Fogos de baixo ruído começam a se popularizar no Pará

Fornecedores e profissionais de pirotecnia avaliam as mudanças no mercado a partir do decreto estadual que proíbe fogos com alto estampido

Gabriel da Mota

A queima de fogos de artifício e o barulho causado pelas explosões fazem parte há muito tempo das comemorações de final de ano. No Pará, essa tradição se estende para outras datas especiais, como Círios e festas juninas, além de comemoração em eventos esportivos e vestibular. Desde que a Lei Estadual nº 9.593/2022 foi instituída, proibindo a soltura de fogos com estampido no Pará, consumidores desses produtos estão se sensibilizando, gradativamente, com relação ao incômodo gerado pela poluição sonora a crianças, idosos, gestantes, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e acamadas, além de animais de estimação. O blaster pirotécnico Leonardo Cruz produz espetáculos com fogos de artifício no Pará, e conta como precisou adaptar seu negócio. 

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O empresário paraense é responsável por planejar a pirotecnia de shows nacionais e eventos realizados por prefeituras no estado do Pará. “O show pirotécnico teve que se adequar. Para que esse show não se apague, a gente teve que ir caminhando para que esse processo conseguisse perpetuar, porque a pirotecnia é uma cultura nacional. Hoje, nós temos um mercado que vive em função da pirotecnia também”, analisa o blaster pirotécnico. 

image Leonardo Cruz possui uma empresa que projeta shows pirotécnicos no Pará (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

O processo de convencimento dos clientes, que costumavam contratar espetáculos com fogos barulhentos, foi gradual. “A gente teve que ir mudando a pauta da conversa, né? Até os próprios fabricantes mudaram, tirando um pouco dos fogos com estampido e trabalhando mais com fogos de baixo ruído, para que a gente pudesse abrilhantar ainda mais o processo, e não deixar a cultura morrer”, conta Leonardo. Atualmente, 90% de seus clientes o procuram já cientes da nova regulamentação estadual que proíbe fogos com estampido.

image O sócio-administrador de uma loja de fogos de artifício, Bruno Fonseca, diz que as vendas devem aumentar entre 10 e 20% em relação ao ano passado (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

O sócio-administrador de uma loja que comercializa fogos indoor e outdoor localizada na BR-316, Bruno Fonseca, diz que as vendas de produtos de baixo ruído têm crescido consideravelmente. “A indústria tem criado cada vez mais produtos dessa linha, então o consumo aumentou bem”, relata o administrador. Apesar da proibição de soltura, o comércio dos fogos tradicionais continua sendo permitido, cerca de 20% mais em conta do que os de baixo ruído. Ainda assim, as vendas dos produtos mais silenciosos na loja de Bruno devem aumentar entre 10 e 20% neste final de ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. 

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O que faz ser menos barulhento?

Além de configurações técnicas que diminuem a intensidade da explosão final, alguns modelos de fogos de artifício comercializados atualmente possuem diâmetros de menor espessura para saída da pólvora. Dessa forma, o som do estouro inicial atinge menos decibéis. “A gente saiu de uma bomba de 5 polegadas de diâmetro para 1,2 polegadas. Hoje, a gente tem muito mais brilho e luz do que a explosão em si, que era o que acontecia antigamente”, detalha Leonardo Cruz. 

Bruno Fonseca faz um comparativo entre duas caixas com 6 unidades de tubos de explosão, vendidos em sua loja a R$ 42,50 (modelo tradicional) e R$ 47,50 (baixo ruído). “Esse da minha esquerda, já é baixo ruído. Eles até vêm com selo, porque são feitos de produtos que não há o estampido na abertura. Os dois são coloridos, o efeito visual é bem parecido, com a diferença que esse [mais barato], para abrir a bomba colorida, é um estampido maior. Esse aqui [mais caro] é praticamente zero”, finaliza. 

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