Para ser eternizado, manifestação do Pássaro Junino vai ganhar podcast

Projeto vai entrevistar (e eternizar) os depoimentos de quatro guardiões, que são os fazedores dessa tradição popular.

Enize Vidigal

A tradição do Pássaro Junino vai ganhar um registro em podcast. O projeto Universo dos Pássaros, que desde 2015 promove ações de preservação dessa manifestação da cultura popular, vai entrevistar quatro guardiões (como são chamados os fazedores da ópera cabocla) de Belém, neste sábado e domingo, 22 e 23, por meio de lives exibidas nas redes sociais. O material será editado para a elaboração de quatro episódios de 20 minutos cada, que serão publicados nas plataformas de podcast em junho deste ano.

Os Pássaros Juninos são objeto de pesquisa no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para que essa expressão da cultura popular seja reconhecida como patrimônio imaterial do estado do Pará. “É uma manifestação genuinamente paraense e de tradição oral”, detalha um dos idealizadores do projeto, o ator e brincante dessa manifestação popular, Rodolpho Sanchez.

As primeiras entrevistas do projeto, no sábado, 22, serão com Laurene Ataíde, guardiã do Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro, a partir das 15 horas, e com Antônio Amaral Ferreira, do Pássaro Junino Tem-Tem, do bairro do Guamá, às 17 horas. E no domingo, 23, às 9 horas, começa a entrevista com a radialista Iracema Oliveira, do Pássaro Junino Tucano, do bairro do Telégrafo; e às 11 horas, de Agenor Del Valle, do Pássaro Junino Tangará, do bairro da Campina. As entrevistas serão transmitidas ao vivo pelos perfil do Universo dos Pássaros Juninos no Instagram e pelo grupo homônimo no Facebook.

image Legenda (Louriene Ataíde/ Instragram do projeto)

“Os Pássaros Juninos necessitam de ações de fomento, pesquisa, registro e divulgação, inclusive na versão digital. Não tem muita coisa publicada sobre o assunto. Há um preconceito com o teatro popular”, conta Rodolpho. Os outros realizadores do projeto são Caio Bentes e Tayres Pacheco, que também são atores e brincantes de Pássaro. “A gente vem dessa pesquisa e dessa vivência com os pássaros, observamos a carência de formação em teatro popular”.

“Belém já teve mais de 100 grupos de Pássaros Juninos e, hoje, possui apenas 17. Os Pássaros estão acabando. Temos grupos muito antigos, como o Tem-Tem, que tem 93 anos, e o Tucano, com 92 anos. É uma tradição passada dentro das famílias, de pais para filhos, mas, hoje em dia, muitos filhos não querem dar continuidade”, detalha.

Rodolpho descreve que há poucos registros sobre a tradição, dificultando confirmar a origem. Eles dão conta da existência de cordões de bichos no interior paraense, inclusive entre os indígenas, e que na capital o teatro dos Pássaros sofreu a influência do cinema e das óperas que eram apresentadas no Theatro da Paz no período da Belle Epoque, como a introdução do melodrama.

Os organizadores do Universo dos Pássaros Juninos escolheram o podcast como melhor forma de democratização e salvaguarda do conhecimento dos guardiões. “O conteúdo será disponibilizado gratuito nas plataformas de podcast, além de ser compartilhado pelas redes sociais”, explica Tayres Pacheco.

O projeto tem incentivo da Lei Aldir Blanc Pará. “É fundamental produzir conteúdo que organize informações sobre nossa cultura. Para valorizar e preservar é necessário conhecer".

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