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Exportações do Pará fecham com queda de 4% em julho

Readaptação do mercado após tarifas pode justificar queda, avalia economista

Maycon Marte

As exportações do Pará registraram US$ 2,2 bilhões em julho, o equivalente a R$ 12,77 bilhões em reais, considerando a cotação do dólar hoje. Apesar de expressivo, o valor representa uma queda de aproximadamente 4% em relação ao desempenho do mesmo período no ano passado. A China se mantém como o principal destino dos produtos exportados, o que chama atenção é o comportamento dos Estados Unidos, que passa sobe da sétima, para a terceira posição. Para Nélio Bordalo, economista paraense, o recuo se justifica por dois fatores: a queda nos preços médios e a desaceleração no ritmo das vendas internacionais.

A queda do preço médio dos produtos se dá, segundo ele, especialmente em commodities, que, no caso do Pará, é liderada pela exportação de soja, minério de ferro e produtos agrícolas. “Embora o volume exportado mantenha certa estabilidade ou apresente leve aumento, a deterioração nos preços é reflexo da desaceleração global, especialmente na economia da China, o que puxa o valor total para baixo”, avalia o economista.

Dos produtos paraenses, os minérios lideram em volume de exportação, com aproximadamente 69,7%, divididos entre minérios de ferro e concentrados, e minérios de cobre e seus derivados. Em julho, o total do valor exportado só com o produto foi de US$ 1.594.526.440, o equivalente a R$ 8,62 bilhões, com base na cotação mais recente do dólar. O bom desempenho foi seguido por produtos do reino vegetal (US$ 222.457.251), das indústrias químicas (US$ 212.692.210), além do segmento de animais vivos (US$ 160.296.379), respectivamente.

No balanço dos países que mais absorvem as exportações do estado, a China se mantém como principal parceiro comercial, com um valor de US$ 1.130.515.245 em julho, apesar do número representar uma redução de 8,09%, em relação ao mesmo período de 2024. Os dados são de domínio público e agrupados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

O ranking de parceiros comerciais do Pará também apresentou mudanças em comparação com o último ano. As principais mudanças estão na segunda e terceira posição, que, neste ano, foram Alemanha (US$ 146.084.086) e Estados Unidos (US$ 101.917.333), respectivamente. Antes, as mesmas posições foram ocupadas por Canadá (US$ 91.365.452) e Japão (US$ 91.201.318).

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Uma as mudanças que chama atenção no desempenho das exportações é quanto a relação com os Estados Unidos, especialmente após as tarifas de 50% aplicadas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. O país americano subiu da sétima para a terceira posição em dados gerais, apesar da escalada dessa guerra comercial entre os países. Na avaliação do economista paraense, a crise internacional tem forçado a abertura para novos mercados, como o da Alemanha, segundo maior comprador no último mês.

“A entrada da Alemanha entre os maiores destinos das exportações é um sinal claro de diversificação de mercado. Para o Pará, esse movimento é positivo, pois amplia as oportunidades além dos mercados tradicionais, reduz a vulnerabilidade, traz mudanças nas políticas externas e fortalece a resiliência econômica do estado”, explica Bordalo.

Mesmo a maior participação dos Estados Unidos, subindo para a terceira posição na variação mensal, pode ter relação com a política das tarifas. Seria uma antecipação de risco, devido à previsão de redução das exportações, mesmo que apenas inicialmente, enquanto o mercado se adapta a demandar novos compradores.

“Com a imposição de tarifas adicionais de até 50% pelos EUA, muitos produtores buscaram exportar seus produtos antes que os custos aumentassem. Essa estratégia visa minimizar os impactos financeiros negativos e aproveitar as condições atuais do mercado”, avalia o economista.