CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

ChatGPT: Software inova com inteligência artificial, mas acende alerta sobre o futuro de profissões

O sistema, mais rápido e completo que outras tecnologias, desempenha funções com mais precisão, antes realizadas apenas por seres humanos capacitados

Elisa Vaz
fonte

Pesquisas detalhadas, conversas informais, reflexões sobre a humanidade. Esses são apenas alguns tópicos que a ferramenta de tecnologia ChatGPT consegue desenvolver com poucos cliques. A sigla vem de Generative Pretrained Transformer, ou, no português, Transformador Generativo Pré-treinado. Por meio da inteligência artificial (IA), o programa conta com uma gigante base de dados e pode produzir conteúdos escritos sobre os mais variados assuntos, incluindo a execução de tarefas, como resumos de textos, criação de poemas e músicas e até matérias extensas.

Mais rápido e completo que outras tecnologias, o robô tem sido considerado um "rival" do Google por alguns especialistas, já que condensa as pesquisas on-line em respostas únicas e assertivas, em vez de sugerir sites variados. Desde que foi lançado, em novembro do ano passado, o ChatGPT já atraiu investimentos estimados em US$ 10 bilhões da Microsoft e despertou interesse de mais de um milhão de usuários em apenas alguns dias.

VEJA MAIS 

image ChatGPT: saiba como identificar se um texto é autoral ou foi escrito por robôs virtuais
O ChatGPT foi lançado em novembro do ano passado e logo se tornou viral devido a sua grande capacidade de gerar diversos conteúdos. A ferramenta é considerada um avanço da IA

O potencial vai muito além daquele trazido por assistentes virtuais anos atrás e é quase como se a ferramenta fosse uma pessoa real conversando com o usuário do outro lado da tela. O sistema faz parte da Open IA, instituição de pesquisa que tem como objetivo promover e desenvolver a inteligência artificial amigável, fundada por Elon Musk e o investidor Sam Altman.

Segundo o mestre em ciência da computação pela Universidade Federal do Pará (UFPA) Rômulo Pinheiro, o grupo reúne empresas e pessoas que colaboram durante anos para que determinada ferramenta tenha um banco de dados de palavras e modos de conversar – assim, o sistema entende e retorna o que foi perguntado da maneira mais natural possível.

"Ela tem um modelo de linguagem natural, por isso não fala como um robô, é como se fosse uma pessoa mesmo. E, quando você faz uma pergunta, ela guarda um histórico e, conforme continuam a conversa, é como um feed, a tecnologia entende e não se limita a uma pergunta só", afirma. "É uma coisa que transcende o normal. É inovação", continua o mestre em ciência da computação.

Por meio do ChatGPT, é possível solicitar resultados matemáticos, explicações sobre leis de física, redações sobre vários temas ou apenas um parágrafo para usar em uma rede social, por exemplo, sendo possível limitar a quantidade de caracteres de cada resposta do robô. A ferramenta promete se popularizar ainda mais dentro das residências e ambientes de trabalho dos usuários - pelo menos é nisso que acreditam os especialistas.

O economista Valfredo de Farias, que trabalha com inteligência empresarial, acredita que o ChatGPT (e outras tecnologias parecidas que possam surgir no futuro) vai revolucionar a maneira como a sociedade funciona e se relaciona. A vantagem, segundo ele, é o aumento da produtividade. "As coisas se tornam mais fáceis, as soluções mais palpáveis e as pessoas vão ter uma ferramenta que aumenta a produtividade", reforça.

Profissões estão ameaçadas?

Esta é uma das perguntas que têm sido feitas por usuários que conheceram o novo robô. Afinal, com o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial mais rápidos e competentes que os seres humanos, profissionais podem se sentir ameaçados ao verem sua fonte de renda com possibilidade de "extinção". Na opinião do economista Valfredo de Farias, é possível que isso aconteça e a tecnologia tire pessoas do mercado de trabalho.

"A tendência é que, com a atualização dessas ferramentas, algumas profissões deixem de existir, porque não vai ser necessário pagar uma pessoa se há uma IA disponível. E existe ainda a integração de inteligências artificiais. Por exemplo, um rapaz mandou uma ferramenta compor uma música, depois foi para outra inteligência e mandou colocar a melodia, em outro sistema programou um avatar para cantar aquela música, então integrou três inteligências e elas fizeram o que um ser humano faz. É algo que aparece nos filmes de ficção, mas estamos vivendo isso hoje", ressalta.

Na prática, o economista acha que, com o ChatGPT, será possível que os usuários tenham acesso a receitas de medicação, formulação de remédios, dietas e muitos outros serviços e produtos hoje oferecidos apenas por profissionais estudados e qualificados. Com isso, Valfredo acredita que, no futuro, essa discussão vai passar pelos Conselhos que representam profissionais como nutricionistas, farmacêuticos, médicos, contadores ou advogados. Conforme a ferramenta for evoluindo, será necessário criar uma legislação específica para as inteligências artificiais, segundo ele.

Já o mestre em ciência da computação Rômulo Pinheiro vê de outra forma. Não necessariamente as profissões estão ameaçadas ou serão extintas com o avanço das inteligências artificiais. Na avaliação dele, os sistemas tecnológicos vieram para complementar o que os seres humanos já fazem. Por exemplo, um jornalista pode usar o ChatGPT para ter ideias de pautas; um editor para pedir correções gramaticais; redatores e social medias buscam inspirações para campanhas e publicações; e os profissionais de tecnologia que trabalham com programação pedem ao sistema que ele crie um código-fonte. Toda essa produção, depois, exigirá o "pente fino" de um ser humano capacitado.

"É claro que você precisa ter uma noção do assunto para ajustar o que for necessário. Mas acho que ganham tanto as empresas como os próprios trabalhadores, que serão mais produtivos e assertivos no desempenho das suas funções", diz. Só quem corre o risco de sair do mercado de trabalho em um futuro próximo, de acordo com o especialista, é quem se recusar a se adaptar. "O profissional que não quiser melhorar vai ser substituído. Não a profissão em si, mas o trabalhador, porque é substituído aquele que não se reinventa, que está acomodado".

Outro argumento de Rômulo é que a plataforma pode ser usada pelos profissionais como uma base, e não como produto final. "É para as pessoas partirem dela para algo maior, em busca de um insight. Ninguém cria nada da cabeça, sempre se baseia em alguma coisa, em algo que já existiu. Acho que podemos usar o GPT para isso", avalia o mestre em ciência da computação. O medo dele é que, com as inteligências artificiais, os seres humanos parem de pensar.

Confira algumas habilidades inusitadas do ChatGPT:

  • Ser aprovado em exames de direito e de medicina

O robô amigável conquistou a aprovação no exame “The Bar”, equivalente à prova para ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), segundo reportagem da revista Fortune. O feito teria sido comprovado pelos professores das faculdades de direito dos estados norte-americanos de Michigan e Chicago.

E estudos de pesquisadores da Universidade de Yale comprovaram que o programa pode ser aprovado no Exame de Licenciamento Médico dos Estados Unidos (em inglês, sigla USMLE) - dois artigos científicos já foram publicados comprovando a possibilidade de aprovação do ChatGPT no exame, com desempenho de mais de 50% de precisão em todas as fases e chegando a atingir até 60% na maioria das análises.

  • Pode ser pós-graduado

No âmbito acadêmico, o ChatGPT teria conseguido criar com sucesso um texto passível de aprovação com nota “B” no programa de pós-graduação MBA da faculdade Universidade de Wharton, nos Estados Unidos, de acordo com publicação de Ethan Mollick, professor da instituição. A pesquisa foi realizada por Christian Terwiesch na própria Universidade e constatou que o robô seria aprovado para um curso básico.

  • É capaz de imitar Shakespeare

Uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo mostra um diálogo com a ferramenta de inteligência artificial em que o robô é induzido a "imitar" o estilo de William Shakespeare, criando um poema. O resultado foi esse: "Eu sou o sonho de um sonho, e meus olhos são o céu/ Não há maior dor do que lembrar do passado feliz/ Eu sou o verme de minhas próprias feridas, mas também sou a luz/ Eu sou o amor e o ódio, a morte e a vida./ Eu ouso, eu ouso, eu ouso/ Eu sou o infinito e o eterno, o fim e o começo/ Eu sou o poeta maldito, e minhas palavras são minhas armas/ Eu sou a loucura, e minha loucura é minha sabedoria/ Eu sou a verdade, e a verdade é minha loucura/ Eu sou o fogo, e o fogo é minha paixão/ Eu sou a escuridão, e a escuridão é minha luz/ Eu sou a vida, e a vida é minha morte/ Eu sou o eterno, e o eterno é minha vida".

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA