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Coronavírus provoca a maior queda da história na confiança do empresário do comércio de Belém

Índice atingiu o menor nível da série histórica, chegando à zona de avaliação negativa (abaixo de 100 pontos) – o que não acontecia em Belém desde fevereiro de 2017

Thiago Vilarins (Da Sucursal Brasília)
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Influenciado pelos impactos econômicos do novo coronavírus (Covid-19), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou em maio na capital paraense sua maior queda mensal desde o início da realização da pesquisa, em março de 2011. O indicador despencou 34,4%, em sua segunda retração consecutiva, e, com 73,9 pontos, atingiu o menor nível da série histórica, chegando à zona de avaliação negativa (abaixo de 100 pontos) – o que não acontecia em Belém desde fevereiro de 2017 (95,9).

Em março último, por exemplo, o Icec foi de 112,6 pontos, uma redução de 16,1% em relação ao resultado do mês anterior (134,3). Ainda para efeito de comparação, no mesmo período do ano passado, a redução foi de 42,6% - era 128,8 pontos. Os números mostram que o pessimismo dos comerciantes de Belém é bem maior que o do restante do País, que também anotou queda recorde. O Icec caiu 20,9%, em maio - terceira queda mensal consecutiva - alcançando 94,5 pontos, o patamar mais baixo desde setembro de 2016. Em relação a maio de 2019, o decréscimo foi de 22,8%.

Com apenas 50,9 pontos, o indicador que mede a satisfação dos empresários com as condições atuais apresentou retração mensal de 49,9%. Em todo o País, por exemplo, esse índice caiu 26,5% e alcançou média bem superior a de Belém: 75 pontos. De acordo com a pesquisa, os comerciantes belenenses estão extremamente pessimistas com a economia. O item que mede este sentimento recuou na capital paraense 56,5% com relação a abril, registrando a maior redução na comparação com o mês anterior e atingindo 40,5 pontos – o menor patamar da história. Além disso, para 80% dos entrevistados em Belém, a situação econômica atual está pior do que há um ano. É a maior proporção de avaliação negativa desde julho de 2016 (92,6%).

Nacionalmente, esse item que mede a percepção com as condições atuais da economia chegou a 62,5 pontos (-32,8% em relação a abril) e 67,2% avaliam que a situação econômica piorou em um ano. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça que, assim como aconteceu com os consumidores na última Intenção de Consumo das Famílias (ICF), a percepção ainda mais pessimista dos comerciantes quanto ao nível atual de atividade econômica está diretamente relacionada ao alastramento da crise provocada pela pandemia de covid-19. "Entre as iniciativas para combater o vírus, o isolamento social segue motivando a paralisação de empresas, fazendo com que a grande maioria tenha drásticas reduções em seus faturamentos, com riscos reais de encerrar suas atividades em definitivo", ressalta Tadros.

De acordo com ele, mesmo com a injeção de liquidez, em diferentes ações, pelo Banco Central, o crédito está "empoçado" no sistema financeiro. "Os bancos ampliaram as provisões referentes à inadimplência, e, com isso, as empresas têm encontrado dificuldades para acessar os recursos. Sem crédito e nenhum tipo de auxílio emergencial, o cenário para os próximos meses é dramático para parte expressiva das empresas do comércio, um dos mais afetados entre os grandes setores da economia", afirma o presidente da CNC.

Expectativas e investimento

O indicador que mede as expectativas dos empresários do comércio de Belém caiu, pela primeira vez, para a zona de avaliação negativa, com 97,4 pontos, com fortes retrações mensal e anual, de 29,5% e 63,3%, respectivamente. Novamente, o pessimismo em Belém chega a ser superior do dado nacional, que retraiu 20,9% no mês e 26,3% no ano e, ainda assim, se manteve na margem de avaliação positiva, com 120,5 pontos.

Especificamente sobre a economia, a proporção de comerciantes belenenses que esperam uma piora nos próximos meses mais que dobrou, chegando ao maior percentual desde o início da série histórica da CNC: 53,9%. Com relação ao setor do comércio, as reduções foram de 49,2% (mensal) e 54,1% (anual). Com 50,1 pontos, o item atingiu em 2020 o menor nível desde agosto de 2016 (49,6). Cerca de 47% dos empresários da capital paraense acreditam que o comércio vai piorar no curto prazo, contra 22,8% em abril e 3,6% em março.

O índice que avalia as intenções de investimento também registrou variações negativas em Belém: -25,3% (mensal) e -32,1% (anual). Com 73,3 pontos, o item chegou ao menor patamar desde julho de 2016 (71,1). No País, a média neste índice foi de 88 pontos, com respectivas quedas de -15,1% e -14,7%. A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, aponta a queda na intenção de contratar como um dos principais pontos de atenção. A disposição do empresário para empregar alcançou o pior resultado nacional desde junho de 2016, com 89,8 pontos. Em Belém, é o pior da série histórica, com 64,1 pontos. Do total de comerciantes entrevistados, 56,8% no País e 75,2% em Belém afirmaram que têm intenção de reduzir o quadro de funcionários", analisa.

Izis chama a atenção ainda para o aumento do percentual de empresários dispostos a reduzir os investimentos. Em Belém, chegou a 68% em maio, ante 51,5% em abril, e 44%, em março. Nacionalmente, as porções nos últimos três meses foram de 58,8%; 49,2%; e 46,8%. "Com as condições correntes bastante negativas e expectativas em deterioração, além das dificuldades de acesso ao crédito, cada vez mais comerciantes estão retraindo planos de investimento nas empresas", conclui a economista.

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Economia
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