OSTP recebe apresentação de artista trans não-binarie

O artista independente trans não-binarie, Jothan Netto se apresentou no Theatro da Paz junto com a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP). Com um número de dança contemporânea, a orquestra executava Lago dos Cisnes, enquanto Jothan Netto se apresentava, na última quinta-feira, 13.

Jothan Netto foi a primeire artista trans não binarie a se apresentar com a OSTP.

“Na Festa da Chiquita do último sábado, 08, eu estava dançando com Elói Iglesias a e o maestro Matheus Avlis de Sousa acabou vendo e em uma conversa me convidou para estar com a OSTP, dançando. Isso é algo que nunca tinha acontecido pelo menos com ele, não sei se já aconteceu em outros eventos. Achei incrível a proposta porque dançar uma música clássica, é quebrar mais uma vez padrões desse espaço que é cientizado, onde muitas pessoas que nem eu, não tem acesso a esse espaço. Então é sim uma ressignificação da musicalidade, da dança”, avaliou o artista.

Jothan Netto é discente em licenciatura em dança pela Universidade Federal do Pará(UFPA). Ele integra como performer denominado “corpo poético” no Slam de rap e poesia feminista negro Dandaras do Norte, criado pela Rapper Shaira Mana Josy, e como professor de Voguing na Escola de Dança Lumia.

Em 2021, ele participou da minissérie “Fé na Vida” exibida nacionalmente pela TV Globo.

“Ser um artista independente dentro desse espaço é uma forma de territorializar, descolonizar e de atravessar esse espaço que não é meu. Por conta de todo um tabu, de todo um padrão que ainda cerca os pilares desse espaço. Então, se faz muito importante sim eu estar e entender que essa apresentação é uma oportunidade de abrir portas, outras pessoas verem e se enxergarem, talvez de lutarem para estar nesse espaço. Mas para que isso aconteça nós precisamos de oportunidades acessíveis”, avaliou Jothan Netto.

O artista possui vasta experiência na área de Artes Cênicas, com ênfase em Dança, atuando principalmente no campo da dança-educação Queer e produção teórica e prática

“Nossos corpos só estarão dentro desse espaço através de política públicas, é com bolsas e outras demandas, coisas que nós bailarinos, principalmente periféricos, pretos, trans ainda não temos. A falta de acessibilidade a esse espaço, e não digo só para gente, mas pessoas, por exemplo, PCD, de baixar rendas. Então, é necessário tudo isso para que se crie mecanismos, para a gente estar em cena, para estarmos como protagonistas. Ainda é um caminho muito árduo, é muito difícil estar nesse local”, finaliza Jothan Netto.