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Preço do açaí em Belém pode chegar a R$ 80 em janeiro de 2025, afirma vendedor

Reajustes impactam consumidores e comerciantes, com previsões de recordes de preço na entressafra.

Jéssica Nascimento

O litro do açaí grosso pode custar até R$ 80 em janeiro de 2025, segundo um comerciante ouvido na Feira da 25, na avenida Rômulo Maiorana. O produto, essencial na cultura alimentar paraense, enfrenta uma escalada de preços impulsionada por fatores climáticos e a entressafra, elevando os custos desde setembro. O Grupo Liberal visitou alguns pontos de venda de açaí, na manhã desta segunda (9.12), no bairro do Marco, para ouvir vendedores do produto.


Em janeiro de 2024, o açaí tipo médio custava, em média, R$ 21,77 o litro, de acordo com o Dieese/PA. Apesar de um leve recuo no meio do ano - chegou a custar R$ 21,10 em junho -, a tendência é de alta acentuada para o próximo período. No primeiro mês deste ano, o preço médio do litro do açaí tipo grosso era R$ 32,46. Em junho, o produto ficou mais caro, custando R$ 36,04. 

Clima e mercado agravam aumento dos preços

Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA, alertou que o preço do açaí deve atingir novos recordes no início de 2025. "Desde setembro, os reajustes começaram mais cedo do que o habitual. O que era para começar em novembro já aconteceu antes. Isso indica que teremos aumentos ainda maiores em janeiro", explicou.

A situação, segundo Costa, é agravada pelos leilões e pelos altos custos de produção. "Vimos este ano sacas sendo leiloadas por até R$ 1.000 e o litro ultrapassando os R$ 50. Não é improvável que esse cenário se repita ou até piore", afirmou.

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Realidade do mercado: preços nas feiras e pontos de venda

Leoclides Andrade, vendedor há 26 anos na Feira da 25, destacou que o aumento dos preços já é uma realidade para os comerciantes. "Hoje vendemos o litro do açaí médio preto por R$ 22, mas em janeiro pode chegar a R$ 30. O grosso, que hoje custa R$ 44, pode atingir R$ 70 ou até R$ 80", afirmou.

Segundo ele, a baixa produtividade das ilhas de Belém devido à seca e o rigor do inverno contribuem para a disparada dos preços. "Estamos trazendo açaí de outras regiões como Cametá e Muaná, mas o custo é alto. O lucro está cada vez menor, e muitos comerciantes já estão no prejuízo", lamentou.

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Elias Guimarães, batedor de açaí e dono de um ponto de venda do produto há 15 anos no bairro do Marco, compartilha da preocupação, mas mantém uma perspectiva cautelosa. "Aqui, o açaí médio custa R$ 24 e o grosso, R$ 45. Em janeiro, ainda consigo segurar os preços. Porém, a matéria-prima está cada vez mais cara, e o impacto será inevitável", afirmou.

Para Manoel Fonseca, proprietário de uma venda de açaí, na Travessa Humaitá, no bairro do Marco, os desafios se agravam com a entressafra. "A tela vermelha do açaí pode custar entre R$ 200 e R$ 250 no próximo mês. Minhas vendas já estão caindo, e a oferta do produto deve ficar ainda mais restrita", disse.

Impactos para os consumidores

Enquanto comerciantes lutam para equilibrar custos, os consumidores já sentem o peso dos reajustes. Selma Brito, dona de casa, acredita que o preço ainda será razoável. "Não vai aumentar tanto como no ano passado. Dá para levar", opinou.

Já Renata Mariano, decoradora de festas, considera os valores justos até o momento. "Pago R$ 24 no litro e acho um preço bom pela qualidade", disse.

Por outro lado, Raimunda Almeida, aposentada, está apreensiva. "Se aumentar, não compro mais. Vou tomar açaí no interior, que é de graça. Com tudo subindo, só resta esperar o inverno para ver o impacto", afirmou.

Perspectivas para 2025: um desafio para o mercado do açaí

O mercado do açaí enfrenta desafios estruturais que pressionam os preços, sobretudo em períodos de entressafra. Segundo vendedores, os impactos são sentidos em toda a cadeia, desde a colheita até o consumo final.

Com a previsão de preços recordes para janeiro de 2025, a tradicional rotina de Belém, onde o açaí acompanha refeições e é símbolo de identidade cultural, pode sofrer ajustes. Resta saber até onde os consumidores estarão dispostos a pagar para manter essa tradição na mesa.