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'Custo econômico da ação é menor do que o da inação', afirma diretora do Instituto Clima e Sociedade

Em entrevista para o Grupo Liberal na COP 28, Maria Netto falou sobre financiamento climático

Ádria Azevedo e Fábia Sepêda | Especial para O Liberal
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A 28ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima, a COP 28, que está sendo realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, trouxe uma novidade em relação ao financiamento climático: o Fundo de Perdas e Danos. O mecanismo, determinado durante a COP 27, no Egito, pretende compensar nações mais vulneráveis a mudanças climáticas. O Fundo já recebeu cerca de 420 milhões de dólares até o momento, por doações voluntárias de alguns países. 

Em entrevista exclusiva para o Grupo Liberal, Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), organização que apoia projetos voltados ao enfrentamento de mudanças climáticas no Brasil, falou sobre a proposta desse Fundo e sua aplicação à Amazônia.

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“Há muitos anos, países mais vulneráveis vêm pedindo para falar: ‘Olha, não adianta eu investir, me adaptar, fazer o que eu puder, se a redução de emissão [de gases do efeito estufa] não acontece, então como é que a gente fica?’ Então, é um acordo global que, sim, é necessário ter um fundo assim para poder compensar, apoiar em situações drásticas. É como se fosse uma espécie de asseguramento, realmente”, explicou.

“O que se acordou aqui na COP é que, de fato, essa é uma prioridade, que é importante capitalizar um fundo novo para isso. É um grande resultado dessa COP e uma mensagem muito importante, porque os países com economia em desenvolvimento são geralmente os mais afetados [pelas mudanças climáticas]”, declarou.

A ambientalista refletiu sobre a Amazônia e sobre o Brasil nesse contexto. “Quem é mais afetado? É aquele pessoal que é ribeirinho, que dependia do rio, é o pessoal que morava já em uma situação difícil. Mas também quando a gente fala mesmo das mortes, que a gente viu no sul do país ou mesmo em São Sebastião, quem que foi mais afetado? É o favelado, que já mora num lugar que não tem infraestrutura porque não foi adaptado a esse tipo de eventos [desastres naturais]”, comentou.

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Maria Netto avaliou as necessidades para o financiamento climático para a região. “A gente não pode mais olhar a Amazônia somente como um lugar para remover emissões de gases do efeito estufa e manter a floresta em pé, tem pessoas morando lá. Mais do que perdas e danos, é a adaptação, ou seja, você criar a possibilidade de desenvolvimento local que possa criar a capacidade dessas populações de se adaptar a esses fenômenos que estão acontecendo. E obviamente que manter a floresta em pé é uma forma de se adaptar”, pontuou. 

Custos

A especialista falou sobre as fontes de financiamento climático, algumas lançadas na própria COP 28. “O Brasil apresentou sua proposta para manter a floresta em pé para sempre, que é o ‘Florestas Tropicais para Sempre’. Mas acho que temos que olhar como, a nível subnacional, a nível dos nossos bancos públicos, a gente promove essa consciência dentro das economias locais”, analisou.

Para ela, o custo de agir é menor do que o de não agir. “O custo econômico, afinal, quem está pagando é o Estado, porque isso não é assegurado por [entes] privados, [o combate a] esses impactos. Então, [há] essa necessidade também de trabalhar com os governos para planejar melhor e entender também que o custo de ação hoje é muito menor do que a inação. Porque, lá na frente, o custo vai ser muito mais alto se você não fizer algo hoje”, cravou.

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