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Primeiro clipe do Bando Mastodontes faz uma ode à inclusão social

A coreografia é interpretada na Linguagem Brasileira de Sinais e conta com a participação de bailarinos cadeirantes

O Liberal
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Já está disponível no YouTube o primeiro clipe do grupo de multi artistas paraenses, Bando Mastodontes. Preparado em formato de curta metragem, apresenta a música “Xaxará”, uma ode ao orixá Obaluaê e que abre caminho para o álbum de estreia dos músicos, “Ciranda Celestial”, previsto para o início de 2022. Entre as novidades do projeto está uma coreografia toda traduzida em libras, a apresentação de dançarinos com deficiência física e a narração do texto “Movimento I - Nascimento” escrito pela professora e escritora negra Paloma Amorim interpretado pela pesquisadora Zélia Amador, referência no movimento negro na América Latina.

Para obter o resultado desejado do clipe - a inclusão social de pessoas com deficiência - o projeto foi pensado e executado de forma coletiva. A diretora do clipe, Letícia Faria, lembra que a ideia nasceu de forma casual. “Lembro que foi durante uma brincadeira. Estávamos assistindo a live do Bando, e aí reparamos que o intérprete de libras em vários momentos parecia estar dançando. Começamos a falar como seria bonita uma coreografia em libras. Tempos depois o Luciano (Lira, do Bando Mastodontes) me ligou para me perguntar mais sobre essa ideia e eu nem sabia o que dizer”, conta.

Unir uma produção audiovisual com dança, com tradução em libras e a inclusão de dançarinos com deficiência sempre foi um desafio para a diretora, que até então ainda não havia experimentado a direção geral, somente a de arte. “Durante as gravações, me preocupei em proporcionar um ambiente legal para a banda, dançarinos e a equipe. E como em todas as gravações tivemos vários imprevistos e um deles foi a chuva que nos levou a repensar toda a cena final. Sem dúvida, o meu maior desafio foi o desapego à cena, que seria o desfecho da história. Mas acabamos solucionando isso da melhor maneira possível”, diz.

O projeto contou com o trabalho fundamental da intérprete de libras, Silvany Brasil, que juntamente com a coreógrafa, Tainara Garcia alinhou cada detalhe para que o resultado ficasse fiel à proposta. “Xaxará foi um trabalho desafiador, inovador e vibrante em todas as etapas de sua construção. Tudo feito a muitas mãos e em muitas línguas: as do Bando Mastodontes, as da coreógrafa, as da comunidade surda, as das intérpretes envolvidas e as da produção”, ressalta.

O trabalho de Silvany incluiu, entre outras coisas, ouvir a música, estudar a letra, traduzir para libras, pesquisar e construir os sinais, já que muitos nem existiam. Além disso, foi preciso ensinar a coreógrafa e aos artistas, ensaiar, refazer, corrigir e mudar sinais. “Foi uma produção incrível de fazer, de vibrar o coração e os olhos da comunidade surda. Com certeza, esse clipe é uma forma de dizer que sim, pode e deve haver acessibilidade em produções culturais”, afirma.

A coreógrafa Tainara Garcia, por sua vez, conta que se sentiu desafiada ao ser convidada para participar do projeto. “Foi a primeira vez que trabalhei com a Língua Brasileira de Sinais e com cadeirantes, então entender a dança como um caminho de muitas possibilidades e comunicação entre diferentes corpos e vivências, me fez olhar além daquela caixa fechada que vivia e nem se quer percebia”, avalia.

O compositor, violonista e vocalista do grupo, Luciano Lira conta que ficou satisfeito com o resultado do videoclipe inclusivo, mesclando música, dança, libras e ancestralidade. “Ele mostrou a importância de todos os integrantes participarem ativamente de um projeto tão cheio de aprendizados. Todos tiveram que mergulhar nesse processo e aprender a dançar a coreografia construída por elas. Foi muito bonito ver cada um de nós, com a particularidade que cada corpo trás, se movimentando e dançando junto uma coreografia em libras feita para o orixá Obaluaê”, opinou.

Ele destaca ainda a participação dos dois bailarinos cadeirantes Aliny Rosa e Cleyton Bentes. “Ambos fazem parte da Cia Do Nosso Jeito, que por sinal já acumula prêmios internacionais de dança com inclusão”, enfatizou, destacando ainda no elenco a participação da intérprete de libras, Mayara Saraiva, que faz a tradução do texto da escritora Paloma Amorim.  

Ele explica que incluir esses profissionais nesse projeto foi essencial. “Vivemos em um tempo onde não dá mais para falar de certos temas sem incorporar as pessoas que têm lugar de fala dentro dessas questões. Se queríamos algo inclusivo precisaríamos de fato realizar o processo de inclusão em todas as etapas de realização da obra. E aí que mora a beleza desta experiência”, acredita.

Apesar das origens teatrais e experiência com atuação, essa foi a primeira experiência do grupo com uma produção audiovisual. Por isso, a vocalista Fernanda Noura avalia a realização do clipe como uma vivência intensa e cheia de aprendizados. “Em alguns momentos parecia que nada ia dar certo, foi uma união de forças de pessoas incríveis que fizeram esse trabalho acontecer, solucionar e conduzir tudo. Assistir ao resultado é uma sensação muito gostosa, e de muito orgulho por fazer parte dessa história que estamos construindo”, afirmou.

O projeto foi realizado com patrocínio do edital Natura Musical por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear) e com apoio da Lei Aldir Blanc e já foi exibido no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) e na Escola Astério de Campos, em ambos com uma roda de conversa com a Associação de Surdos do Pará.

Agende-se

Para assistir ao primeiro clipe do Bando Mastodontes com a música “Xaxará” basta acessar o canal do grupo no Youtube.

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