conta a necessidade de pressionar as reformas de governança e o planejamento de sucessão. Continuaremos a trabalhar com outros membros da OCDE para encontrar um caminho para a expansão da instituição", afirmou a nota, acrescentando que todos os 36 membros da organização precisam concordar com o calendário e ordem dos convites para iniciar processo de adesão.

Procurado, o Ministério da Economia disse que não comentaria o assunto.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que se reuniu nesta quinta-feira com o secretário-geral adjunto da OCDE, Ludger Schuknecht, em São Paulo, "na continuidade das nossas tratativas para que o Brasil possa caminhar em direção à ascensão da OCDE".

O governo dos Estados Unidos não compartilha a visão de Gurría para as regras da organização, pela avaliação de que os rumos pretendidos preconizam uma influência excessiva da Europa sobre a OCDE, sendo que norte-americanos e europeus já divergem em relação a uma série de padrões, ligados por exemplo à tecnologia, regulação e meio-ambiente.

De acordo com uma das fontes, enquanto os EUA miram a sucessão de Gurría --que deverá ocorrer em 2020--, a perspectiva é que não irão se manifestar formalmente sobre qualquer mudança mais no desenho para adesão de novos membros.

"A rusga dos dois principais polos de poder (na OCDE) --polo americano e polo europeu-- provavelmente só vai se resolver com a própria sucessão do Gurría no ano que vem", disse a fonte.

Argentina e Romênia requerem participação no que é considerado o clube dos países ricos, assim como Brasil e Bulgária. Com o ingresso de mais dois países europeus no grupo, norte-americanos avaliam que uma OCDE mais "europeizada" poderia ser uma barreira aos seus interesses.

O timing da carta, de acordo com a primeira fonte, também tem referência ao resultado das eleições primárias na Argentina.

No início de agosto, o mercado argentino sofreu forte abalo na esteira da esmagadora vitória do candidato de oposição Alberto Fernández nas eleições primárias, afetando severamente as chances de reeleição do presidente Mauricio Macri.

Fernández tem a ex-presidente Cristina Kirchner como sua companheira de chapa, enquanto Macri é defensor do livre mercado e é visto como aliado dos EUA.

Na carta, os americanos teriam favorecido o critério de cronologia, dando apoio aos argentinos, que começaram o processo de adesão primeiro e que já tinham respaldo de Trump há mais tempo. O momento de envio também teria sido uma forma de sinalizar apoio ao governo Macri, segundo a fonte. As eleições na Argentina ocorrem no fim deste mês.

A solicitação formal do Brasil para se juntar à OCDE foi feita em maio de 2017, representando um esforço para fortalecer os laços com as nações desenvolvidas do Ocidente, depois que governos anteriores priorizaram as relações com países em desenvolvimento.

A OCDE aconselha seus membros, na sua maioria países ricos, e é considerada uma influenciadora-chave na arquitetura econômica mundial. Dentre os emergentes que fazem parte do grupo, estão países como Turquia, México e Chile.

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