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Garimpo ilegal na Terra Yanomami é destruído com ofensiva contra pistas e acampamentos

Operação Asfixia destruiu mais de 100 estruturas ilegais, bloqueia rotas logísticas e neutraliza aeronaves usadas na extração de minério

O Liberal

Entre os dias 9 e 29 de junho, o governo federal intensificou as ações de repressão ao garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima. A chamada Operação Asfixia promoveu uma série de incursões aéreas, fluviais e terrestres para eliminar a infraestrutura que ainda sustentava a presença de invasores no território. A ofensiva foi coordenada pela Casa de Governo da Presidência da República e contou com o apoio de diferentes órgãos federais.

As ações se concentraram na região do garimpo do Rangel, com base operacional instalada na pista local. A partir dali, equipes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), Funai, PRF, Polícia Judiciária, Anac, ANTT e Ibama partiram para fiscalizações em pontos críticos da TIY. O Comando Conjunto Catrimani II atuou de forma contínua no rio Uraricoera, patrulhando e destruindo estruturas ilegais ao longo do percurso.

No total, 80 alvos foram fiscalizados — 48 previamente mapeados pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e outros 32 identificados em campo. Duas pistas clandestinas estratégicas, Mukuin e Noronha, foram inutilizadas, assim como o rio Couto Magalhães, que teve o fluxo interrompido para cortar o abastecimento fluvial do garimpo.

A ofensiva destruiu mais de 100 estruturas, incluindo 14 acampamentos, 67 barracos e 12 cozinhas, além de geradores, embarcações, motores e equipamentos diversos. Foram retirados de circulação aproximadamente 4 mil litros de combustível, 15 gramas de ouro, 600 gramas de mercúrio e 29 unidades de cianeto. Cinco antenas Starlink e um armamento com 118 munições também foram apreendidos.

Em paralelo, no dia 23 de junho, a Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou uma aeronave que sobrevoava a TIY sem plano de voo. A bordo havia cassiterita extraída ilegalmente. O piloto tentou fugir com pouso forçado em mata fechada, mas foi localizado e entregue à Polícia Federal. Com essa, já são duas aeronaves neutralizadas desde o início da operação.

A repressão também alcançou áreas fora da terra indígena. A Anac inspecionou 33 aeronaves e vistoriou pistas clandestinas nas vilas de Samaúma e Campos Novos, onde há indícios de suporte logístico ao garimpo. Nessas localidades, moradores passaram a colaborar com as autoridades, fornecendo informações sobre movimentações suspeitas e rotas de abastecimento.

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Em Boa Vista, uma ação conjunta do Ibama e da PRF apreendeu mais de 3 mil litros de combustível armazenados ilegalmente. Em outra frente, a FNSP e a ANTT interceptaram um veículo transportando mais de mil litros de diesel e gasolina junto com alimentos em condições inadequadas, na Vicinal 06.

A vigilância também foi reforçada em pontos estratégicos, como a Vicinal 02, onde barreiras policiais com uso de drones têm dificultado o deslocamento de operadores ilegais.

Na fronteira com a Venezuela, as Forças Armadas do país vizinho também agiram. Sete aviões e um helicóptero usados em garimpos clandestinos foram destruídos na região de Taboca, além de sete mil litros de combustível e cinco acampamentos.

“A Operação Asfixia cumpriu seu papel ao desmontar a estrutura logística do garimpo. Mas a nossa missão continua: manter a pressão, impedir o retorno dos invasores e garantir a preservação do território Yanomami”, avaliou o diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino.

Segundo a Casa de Governo, a presença contínua das forças de segurança tem sido essencial para enfraquecer o garimpo ilegal. A avaliação é que ações permanentes geram mais impacto do que incursões pontuais, tanto na produção de inteligência quanto na efetividade em campo.

Já estão em planejamento novas fases da operação, com foco no uso de tecnologias de monitoramento, bloqueio financeiro das redes criminosas e presença física permanente em pontos estratégicos. A meta do governo é consolidar a desintrusão da TIY e evitar qualquer possibilidade de retorno da atividade ilegal.