Remédio para dores, inflamações e massagem, óleo de andiroba é destaque de vendas no Ver-O-Peso
Conhecida pelas propriedades terapêuticas, a andiroba é comercializada em diversas formas no Complexo do Ver-O-Peso, em Belém, e atrai tanto moradores quanto turistas em busca de saúde natural.
Utilizada há séculos pelos povos da floresta, a andiroba é hoje uma das estrelas do comércio tradicional no Complexo do Ver-O-Peso. Entre aromas, saberes populares e tradição indígena, o óleo extraído da castanha da andirobeira é vendido como remédio natural para dores, inflamações e até como repelente. Feirantes relatam grande procura do produto, que é vendido em frascos, garrafas e até em litros, com preços variados e usos múltiplos.
Um óleo que nasce da floresta
“O óleo de andiroba é um santo remédio, eu garanto.” A afirmação vem de Beth Cheirosinha, uma das vendedoras mais conhecidas do Ver-O-Peso, que mistura carisma e conhecimento ancestral para encantar os clientes. A extração do óleo é artesanal: a castanha cai no chão, é recolhida, quebrada e pode ser fervida ou deixada ao sol para liberar o líquido oleoso, que escorre por calhas improvisadas até ser recolhido.
A andiroba, segundo ela, é eficaz contra dores musculares, artrite, reumatismo, inflamações no ouvido e até caspa e piolho.
"É direto na pele, no machucado, no ouvido, na cabeça. A gente ensopa mesmo! Serve pra tudo, até pra espantar muriçoca", diz, orgulhosa.
Do interior para a feira, e da feira para o mundo
O comerciante Zezinho, outro veterano do Ver-O-Peso, afirma que a produção de andiroba não para, graças ao abastecimento constante vindo do interior do Pará. “Tem sempre gente no mato coletando e mandando pra cá. Aqui a gente garante qualidade”, explica. Para ele, o óleo é um dos itens mais procurados por idosos, que já conhecem seus efeitos terapêuticos.
A versatilidade do produto também ajuda nas vendas.
“É bom para contusão, dor nos pés, e também como repelente. Mistura com mel e copaíba, e serve pra tosse, asma, tudo isso que o povo busca”, diz Zezinho.
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Mercado movimentado e preços variados
De frascos pequenos a litros, os preços da andiroba variam conforme o volume e o vendedor. Beth Cheirosinha vende frasquinhos a R$ 10, garrafinhas a R$ 20 e meio litro por R$ 40. Já Ricardo Rodrigues comercializa o litro por até R$ 100, com direito a desconto para quem compra mais.
“O produto tem boa saída, principalmente com o pessoal daqui mesmo. Machucou, passou andiroba. Tá com gripe, pinga duas gotas com mel. Cura mesmo”, afirma Ricardo.
Segundo ele, a andiroba nunca sai de moda — e nem das prateleiras.
Tradição, saber popular e turismo
Embora muitos turistas cheguem sem conhecer o óleo, vendedores como Beth garantem que eles não saem sem levar pelo menos um frasco. “Eles vêm com intérprete, aí eu explico tudinho. Mostro como usa, ensino. Eles ficam encantados”, conta.
A origem indígena da andiroba também é lembrada com respeito. “Foi o índio que descobriu tudo isso aí dentro da mata. Eles sabiam das ervas, dos remédios. A gente aprendeu com eles”, diz Beth.
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