ANM defende na COP 30 que mineração é fundamental para solução climática e Pará é polo estratégico
Diretor da instituição, José Fernando Gomes, afirma que o estado é um ‘território estratégico’ no segmento
O diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), José Fernando Gomes, enfatizou em entrevista ao Grupo Liberal, que o Pará é um dos estados estratégicos para o setor da mineração e afirma que o segmento é essencial para solucionar as questões climáticas. Os argumentos foram elaborados para serem apresentados na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Segundo ele, esses minerais são o ponto de partida para discussões como transição energética, mobilidade elétrica e descarbonização industrial.
Na sua avaliação, esse cenário abre espaço para que o país se torne uma potência mineral e ambiental, com possibilidade de “fazer uma mineração rastreável, transparente, socialmente responsável e ambientalmente segura”. Nesse sentido, um dos compromissos da ANM é o de garantir o alinhamento entre os projetos minerários brasileiros e os princípios de desenvolvimento sustentável nos critérios de ESG. Essa é a sigla em inglês para (Ambiental, Social e Governança), pilares desse tipo de iniciativa sustentável.
“A mensagem que levaremos a COP 30 é clara: a mineração brasileira é parte fundamental da solução climática global. Vivemos um novo paradigma, em que minerais estratégicos como lítio, nióbio, cobre e terras raras são alicerces da transição energética, da mobilidade elétrica e da descarbonização industrial”, ressalta o diretor.
Embora as soluções que o diretor descreve sejam de impacto nacional, ele não deixa de destacar o estado como um “território simbólico e estratégico”. Isso porque somos responsáveis por cerca de “90% do cobre brasileiro”, sendo líder na produção de manganês e níquel. Além de abrigar projetos de lítio e terras raras em estágio de desenvolvimento avançado.
Apesar do cenário positivo, o estado também convive, ao mesmo tempo, com desafios históricos, a exemplo de desigualdades sociais profundas, impactos ambientais acumulados, disputas territoriais e pressões sobre comunidades tradicionais. São questões que o diretor afirma serem combatidas por meio do esforço em conjunto dos governos estadual e federal. A sua experiência profissional é atravessada pela realidade local, já tendo ocupado o cargo Secretário de Desenvolvimento Econômico do Pará, por isso acrescenta que a realidade local é ainda mais intensa no segmento.
“O Pará também nos mostra o valor da infraestrutura integrada, da formação de mão de obra local, e da articulação entre mineração, bioeconomia e transição energética. Essa experiência regional pode e deve inspirar modelos replicáveis em outras partes do Brasil, e é isso que queremos mostrar ao mundo durante a COP”, afirma Gomes.
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Estratégia
De volta ao cenário nacional, o diretor chama atenção para as reservas expressivas de lítio, grafite, manganês, cobre, nióbio e terras raras que o país possui, insumos indispensáveis para baterias, painéis solares, turbinas eólicas e chips, o que coloca o Brasil em posição estratégica. Para aproveitar essa vantagem comercial, a ANM tem investido em modernização tecnológica, incentivo a pesquisa mineral qualificada e no fortalecimento do Sistema de Informações Geográficas da Mineração (Sigmine). Além de ações que auxiliem na ampliação da segurança e agilizam a análise de processos.
“Nosso compromisso é garantir que o Brasil não apenas exporte matéria-prima, mas também agregue valor à sua produção, com rastreabilidade, compliance internacional e inserção ativa nas cadeias globais de valor verde”, enfatiza.
No que refere a cooperação internacional, ele aponta três frentes essenciais para que o Brasil invista: tecnologia e rastreabilidade, financiamento verde e inovação, e integração produtiva e comercial. O objetivo é ampliar a inserção dos minerais brasileiros em mercados de alto valor, acelerar a transição para uma mineração de baixo carbono e também a industrialização local, respectivamente. “A ANM pode contribuir oferecendo um ambiente regulatório moderno, transparente e confiável, que seja capaz de atrair investimentos responsáveis e consolidar o Brasil como fornecedor ético de minerais para o futuro verde do planeta”, acrescenta Gomes.
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