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Exportações de madeira do Pará caem 11,57% em comparação ao ano passado

Setor teme efeitos das tarifas americanas sobre produtos brasileiros

O Liberal

O desempenho da exportação de madeira do Pará caiu aproximadamente 11,57% no acumulado deste ano, de janeiro a julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Neste ano o setor alcançou cerca de R$ 120 milhões, conforme dados da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex) e do Ministério de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O principal destino da madeira paraense é os Estados Unidos, de onde também vieram as tarifas sobre produtos brasileiros que deixam o setor em alerta para perdas maiores.

Conforme os dados da Aimex, cerca de 34,68% da exportação foi direcionado aos EUA, aproximadamente US$ 34,54 milhões ou R$ 188,05 na cotação desta terça-feira (12). No entanto, mesmo com bons números dessa parceria comercial, as recentes tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados para o país americano, podem afetar o desempenho do setor. Em outro movimento, o presidente americano, Donald Trump, recuou parcialmente da decisão isentando alguns produtos dessas tarifas, mas o cenário segue incerto na avaliação do setor.

“Embora alguns produtos tenham sido isentos, a falta de clareza sobre os códigos tarifários efetivamente atingidos mantém o setor em alerta. Caso a tarifa seja aplicada sobre itens relevantes, podemos enfrentar perda de competitividade frente a outros países exportadores e impactos na produção e no emprego”, avalia o consultor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho.

Os efeitos da guerra comercial podem levar ambos a buscarem por novos compradores e fornecedores, ampliando o mercado. Alguns dos concorrentes que exportam madeira tropical aos EUA são: Vietnã, Camboja, Tailândia, Indonésia, Malásia, Camarões, República Democrática do Congo, Equador e Gana, que receberam tarifas menores. O Pará é atualmente o quinto estado que mais exporta madeira no país, atrás de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

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Nesse cenário, a Aimex destaca que redirecionar parte da produção paraense a outros mercados é possível, mas ainda levaria tempo até que um novo cliente alcance o volume exportado aos EUA. Um dos possíveis clientes alternativos seria a União Europeia, segundo maior mercado para os produtos madeireiros do Pará, segundo a entidade. No ano passado, a UE respondeu por 35,74% das exportações, cerca de US$ 74,53 milhões (R$ 405,4 milhões).

“A experiência mostra que choques externos afetam diretamente nosso desempenho. Na crise do subprime, em 2007, as exportações do Pará caíram mais de 56% em dois anos e nunca mais retornaram ao patamar de US$ 787,78 milhões daquele ano. Por isso, é importante o trabalho da diplomacia brasileira na negociação de uma tarifa menor, além da diversificação de mercados e do constante diálogo com os importadores”, afirma Carvalho.