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Alta da Selic e queda do dólar mudam estratégias de investimento: é hora de diversificar?

Especialistas dão dicas para investidores que pretendem lucrar com o atual cenário econômico

Paula Almeida / Especial para O Liberal

Com a taxa Selic no maior patamar desde 2006, a 15% ao ano, e o dólar em trajetória de queda, cotado a R$ 5,43 em 1º de julho, o cenário econômico brasileiro levanta um impasse para os investidores: é momento de reforçar a renda fixa ou de diversificar a carteira, mirando oportunidades futuras em renda variável e ativos internacionais?

Segundo especialistas, o atual período de transição da política monetária exige cautela e inteligência estratégica. “O investidor deve considerar o seu perfil de risco e o momento de cada ativo. O dólar, por exemplo, mesmo em queda, ainda pode oscilar bastante, principalmente diante de possíveis choques externos ou instabilidades fiscais internas”, avalia o economista Nélio Bordalo.

Comprar dólar com cautela

Apesar do câmbio mais favorável ao real, Bordalo alerta que comprar dólar faz sentido como proteção patrimonial, mas sem precipitação. “É interessante escalonar a compra, aproveitando quedas pontuais, em vez de investir tudo de uma vez", reforça.

A valorização do real tem incentivado alguns investidores a “dolarizar” parte do patrimônio, mas, como dito anteriormente, isso envolve riscos, especialmente se o movimento for feito por impulso ou sem uma estratégia clara. “Com o dólar barato, pode parecer tentador comprar agora. Mas se o investidor não tiver objetivos definidos ou se posicionar mal, pode perder no médio prazo”, observa a gerente de investimentos Amanda Vilela.

Selic alta ainda favorece renda fixa

Enquanto a Selic segue em 15%, investimentos conservadores continuam sendo atrativos. Tesouro Selic e CDB pós-fixado garantem rendimentos acima da inflação com riscos reduzidos e podem ser uma opção segura no atual cenário. “Os investidores conservadores não precisam sair correndo para diversificar. Os títulos federais e CDBs de bancos médios com cobertura do FGC seguem vantajosos, especialmente com prazos curtos ou intermediários", afirma Amanda. 

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Hora de diversificar?

Ainda que o cenário atual beneficie a renda fixa, os especialistas também apontam que o investidor moderado e o arrojado devem começar a preparar a carteira para um novo ciclo. "Já é oportuno começar a diversificar gradualmente, com parte da carteira em ações, fundos multimercados e, se o perfil permitir, ativos internacionais", diz Bordalo.

Para o perfil moderado, ambos especialistas sugerem uma alocação equilibrada: cerca de 60% em ativos de renda fixa e 40% em ativos de maior risco. Já o investidor arrojado, mais tolerante ao risco, pode aproveitar o momento para ampliar sua exposição a ações brasileiras e ativos internacionais. “Com os valuations ainda atrativos e a economia sinalizando retomada, há oportunidade real no mercado de ações. E o dólar em queda abre caminho para acessar setores como tecnologia e saúde nos mercados desenvolvidos”, pontua Bordalo. Ele ainda lembra que criptoativos podem compor a carteira, mas com cautela, por representarem a parcela de maior risco.

E o investidor iniciante?

Nos últimos anos, a democratização das plataformas de investimento e o acesso a conteúdo financeiro fizeram surgir uma nova geração de investidores. Segundo o economista, há um amadurecimento perceptível. “Os iniciantes estão mais estratégicos, menos impulsivos. Buscam informações, simulam cenários e tomam decisões com mais consciência”, afirma.

Amanda confirma a tendência nas agências. “Hoje, o cliente chega mais preparado. Ele quer saber sobre IPCA, quer comparar fundos, entende o que é um ETF. Isso muda a relação com o mercado e torna as decisões mais sustentáveis”.

O que fazer agora? Veja as recomendações por perfil:

Conservador

Tesouro IPCA+ ou Prefixado 

CDBs de bancos médios com garantia do FGC

Fundos de renda fixa com baixa volatilidade

LCI e LCA (isentas de IR)

Moderado

60% renda fixa e 40% renda variável

Fundos multimercado e debêntures incentivadas

FIIs de boa gestão

ETFs ou fundos globais para início de exposição internacional

Arrojado

Ações brasileiras com foco em retomada econômica

Investimentos no exterior (tecnologia, saúde e energia)

Multimercados agressivos

Criptoativos, com responsabilidade