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Pinduca apresenta o novo álbum "No Embalo de Pinduca 2"

O Rei do Carimbó é o primeiro entrevistado do Projeto #LibCult, que reúne entrevistas de talentos paraenses nas mais diversas áreas da cultura

Enize Vidigal
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Pinduca chega com o novo disco, "No Embalo do Pinduca 2", um álbum duplo com 20 faixas carregado de carimbós inéditos, como "Te Quero Toda", composição de Douglas, filho dele, que abre o trabalho com a participação do neto Gabriel. E algumas surpresas, como a "Valsa do Papai e da Mamãe", parceria de Pinduca com a esposa, Deusa; e o conhecido "Hino de São Francisco", com arranjos diferentes.

Confira aqui o vídeo feito pela equipe da Redação Integrada de O Liberal com o rei do carimbó:

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O lançamento oficial será no dia 9 de maio, no teatro Margarida Schivasappa, do Centur, a partir das 19 horas, com entrada franca. Pinduca é também o primeiro entrevistado do Projeto #LibCult, série de entrevistas em audiovisual com personalidades veteranas da cultura paraense e também jovens talentos, que serão produzidas pelo menos duas vezes ao mês. O projeto faz parte da integração dos veículos do grupo Liberal e inclui entrevista na Rádio Liberal, matéria para o caderno de Cultura de O Liberal e entrevista gravada para o Portal O Liberal.

O novo álbum leva o mesmo nome do anterior, "No Embalo do Pinduca", que teve arranjos do renomadíssimo Manoel Cordeiro e direção de Marcel Arede. O disco acabou sendo indicado ao Grammy Latino de 2017 como Melhor Álbum de Raízes Brasileiras. Agora, sem a parceria de Cordeiro, Pinduca apresenta um disco com várias composições autorais, sendo grande parte em parceria com os filhos Douglas e Neném, com a esposa Deusa e o neto Gabriel. Ainda, na faixa "Sempre Aqui", Pinduca apresenta ao público a jovem Amanda Brito, que canta sozinha, e outra faixa com a crônica poética de Daniel Leite chamada "Bolsa de Mulher".

"O carimbó é a base desse novo trabalho. Em 'Te Quero Toda', que canto com o meu neto, Gabriel, o carimbó tem uma batida diferente, misturada com lambada", descreve. Tem mais carimbó no disco: "Eu Sou Aquele", "Muritipucu", "Nome da Santa", "Nome da "Santa" e "Tudo Caboclo do Interior", composições do próprio Pinduca, sendo os dois primeiros em parceria com a esposa, Deusa, e o último com o médico Albeniz. Os mestres Pardal e Jacinto e o baixista Príamo têm participação especial na valsa e em Sempre Aqui, enquanto o Acordeon Chico Chagas participa das músicas "Nossa Última Vez" e "Um Vale Por Conta".

image O Rei do Carimbó conta detalhes da carreira e da vida pessoal em entrevista exclusiva (Oswaldo Forte)

Pinduca chega aos 81 anos com 40 álbuns lançados

Alegria e criatividade nortearam a vida e a carreira de Pinduca, que chega aos 81 anos de idade com exatos 40 álbuns lançados. "Foram 20 LPs e 20 CDs", detalha o Rei do Carimbó, que iniciou a carreira musical como percussionista aos 14 anos de idade, na cidade de Igarapé-Miri, no Nordeste Paraense, onde nasceu.

"No Embalo de Pinduca 2" marca uma trajetória de 46 anos somente de gravações, sendo todos discos de carimbó, alguns exclusivos desse ritmo regional e outros mesclados com outros gêneros, mas sempre tendo o carimbó como prioridade.

Em entrevista à redação integrada O Liberal, Pinduca fez um balanço da carreira. Ainda, contou como foi a decisão de tornar-se um dos primeiros grandes difusores do carimbó na capital paraense, bem como de gravar o primeiro LP do gênero e levar o ritmo para outros estados e países. Ele também revelou como surgiu a ideia de montar o chapéu enfeitado de elementos regionais que tornou-se a marca dele.

Falou sobre o Grammy Latino, que perdeu para a amapaense Patrícia Bastos; como lidou com as perdas pessoais, como o falecimento dos pais e da filha caçula; e sobre o dia em que pensou em desistir da carreira porque "o carimbó estava em baixa".

A indicação ao Grammy Latino foi um dos momentos que marcou a vida desse artista. Ele recorda com entusiasmo a cerimônia de premiação em Los Angeles. Mas longe de se deixar abater pela tristeza de não ter vencido, Pinduca agradece: "Quase eu bato lá em primeiro lugar. Foi a primeira vez que um disco de carimbó entrou nessa disputa. Nós todos estamos de parabéns. A nossa música chegar lá onde chegou, meu Deus, é um sonho".

"Eu já tive muitos dias felizes, muitas oportunidades, eu sou todo o tempo alegre. Andei no tapete vermelho no Grammy, em Las Vegas. Só deu ter ido pra lá já foi uma vitória, ganhei uma medalha".

Pinduca iniciou a carreira aos 14 anos. Em pouco tempo passou a se apresentar em Abaetetuba e, depois, em Belém, onde iniciou tocando em orquestras de bailes. "Eu digo que a minha carreira parece um relógio pequenino, que ninguém vê ele se mexer, mas ele está andando", descreve. Na capital paraense, ele tornou-se baterista e tocava na Orquestra de Orlando Pereira, onde atuava em diferentes gêneros musicais, como bolero, samba e frevo. Pinduca chegou a integrar as forças armadas. 

Ao voltar-se novamente à música, teve a oportunidade de lançar o primeiro disco solo. Ele conta que, quando disse ao produtor do álbum que queria fazer um disco de carimbó, avistou nele uma careta acompanhada da pergunta "O que é isso?". "Eu assustei o cara. Expliquei que o carimbó era uma música do interior, que ninguém ouvia na capital", conta.

Pinduca apostou que o ritmo ia conquistar o público da capital e acertou na escolha. "A gravadora me botou para andar o Brasil todinho para divulgar o carimbó, inclusive no exterior, percorri quase toda a América Latina, fui para a África, a França...".

Um dos maiores orgulhos do cantor e compositor paraense foi ver a música dele tocando na novela "A Força do Querer", da Globo, para embalar a protagonista interpretada por Ísis Valverde, que dançava carimbó. "Eu fiquei muito alegre, deu vontade de dançar e curtir", recorda.

Em contraponto à ascenção do carimbó na cena nacional e internacional, Pinduca recorda do dia em que pensou em desistir da carreira: "No Brasil tem essa coisa de sobe e desce na música. Falei para a minha patroa, a Deusa: 'vou parar por aqui, o carimbó não tá dando mais'. Eu ia pendurar a chuteira. Disse isso hoje, quando foi amanhã, o Ronaldo Maiorana me contratou para eu fazer um show na Assembleia Paraense. Eu nunca tinha me apresentado lá".

A ideia de fazer o chapéu enfeitado como adereço nas apresentações de carimbó de surgiu em Cametá, quando Pinduca avistou um pescador no barco atracado no trapiche, que usava o chapéu de abas grandes. "Eu ia para São paulo, me apresentar no programa do Flávio Cavalcante. Eu perguntei para o pescador por quanto ele me vendia o chapéu. Quando eu disse que eu era o Pinduca e para o quê eu queria, ele disse que ia me dar o chapéu. Quando cheguei em Belém, fui ao Ver-o-Peso comprar vários enfeites para pôr no chapéu".

O adereço é trocado a cada seis meses. Nesse período, Pinduca agrega várias lembranças à aba do chapéu, desde uma pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré, pequenas cuias, paneiros, penas de aves, cerâmicas em formato de vasos marajoaras e de animais, porções de patchouli, ramos de flores sempre-viva, souvernirs dos Bois Garantido e Caprichoso de Parintins e até um pequeno sistema elétrico que acende luzes no chapéu. "Eu não posso sair sem esse chapéu, se não nem me deixam cantar".

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