Compra de material escolar anima lojistas, mas preocupa os pais

Setor sofreu por conta da suspensão das aulas presenciais e espera boas vendas já em dezembro. Os preços, porém, preocupam os consumidores

Eduardo Laviano / O Liberal
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A compra da lista de materiais escolares para o retorno das aulas presenciais em 2022 já anima o setor de papelarias e livrarias, que viveu um ano duro do ponto de vista econômico por conta dos impactos da pandemia de covid-19 no comércio e nas escolas. Nas próximas semanas, a expectativa é que os pais das crianças que estavam estudando em casa iniciem a movimentação em busca de materiais escolares e a vida e as vendas, aos poucos, voltem ao normal. 

Silvana Calado é responsável pelo setor de compras de uma rede de papelarias de Belém e afirma que a queda nas vendas este ano foi de aproximadamente 70%, um baque tanto para o setor.

"O movimento ainda está discreto. Vira e mexe tem pais fazendo compra de listas. A expectativa é grande por conta das voltas presenciais nas escolas, mesmo a gente não sabendo o que vai acontecer, por conta da nova variante que apareceu. A gente se preparou para esse momento, o que não é fácil economicamente, no sentido de ter materiais, com os fornecedores. Foi um baque muito grande. A gente sente. O que era para vender no início do ano, não vendeu", lamenta ela.

Incertezas

Mesmo com o clima de incerteza que paira no ar com o avanço da variante ômicron do coronavírus, Calado sente que a loja está preparada para responder às demandas dos consumidores. Ela ressalta, porém, que assim como todos os outros produtos da vida do brasileiro, a inflação também afetou os preços dos itens que os alunos precisam levar para estudar.

"Tudo o que envolve plástico e papelão esse ano foi mais complicado por conta dos preços de quem fornece a matéria-prima. Os objetos envolvendo esses materiais reajustaram muito, com aumentos entre 10% e 20%. Para driblar isso somos uma loja que sempre tem promoções, sempre fazendo ofertas com preços competitivos para o cliente. Está tudo tão difícil, então a gente batalha para chegar em preços justos e fazer o melhor para todo mundo", afirma Calado. 

Luísa Marques também está otimista. Ela gere uma pequena papelaria no comércio de Belém e comenta que tem tentado divulgar as ofertas pela internet para atrair clientes.

"Eu já tava assim nessa de movimentar as redes desde antes, mas agora estou mais. Não dá para esperar o cliente ter interesse em procurar, ainda mais com os preços altos, que a gente acaba repassando, né? A gente vai postando para eles irem lembrando da gente. Ainda está meio cedo mas acho que antes do Natal já deve aumentar [a procura]", projeta.

O clima é de entusiasmo para uns, mas de preocupação para outros. Quem tem filho, sempre precisa calcular e planejar os gastos antes de janeiro para conseguir comprar tudo.

Mais gastos

A relações públicas Ana Paula Sampaio é mãe de três e define a lista escolar com uma palavra: "pesadelo”. “Chega fim de ano e é sempre desesperador. Elas estão cada vez maiores e mais caras. Em alguns pedidos, a gente questiona se o aluno usa tudo. Os preços são ajustados numa velocidade vertiginosa, que não acompanha o nosso salário", afirma. 

Sampaio costuma resolver todas as compras em dezembro para evitar o corre-corre nas papelarias em janeiro, mas não faz pesquisas em campo pelas lojas de Belém, já que a tecnologia tem sido aliada fiel na hora de comparar os preços. 

"Converso com muitas mães, temos grupos no WhatsApp e as mães vão dando dicas, falando onde os preços estão melhores. Já comprei muito por impulso quando eu tinha um só filho e não ligava muito para isso. Quando começou a apertar, no caso, quando a turma começou a aumentar, aí tive sim essa preocupação", lembra.

Entre borrachas e apontadores, Ana lembra ainda do material didático, com o qual ela gastou R$ 1.550 por filho no ano passado, entre livros e apostilas. "Mas por favor não soma tudo para eu não lembrar o total e chorar", brinca a mãe de três.

A dica dela para economizar é não comprar tudo o que tem na lista. Se a escola pede três resmas de papel para cada filho, Ana prefere comprar só uma. "São 500 folhas numa resma. O ano tem 365 dias. Então nem dá para o aluno usar uma folha por dia. No ano passado paguei em cada material. É papel acartonado, botão, cola de todas as qualidades. A última dica: não tenha filhos, para que não precise ter listas escolares astronômicas", ela brinca. 

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