Mestre Lázaro exalta cultura paraense e leva elementos de Bragança para o carimbó

Natural da vila de Ajuruteua, o compositor de 65 anos se inspira nas comidas típicas, floresta, frutas e festejos do estado para criar suas canções

Juliana Maia
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Compositor desde os 14 anos, Lázaro Fernandes, o Mestre Lázaro, sempre sonhou em viver para a música. Atualmente com 65 anos, ele é referência no carimbó, já possui aproximadamente 170 composições e começou a se dedicar totalmente à cena musical aos 59 anos, após concorrer a um prêmio nacional no qual conquistou o terceiro lugar e foi reconhecido como mestre de cultura.

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“Em 2018 gravei meu primeiro videoclipe, da música ‘Colhereira’. Um ano depois, eu concorri ao ‘Prêmio de Culturas Populares’ do Ministério da Cidadania e tudo mudou. Nós éramos 908 candidatos, me exigiram 26 composições autorais e mandei para Brasília. Fiquei em terceiro lugar a nível nacional. Eu já era incluído em um grupo de carimbó, mas não reconhecido como mestre. Depois desse prêmio passei a ser conhecido e reconhecido como mestre de cultura e de carimbó”, conta.

Mestre Lázaro é também pescador, carpinteiro e líder comunitário, atuando fortemente em busca de melhorias para a sua comunidade, a vila dos pescadores de Ajuruteua, localizada em Bragança. Antes de fazer parte de um grupo de carimbó, o compositor se apresentava em bares da cidade e lá cantava músicas autorais que até hoje têm como marca as belezas naturais que o cercam no local onde ele mora desde que nasceu.

“Os pássaros, o mangue, a lua, tudo serve de inspiração para mim. Sempre fui apaixonado e alucinado pela cultura, desde novo, e meu ritmo é o carimbó. Como Bragança é considerada a terra do xote, eu componho muito xote também e apresento a cultura bragantina. Já gravei retumbão e samba. Hoje estou me sentindo muito bem na arte de mestre e tenho um grupo de carimbó chamado “Mani de Urutá”, que é uma homenagem à essência da mandioca bragantina unido à maniva, que dá origem à maniçoba.”

Para criar suas composições, o músico de 65 anos observa tudo o que está ao seu redor, seja na vila de Ajuruteua, pelas ruas de Bragança ou nas comidas do Pará. Uma das marcas usadas nas apresentações de carimbó é o seu chapéu de palha decorado com conchas. O acessório foi confeccionado por ele mesmo e possui, nas pontas, as conchas colhidas por ele durante algumas caminhadas pela praia do município.

image Mestre Lázaro usando seu chapéu de conchas em uma das apresentações com o grupo "Mani de Urutá" (Foto/Reprodução/Instagram: @mestrelazarooficial)

Entre as composições, ele tem desde referências ao Glorioso São Benedito, padroeiro de Bragança, a dedicatórias para as erveiras do Ver-o-peso, e até mesmo homenagens aos profissionais que estavam na linha de frente durante a pandemia de 2020. “A música ‘Anjos de Branco’ é uma comemoração à junta médica pela vitória contra a Covid-19. Aos médicos, enfermeiros e farmacêuticos”, explica.

“Como eu sou devoto de São Benedito, eu compus a música 'Eu vou pra orla'. Ela retrata a travessia dele, que é o deslocamento dele da Vila do Camutá para Bragança. Na música diz tudo, retrata o trajeto do Santo Preto para a nossa cidade bragantina, retrata a Marujada, a chegada dos devotos para esperá-lo na orla e a grande procissão do dia 26 de dezembro”, ressalta.

Com agenda de shows já aberta para este ano, Mestre Lázaro pretende gravar duas canções em ritmo de xote para serem lançadas até o mês de fevereiro. Para o segundo semestre, ele conta já ter planos, como o lançamento de um retumbão, ritmo dançado na Marujada de Bragança, e uma música exaltando a farinha do município, que, para ele, é a melhor do mundo.

(*Juliana Maia, estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)

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