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Consumo de orgânicos cresce 63% e é opção mais saudável

Busca por produtos que reforçam a saúde está entre principais motivações. Porém, preço maior ainda é obstáculo, aponta pesquisa sobre o setor.

O Liberal
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O aumento do espaço entre os corredores nos supermercados, feiras em locais fixos ou itinerantes por bairros ou condomínios e o crescimento de lojas especializadas por Belém confirma na capital paraense uma tendência nacional. A busca por produtos orgânicos tem sido cada vez maior, assim como o número de consumidores desse tipo de item, reconhecido por não utilizar agrotóxicos durante a produção. O aumento de consumidores que afirmam ter comprado produtos orgânicos foi de 63% em 2021 na comparação com 2019.

O forte aumento ocorreu justamente durante o período de pandemia mundial da Covid-19, quando a preocupação com a saúde passou a ser protagonista. O dado consta da pesquisa “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil”, realizada com consumidores de todas as regiões do país. De acordo a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) esse foi o fator principal para o aumento. O estudo confirma que entre os principais motivos para consumir produtor orgânicos, 47% dos entrevistados afirmam que é para "melhorar a saúde" e 26% apontam que considera "mais saudável", enquanto apenas 13% indicam a característica do produto não conter agrotóxico.

Traçando um perfil do consumidor de orgânicos, a pesquisa mostra ainda que o consumo não só é maior, como mais frequente. O consumo acima de cinco vezes por semana saltou de 27% em 2019 para 35% em 2021. Em relação ao local de compra, aparecem praticamente empatados os supermercados (48%) e as feiras (47%). Lojas especializadas em produtos orgânicos aparecem com 11%. Ainda que menor, o percentual já é 175% maior que o observado na pesquisa de 2019, quando apenas 4% escolhiam esse tipo de loja para as compras.

Segundo Cobi Cruz, diretor executivo da Organis, “a busca por uma alimentação que ajude a manter e a melhorar a saúde vem crescendo na consciência do consumidor. Os orgânicos são lembrados quase como sinônimos de alimentos saudáveis. Depende de nós costurar essas duas pontas, ficando cada vez mais próximos e acessíveis ao público. Trata-se de um nicho muito competitivo, que precisa ser constantemente trabalhado, em bases profissionais. ” 

A pesquisa, no entanto, aponta que o preço dos produtos ainda é um obstáculo para maior expansão desse mercado. Para 67% dos consumidores que já são acostumados a comprar produtos orgânicos, o valor alto dos produtos impede que se compre em maior quantidade e frequência. Já a dificuldade de encontrar é cada vez menor. Se em 2017 esse item era um problema para 32% dos consumidores, em 2019 caiu para 27% e em 2021 uma nova queda, para 21%.

Na avaliação entre produtos orgânicos e não orgânicos, 79% consideram de fato ser mais caro. No entanto, para 71% dos consumidores, esse valor maior é justificado pela qualidade e processo de produção.

Potencial

De acordo com estudo liderado por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a produção de orgânicos tem ainda um grande espaço a ser ampliado. Segundo os dados, o país cerca de 350 milhões de hectares aptos para a agricultura, mas somente 0,5% (equivalente a aproximadamente 1,2 milhões de hectares) é dedicado ao cultivo de produtos orgânicos.

A Organis aponta que o faturamento do setor de orgânicos no mundo já passa de 100 bilhões de dólares por ano, tendo Estados Unidos como líder, com quase a metade do mercado mundial.

No Brasil, o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, do Ministério da Agricultura, aponta que o país tem hoje 25,4 mil agricultores que cultivam frutas, legumes e verduras sem agrotóxicos. O faturamento do setor ficou, em 2019, na faixa dos R$ 4,5 bilhões.

Belém

A Feira dos Orgânicos da Praça Brasil, no bairro do Umarizal, ocorre aos sábados e quartas-feiras, reunindo produtores de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara, São Francisco e outros municípios. Entre os produtos comercializados estão frutas e legumes de diversos gêneros, mel, hortaliças folhosas, cosméticos, óleos naturais, condimentos e temperos, adubos e plantas ornamentais.

A produtora Socorro Sousa Pereira, que trabalha na praça desde 2007, mora em São Francisco, onde também cultiva os alimentos que vende. Cheiro-verde, alface, couve, berinjela, ovo caipira e galinha caipira, abóbora, salsa e cebolinha são alguns dos itens comercializados por Socorro durante o ano. “Apesar da queda que tivemos nas vendas nos períodos de maior isolamento, por conta da pandemia, o que a gente nota é que as pessoas estão mais interessadas em conhecer e comprar nossos alimentos orgânicos, mesmo que alguns ainda reclamem dos preços”, afirma a agricultora.

Abnael Miranda, morador de Marituba, depois de trabalhar com verduras, optou por vender plantas medicinais em vasos na Praça Brasil. A planta Ora-pro-nóbis, rica em cálcio, ferro e fósforo e utilizada para o fortalecimento de ossos e dentes, é uma das “atrações” do vendedor. “O povo brasileiro quer consumir mais orgânicos porque sabe que a qualidade é maior, que é mais saudável. A grande questão é que é preciso mais conhecimento para os produtores, é necessário apoio, como já tivemos de grandes especialistas da Embrapa e da Ufra. Diferente do que muita gente pensa, para ser orgânico não basta não colocar agrotóxico, é preciso ter conhecimento do local da produção e conhecer as técnicas de plantio”, ressalta.

Moradora do bairro do Umarizal e frequentadora assídua da Praça Brasil, a professora universitária Ângela Menezes destaca que um dos motivos para que seja uma consumidora da Feira de Orgânicos, além dos benefícios para a saúde, é o intuito de contribuir para a economia local. “Você não só compra alimentos frescos, sem agrotóxicos, como apoia o trabalho dos pequenos produtores da nossa região. Além de usufruir da praça, poder encontrar amigos e movimentar a área, tornado a Praça Brasil um local mais seguro do que foi no passado. Eu costumo comprar, principalmente, alface, couve, chicória e pupunha”, relata.

A jornalista Tayse Assis, apresentadora do Bom Dia Pará, da TV Liberal, e do podcast “Entre Nós”, que trata de nutrição, alimentação, atividade física e espiritualidade, relata que mudar a alimentação para consumo de produtos orgânicos foi o caminho que encontrou para superar problemas de saúde surgidos em 2019. “Eu encontrei uma nutricionista especialista em fígado e reformulei toda a minha alimentação. Mas os orgânicos não são importantes só para mim, para quem apresenta algum problema, mas para todas as pessoas. Com o consumo de orgânicos, a saúde e o paladar mudam completamente”, declara.

Para entender

Produto orgânico é aquele, segundo o Ministério da Agricultura, “oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local”. Ou seja, que durante o cultivo desses alimentos, não é feita a aplicação de estimulantes artificiais, como agrotóxicos. 

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