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Custo de financiamento imobiliário aumenta para pessoas mais velhas

Paraenses mais idosos até desistem de procurar crédito por valores serem 'proibitivos'

Abílio Dantas / O Liberal
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A maioria das pessoas idosas, no Pará, já não procuram meios de financiar imóveis em razão do alto custo das operações, bem maior que o ofertado para o público mais jovem, afirma a Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Pará. Uma simulação, feita por uma empresa que atua como correspondente bancário, revelou que a mensalidade de financiamento no país pode ser até 24,8% mais cara, dependendo da idade de quem financia.

O presidente da Federação, Emídio Rebelo Filho, que representa os aposentados e pensionistas paraenses, classifica a diferença de valores, quando se trata de financiamento imobiliário por uma pessoa idosa, como uma “proibição”. “Embora não tenha nada na lei brasileira que, de fato, proíba que uma pessoa idosa faça financiamento, os empecilhos colocados funcionam como uma proibição. No Brasil, 70% dos aposentados ganham apenas um salário mínimo (R$ 1.100), e os outros 30% são de pessoas que possuem uma condição de vida melhor e puderam adquirir a casa própria quando mais jovens, até os 50 anos. Logo, o que podemos entender é que os mais idosos no Brasil estão proibidos pelo mercado de financiar um imóvel”, analisa.

Segundo a empresa Felí, que atua como correspondente bancário digital, nos financiamentos imobiliários é obrigatória a contratação do seguro de Morte e Invalidez Permanente (MIP), que dá segurança para o credor de que a dívida assumida pelo contratante vai ser devidamente quitada em caso de acidente ou morte do mutuário. Caso aconteça algum imprevisto, o valor remanescente da dívida será liquidado por meio do seguro habitacional. Neste sentido, o prazo de duração do contrato do seguro habitacional acompanha o do financiamento.

A empresa afirma ainda que um comprador mais velho arca com prestações mais altas, seja por causa do seguro obrigatório mais elevado, seja pelo prazo mais curto para pagar o financiamento.

A simulação da Felí comparou dois pedidos de financiamento, sendo o primeiro de uma pessoa de 35 anos e o segundo de um idoso de 65 anos. Nos dois casos, os valores do crédito e do imóvel, a taxa de juros e o prazo de pagamento foram os mesmos. Mas o chamado Custo Efetivo Total (CET), que corresponde a todas as obrigações contidas na prestação mensal, não somente os juros, mas também os encargos, os seguros, acabou sendo mais alto. Enquanto o CET da pessoa mais idosa ficou em 13,82% ao ano, o da mais jovem ficou em 9,17% ao ano.

Consórcio como alternativa

O corretor de imóveis e presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro do Pará (Sincor-PA), João Braga, relata que viveu recentemente uma situação com um cliente de 64 anos que exemplifica o contexto atual. “O meu cliente possuía renda e estava interessado em fazer o financiamento para pagar em até 15 anos, mas o vendedor disse que só poderia ser feito para o prazo de até cinco anos. Foi então que ele resolveu fazer um consórcio, ao invés do financiamento”, afirma.

De acordo com João Braga, o consórcio pode ser uma alternativa para o idoso que pretende adquirir um imóvel por um preço “mais em conta”. No financiamento o contratante retira o bem imediatamente. No entanto, a cobrança de juros acaba elevando o valor do bem para, no mínimo, o dobro do valor inicial. Os juros, somados a outros encargos, resultam no Custo Efetivo Total (CET) que é sempre maior que o custo total de um consórcio (incluindo taxa administrativa, seguro e fundo de reserva). “O consórcio é uma boa escolha para quem quer construir um patrimônio sólido e na aposentadoria, mas é preciso participar de lances e sorteios mensais para receber o valor total da carta de crédito à vista e então adquirir o bem, tendo ainda a possibilidade de negociar bons descontos já que comprará o bem à vista”, explica o presidente do Sincor.

 A maioria dos consórcios, também segundo João Braga, tem como principal objetivo oferecer a aquisição de bens de maior valor como imóveis (novos, usados, terrenos, reforma ou construção) ou veículos (carros, motos, máquinas agrícolas, moto aquática, ônibus, caminhões, entre outros). Também já existem consórcios para eletrodomésticos, móveis e serviços como cirurgia plástica, por exemplo.

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