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Artista retrata encontro do fetichismo contemporâneo com imaginário amazônico no Arte Pará

Rafael Bqueer traz obra da série "Super Zentai", onde fala sobre erotismo, identidade e pós-pornô

Lucas Costa

O salão de arte contemporânea Arte Pará segue com suas mostras no Museu do Estado do Pará (MEP) e Museu de UFPA, até o dia 22 de dezembro. O MEP, ocupado pela exposição “Deslendário Amazônico”, que homenageia os 80 anos do poeta João de Jesus Paes Loureiro, carrega uma série de obras que materializam o imaginário amazônico. Rafal Bqueer é um dos artistas da mostra, e trouxe para o Arte Pará o videoarte “Sereias - Série Super Zentai”, registro de uma performance feita exclusivamente para o salão.

O trabalho se caracteriza como uma extensão de uma série “Super Zentai”, onde o artista se utiliza de símbolos do erotismo e pós-pornô, se apropriando de ícones da cultura de massa japonesa e buscando relações com o imaginário infantil hiper-sexualizado dos anos 90, além da influência dessas referências para pensar as relações entre os corpos e as identidades contemporâneas.

O vídeo em exposição do MEP foi gravado em uma piscina vazia, de um casarão abandonado na Ilha de Mosqueiro, onde Rafael aparece vestido com uma roupa de sereia em estilo zentai. “Eu estava viajando em julho deste ano quando recebi o convite do Orlando Maneschy. Eu estava fazendo uma residência em Nova Iorque e ele me mandou textos do Paes Loureiro, e algumas coisas que eu já conhecia. Então fiquei pensando em como o meu trabalho, que cria relações de tensionamento político sobre o corpo negro, LGBT, questões raciais e sociais; poderia estar junto com a linguagem de um literário que tem uma relação com a Amazônia diferente da minha”, conta Rafael.

Foi então que ele decidiu criar um desdobramento de “Super Zentai”, desta vez aliando as vestimentas justas a figura da sereia, bastante presente no imaginário amazônico. “Eu achei interessante porque ela dialoga com o pensamento do Paes Loureiro, de uma Amazônia com seres híbridos e a relação do homem com os animais; além disso tem diversas figuras de sereias pela cidade, como o chafariz da Praça da República, por exemplo. É uma personificação do imaginário amazônico”, explica.

Assim como outros trabalhos de Rafael, “Sereias” não deixa o caráter questionador de lado, ele explica a metáfora em se tratar de uma sereia em uma piscina sem água. “É uma peça distópica, que fala de um contemporâneo em crise na Amazônia. A piscina vazia causa inconvenientes políticos na natureza, o esforço para tentar sobreviver”, conta.

Na abertura do salão, a obra ganhou ainda uma extensão. Rafael convidou quatro amigos, entre drag queens e pessoas ligadas a performance e dança, para participarem de uma performance ao vivo, usando roupas de sereia semelhantes a usada no vídeo. 

Rafael Bqueer é um dos 64 artistas que compõem a mostra do Arte Pará no MEP. A homenagem aos 80 anos de João de Jesus Paes Loureiro resultou em algo que ultrapassa uma exposição onde narrativas sobre a Amazônia são o ponto principal, se tornando um encontro entre gerações distintas de artistas paraenses. Trabalhos de Miguel Chikaoka, Armando Sobral e Elieni Tenório, se somam a obras que demonstram os anseios de uma nova geração, com os olhares de Éder Oliveira, Nayara Jinknss e Rafael Bqueer.

Sobre este encontro, Bqueer diz considerar importante que o salão continue buscando uma renovação anualmente. “Belém é uma cidade com muitos jovens artistas e acho que tem muitos trabalhos com perspectivas diversas a serem incorporadas anualmente ao salão. Eu, como jovem artista paraense, que está no processo de fazer residências em outros estado e até mesmo fora do país, me sinto honrado. Os trabalhos dos jovens trazem o discurso para um contemporâneo necessário. É importante ter na mostra nomes importantes dentro da história, mas o discurso precisa se renovar, e isso está na geração de artistas recentes”, justifica.

Agende-se

Projeto Arte Pará
Exposição: até 22/12
Locais: “Deslendário Amazônico” - Museu do Estado do Pará (MEP) - Praça Dom Pedro II, s/n - Cidade Velha.
“As Amazonas do Pará”  - Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) – Avenida José Malcher, 1192 - Nazaré
Realização: Fundação Romulo Maiorana
Patrocínio: Vale e Faculdade Fibra.
Colaboração: SOL Informática e O Liberal na Escola.

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