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Café amargo: alta de 91% no preço pressiona negócios de vendedores em Belém

Produto lidera aumento no custo da cesta básica e encarece rotina de trabalhadores autônomos na capital paraense; vendedores relatam queda nas vendas, repasse a clientes e redução nos lucros.

Jéssica Nascimento
fonte

O café ficou 91,52% mais caro em Belém no intervalo de 12 meses, superando em mais de 17 vezes a inflação acumulada no mesmo período. É o que revelou uma pesquisa do Dieese/Pa (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgada neste mês de abril. O impacto direto do aumento já atinge vendedores de café da manhã na capital paraense, que enfrentam alta nos custos, perda de clientela e necessidade de reajustar preços para manter os negócios.

Café lidera inflação da cesta básica em Belém

Dados do Dieese/PA revelam que o café foi o produto com maior aumento entre os 12 itens da cesta básica em Belém no último ano. Em março de 2024, o quilo do café custava R$ 35,36. Doze meses depois, o preço médio saltou para R$ 67,72 — um avanço de 91,52%. O crescimento acumulado no ano de 2025 já soma 35,39%.

Só entre fevereiro e março deste ano, o produto encareceu mais 14,45%. Com isso, um pacote de 250g passou a custar, em média, R$ 16,93. O preço elevado do café também contribuiu para que o valor da cesta básica local chegasse a R$ 704,90, comprometendo mais da metade do salário mínimo de R$ 1.518,00.

Aumento afeta diretamente pequenos vendedores

Na Feira da 25, uma das mais tradicionais da capital, a vendedora Jaqueline Assunção afirma que o custo do café impacta fortemente o orçamento do seu ponto de venda.

“Há um ano, eu pagava R$ 7 pelo pacote de 250g de café. Hoje eu pago até R$ 20. Isso afetou o custo diário e mensal do negócio. A gente até teve que aumentar o preço da xícara. Antes era R$ 1, agora custa R$ 3”, relata.

Segundo Jaqueline, o café representa hoje 90% dos custos da sua operação. A tentativa de segurar os preços por um tempo foi frustrada pela sequência de aumentos. Com o repasse aos consumidores, houve retração nas vendas.

image Jaqueline Assunção. (Foto: Ivan Duarte)

Vendedores tentam segurar preço, mas enfrentam perdas

No quiosque da cozinheira Goreth Cruz, também na Avenida Rômulo Maiorana, o impacto foi sentido desde dezembro. “Há um ano eu pagava R$ 9 no pacote. Hoje tô pagando até R$ 21. Ainda não fiz um cálculo detalhado, mas afetou bastante o custo”, conta.

image Goreth Cruz. (Foto: Ivan Duarte)

Mesmo com a alta, Goreth preferiu manter a qualidade e não trocar de marca. O café preto custa R$ 4 e o com leite, R$ 5. “Não mudei o tamanho da xícara e não optei por café mais barato”, destaca.

Célio Oliveira, que também vende café em um quiosque na mesma avenida, diz que a situação afeta não só o custo, mas o fluxo de clientes. “Antes, eu atendia quase 100 clientes aos domingos. Hoje não chega a isso. O café era R$ 10 o pacote, agora tá R$ 20. Não repassei o aumento, mas o lucro caiu pela metade”, explica.

image Célio Oliveira. (Foto: Ivan Duarte)

Comparativo do preço do café (quilo) em 12 meses:

Março de 2024: R$ 35,36  |  Março de 2025: R$ 67,72

  • Aumento anual: 91,52%

Variação do preço do café no ano:

  1. Dezembro de 2024: R$ 50,02 

  2. Janeiro de 2025: R$ 54,57

  3. Fevereiro de 2025: R$ 59,17

  4. Março de 2025: R$ 67,72

  • Aumento no ano (dez a mar): 35,39%
  • Aumento de fevereiro a março: 14,45%

Fonte: Dieese/Pa

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