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Um ano sem Cleide Moraes, a Rainha da Saudade

Missa será celebrada em memória da artista paraense. Fã-clube permanece ativo e se volta para a filha da cantora, Brenda Moraes

Enize Vidigal O Liberal

Aclamada a Rainha da Saudade, Cleide Moraes completa um ano de falecimento nesta segunda-feira, 26. A artista paraense estava com 59 anos e prestes a completar 40 anos de carreira com um grande show quando teve o veículo em que viajava atingido por um condutor que realizava ultrapassagem perigosa. Hoje, os fãs se voltam para a filha da artista, Brenda Moraes, que possui o timbre de voz parecido ao da mãe e que iniciou carreira recentemente na música.

“Os fãs mantém viva a memória da Cleide Moraes compartilhando os vídeos na internet e as músicas interpretadas por ela nas redes sociais”, celebra Brenda. A intérprete deixou uma coleção de discos gravados.

Natural de Belém, Maria Cleide Sousa de Moraes teve a trajetória marcada pelos “Bailes da Saudade”, festas embaladas músicas dos Anos 50 e 60, principalmente o bolero. Mas a cantora gostava de dizer que era “clínica geral”, ou seja, que cantava de tudo. Na verdade, Cleide iniciou a carreira em um grupo de carimbó do pai dela, Mestre Jacob, quando estava com cerca de 18 anos.

“O meu avô, que foi parceiro dos mestres Cupijó e Verequete, botou a minha mãe para cantar na banda, mas ele era a voz principal”, recorda Brenda. “A banda tocava em um bar e restaurante do bairro do Jurunas. Aí ele teve que viajar, trabalhava embarcado, e quando voltou, o dono do bar disse (decidiu) para ele que a Cleide ia passar a ser a titular da banda porque, com ela, o restaurante passou a encher. Era ‘Cleide Moraes e a Banda Fina Garoa’”. Nessa época, a banda já tocava chorinho e samba.

“Os clientes começaram a pedir outras músicas, de MPB, bolero e brega e ela foi se adaptando. Foi aí que surgiram os bailes da saudade, onde ela sempre se apresentava”, acrescenta. “Não foi a minha mãe que se intitulou ‘Rainha da Saudade’, ela foi aclamada com esse título”, observa.

Fãs

Mel Moutinho e Graciela Santos são do fã-clube “Cleide Mania”, que assistia aos shows de Cleide Moraes todas as sextas-feiras e finais de semana e até viajava para assistir a ídola: “Fomos até para Macapá atrás dela”, revela Mel. Cerca de 100 pessoas integram o fã-clube, que continua se reunindo para lembrar da ídola, que era amiga pessoal de todos eles.

Elas conheceram a Rainha da Saudade de forma semelhante: por indicação de academias de dança que passaram a frequentar após ficarem viúvas. Era nos shows de Cleide que os aprendizes praticavam a dança de salão. “Eu conhecia a Cleide há 27 anos. Era como uma irmã, pessoa fantástica. Ela conquistava as pessoas, não esquecia o nome de ninguém, era humilde, carismática, se diferenciava de outros artistas. Nos shows, ela falava (ao microfone) os nomes das pessoas que estavam chegando, mandava abraço”, recorda.  “Ceifaram a vida da nossa rainha (...) Ela continua sendo amada”. 

Mel afirma que Cleide “não era como outros artistas” porque passava a fazer parte da vida de cada fã: “Não é porque ela partiu, mas era uma pessoa diferenciada, humilde e ajudava as pessoas”, conta. “A saudade é grande. A Brenda vem acalmar o nosso coração. Hoje eu mal saio de casa devido a pandemia, só saio mesmo para assistir o show da Brenda. Ela canta muito bem, parece muito a voz da mãe. Eu me emociono e até choro”.

Missas

No aniversário de falecimento de Cleide Moraes será celebrada uma missa particular na Igreja de Santa Luzia, do bairro do Jurunas, paróquia que a artista frequentava. A cerimônia terá acesso restrito. No entanto, a cantora será lembrada em missas coletivas que acontecerão em outras paróquias, como a Basílica de Nazaré e a Igreja Nossa Senhora do Ó, em Mosqueiro, realizadas a pedido de fãs e amigos.

Cleide era católica e costuma fazer shows beneficentes para arrecadar fundos em favor de várias paróquias e de pessoas que estivessem precisando de ajuda financeira para custear cirurgias e outros propósitos.

Nova cantora

image Brenda Moraes segue os passos da mãe (Cláudio Pinheiro- O Liberal)

Cleide deixou um casal de filhos: Brenda, de 36 anos, que é professora contratada do estado, e Walter Moraes, de 19 anos. Instigada por fãs da mãe, Brenda aceitou o desafio de seguir a trajetória da mãe há poucos meses. Ela planeja gravar em estúdio e cantar nos bailes da saudade, mas ainda não pôde.  “Minha carreira anda bem, mas com restrições, eu gostaria de fazer mais coisas, mas por causa da pandemia não posso”.

Brenda tem se apresentado em bares, restaurantes e eventos particulares, especialmente de admiradores do baile da saudade. “A minha voz tem o tom muito parecido com o da mamãe. As pessoas ficam emocionadas, choram e lembram histórias que viveram com ela”, descreve. Além disso, a intérprete tem seguido o caminho solidário da mãe ao realizar lives em favor de paróquias da cidade.

Acidente

Na noite do acidente que a vitimou, Cleide Moraes tinha ido a Icoaraci atender o pedido de uma família que, alegando a fragilidade de saúde de uma senhora que fazia aniversário, pediu que ela fosse se apresentar na festa com poucos convidados. Ao terminar o show, ela voltava para Mosqueiro, onde cumpria uma temporada de descanso. Na PA-391, perto do município de Santa Bárbara, a Kombi em que viajava colidiu com o Hyundai HB-20 conduzido por Vitor Hugo dos Reis Moraes, de 25 anos, que fez uma ultrapassagem indevida.

Vitor chegou a ser preso em flagrante, mas foi posto em liberdade provisória após pagar fiança de R$ 10 mil. O Ministério Público do Estado ofereceu denúncia à justiça pelos crimes de homicídio e também de tentativa de homicídio contra o motorista da Kombi, Miguel Marques, que se feriu no acidente. As testemunhas, Miguel e Vitor já prestaram depoimento no processo que tramita no Fórum de Benevides.

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