Dia Nacional da Mulher Sambista é criado em homenagem à Dona Ivone Lara

A data oficializada nesta sexta-feira (5) será comemorada anualmente no dia 13 de abril. No Pará, a novidade é comemorada entre as sambistas.

Juliana Maia
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Como forma de homenagear o legado de Dona Ivone Lara, a rainha e primeira-dama do samba, como é conhecida, o governo federal instituiu, por meio da lei nº 14.834 publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (5), o dia 13 de abril como o "Dia Nacional da Mulher Sambista". O texto, assinado pelo presidente Lula e pelas ministras da Cultura, Margareth Menezes, e das Mulheres, Cida Gonçalves, é motivo de comemoração entre as sambistas da capital paraense.

Ivone Lara deixou sua marca na história do samba e participou de um momento importante por ser a primeira mulher a integrar a ala de compositores da Império Serrano. A artista também já teve seu trabalho homenageado no Carnaval carioca, período festivo pelo qual ela sempre teve apreço.

Em 2012, ela virou tema do enredo da Império Serrano, em "Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba". Quatro anos depois desse Carnaval, em abril de 2018, Ivone Lara morreu e foi velada na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, no Rio de Janeiro. A música escrita por ela, "Sonho Meu", um clássico da música brasileira, ganhou diversas versões ao longo dos anos, interpretada por Maria Bethânia, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira e vários outros cantores.

Inspiração no samba paraense

A artista Tici Santos, cantora e integrante do coletivo "Tem Mulher Na Roda De Samba" acredita que a criação desta data é uma vitória para as mulheres deste segmento artístico. Para ela, esta é uma forma de ser vista e valorizada no espaço que é, por direito, das mulheres.

"A conscientização feminina de que esse espaço também é nosso precisa ainda ser muito trabalhada. Se permitirmos, somos 'engolidas', porque as rodas de samba são majoritariamente masculinas ainda. Precisamos de mais 'manas' tocando, mostrando seu talento e poder no samba. [A data] é representatividade pura", destaca Tici Santos.

image Tici integra um grupo feminino de samba em Belém (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de Ivone Lara, Tici tem como referência em sua trajetória a poesia da cantora Clementina de Jesus e a presença de Alcione, com quem aprendeu a ter postura de poder na hora de cantar. Leci Brandão e a potencialização do samba social e a paraense Mariza Black também são inspirações na carreira da sambista.

"Ivone Lara me ensina todo tempo que a arte que sai de mim, é minha. Ela é um símbolo de residência e um talento que foi abafado por tempos pelo masculino que assinava como compositor suas letras de música. Ela inaugurou com classe, talento e poder o feminino nas escolas de samba com compositora. Nada mais justo que celebrar as vozes femininas que marcaram e as vozes das sambistas mais novas que não deixam o samba morrer", complementa.

Assim como Tici, Carla Cabral também faz parte do "Tem Mulher Na Roda De Samba", que celebra a força do samba feminino paraense, e vê Dona Ivone Lara como a sua rainha. "A gente pensa nela e o coração aquece. Referência como ser humano e artista. Escuto uma música dela e penso: como pode ser tão linda e imensa? Que sorte que tenho em poder ouvir isso", celebra a sambista.

image Carla Cabral também participa do coletivo "Tem Mulher Na Roda De Samba" e do grupo "O Charme do Choro" (Crédito: Marcelo Lelis)

Segundo Cabral, se faz mais que necessário ter uma data oficial para evidenciar ainda mais a história da mulher sambista e reforçar os caminhos trilhados ao longo da vida. Com a lei sancionada, a cantora também integrante do grupo feminino "O Charme do Choro" espera que as mulheres do gênero musical sejam vistas como peças fundamentais da alma brasileira.

"Somos compositoras, musicistas, cantoras, arranjadoras, produtoras, diretoras e toda uma classe que escreve muito bem escrita a nossa história. O samba é feito por mulheres. O nosso sentimento é sempre de luta, de quem combate o machismo", celebra Carla Cabral.

(*Estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)

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