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Não há humilhação em Lula telefonar a Trump, afirma Doria

Ex-governador diz que tema é econômico, não político, e critica postura do presidente brasileiro

Estadão Conteúdo

O ex-governador de São Paulo João Doria reforçou o apelo por uma interlocução entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, diante da crise das tarifas. A declaração vem após Lula afirmar que não irá “se humilhar” ligando para o líder norte-americano.

"Não há humilhação nenhuma em você telefonar, desde que o seu objetivo seja tratar economicamente do tema e não politicamente", comentou Doria em entrevista concedida a jornalistas após encerrar um fórum promovido pelo Lide, sua empresa de eventos, em Mumbai, na Índia.

Na quarta-feira, em entrevista à agência Reuters, Lula disse que não vê disposição de Trump em negociar e que, por isso, não passará pela humilhação de entrar em contato com o presidente dos Estados Unidos.

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Antes de Doria, a fala do presidente brasileiro já havia sido criticada durante o fórum do Lide pelo governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), e pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado, Sérgio Longen. Ambos defenderam que os esforços para reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros avancem para o campo da diplomacia presidencial.

Segundo Doria, Trump não tem razão em impor a sobretaxa ao Brasil, mas isso não impede Lula de telefonar ao presidente americano para discutir a medida e buscar uma solução. "Não há nenhuma humilhação em você telefonar para um chefe de Estado. Essa é uma visão política. Nesse sentido, talvez o presidente Lula fique muito próximo também do equívoco do presidente Trump", afirmou, ao se referir à motivação política da tarifa — proteção ao ex-presidente Jair Bolsonaro — em vez de razões comerciais.

"Neste sentido, podem se igualar. E não faz sentido ao presidente Lula deixar de telefonar, desde que, evidentemente, o faça com altivez", completou.

O repórter viajou a convite do Lide.