Cacau do Pará projeta o Brasil como potência sustentável no mercado global
Com o Brasil como país de honra do Salon du Chocolat, produtores e representantes do Pará apresentam ao público europeu a força da bioeconomia e o potencial global das amêndoas amazônicas
O aroma do cacau amazônico atravessou oceanos e tomou conta de Paris na última semana. No Salon du Chocolat, maior evento do mundo dedicado ao chocolate e à cacauicultura, o Pará se destaca entre os representantes brasileiros que participam da 30ª edição do festival, na qual o Brasil é o país de honra. A presença da comitiva paraense reafirma a força da bioeconomia amazônica e consolida o cacau do Estado como um dos mais promissores produtos de exportação e negócios sustentáveis do país.
A participação brasileira, organizada pela MVU Empreendimentos, responsável também pelo Chocolat Festival no Brasil e no exterior, com apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), SEBRAE, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), marca um momento de maturidade do setor cacaueiro. No caso do Pará, o protagonismo é construído com base em investimentos em tecnologia, qualificação e sustentabilidade produtiva, pilares que fazem do Estado o maior produtor de cacau do Brasil e referência internacional em amêndoas de origem.
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Segundo dados do Centro Internacional de Negócios da FIEPA, o Japão e a França figuram entre os principais destinos das amêndoas paraenses, evidenciando a consolidação do produto no mercado externo. Esse desempenho é resultado de um esforço coletivo que envolve produtores, cooperativas, pesquisadores e empreendedores locais, todos comprometidos em agregar valor à floresta em pé e gerar desenvolvimento regional por meio da bioeconomia.
Mais do que um espaço de exposição, o Salon du Chocolat é uma vitrine de oportunidades. Para os produtores do Pará, estar em Paris representa abrir novos caminhos de comercialização, parcerias e visibilidade internacional, especialmente em um momento em que o consumo consciente e a rastreabilidade se tornaram diferenciais competitivos.
“O cacau amazônico carrega consigo não apenas sabor e qualidade, mas também uma história de resiliência e inovação. Cada amêndoa simboliza o potencial econômico e sustentável da Amazônia”, destacou Márcia Nóbrega, produtora de chocolate de São Francisco do Pará.
Nos últimos anos, os produtos produzidos no Estado têm chamado a atenção de chocolatiers e marcas gourmet ao redor do mundo, interessados em matérias-primas de origem controlada e cultivadas sob práticas sustentáveis. Esse movimento reforça a importância do modelo de bioeconomia praticado na Amazônia, que alia preservação ambiental, inclusão social e geração de renda.
Além da qualidade reconhecida, o Pará aposta em diversificação e inovação, apoiando o fortalecimento de cadeias produtivas integradas e de novos negócios derivados do cacau, como cosméticos, bebidas e subprodutos alimentícios. Com isso, o Estado se consolida não apenas como fornecedor de matéria-prima, mas como referência em agregação de valor e economia verde.
Para o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária, Francisco Neto, a apresentação dos produtos paraenses em um salão internacional gera a oportunidade de aproximação com diferentes subprodutos de cacau e chocolates.
“Também trazer a condição de que aqui ele pode realizar negócios, fazer parcerias, no sentido de colocar o nosso cacau no mercado internacional. Nossos produtores estão adquirindo conhecimento de diversas delegações e novas experiências que poderão levar ao Pará e sair motivados a incentivar a cadeia produtiva do cacau no Estado".
Goreti Gomes, presidente da Câmara Setorial do Cacau, aponta o sucesso do estande brasileiro no grande salão de Paris. Além da procura pelo chocolate, Goreti também revela o interesse demonstrado pelos visitantes do festival sobre a COP 30.
“Nós estamos com a COP 30 no Brasil, em Belém, então as pessoas que chegam aqui também perguntam sobre a expectativa para a COP 30. Estamos ansiosos para mostrar ao mundo o nosso trabalho, a sustentabilidade e a cultura do cacau“, declara.
Na sua terceira participação no Salon du Chocolat, Robson Brogni destaca a produção sustentável, sobretudo baseada na agricultura familiar, que a sua marca desenvolve. Premiada entre os melhores chocolates do Brasil e do mundo, Robson pontua o percurso que o chocolate paraense percorreu até chegar a ser reconhecido como um produto fino.
“Até pouco tempo, o Pará era conhecido pela sua quantidade de produção e não pela qualidade, mas isso está mudando. Precisamos mostrar ao mundo essa qualidade que o Pará e a Transamazônica têm".
Marco Lessa, CEO da MVU, destacou que o Brasil já conta com uma demanda crescente por seu chocolate. "Assim que o Salon foi inaugurado, já houve reuniões com representantes do Japão e da Europa, querendo comprar o chocolate brasileiro", afirmou. Lessa explicou ainda que o mundo está cada vez mais buscando produtos que alinhem qualidade e sustentabilidade. "O desejo por um chocolate que respeite o meio ambiente, que seja puro e genuíno, está aumentando, principalmente por motivos relacionados à preservação e à saúde. As pessoas estão cada vez mais atentas a isso", completou.
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