Coletivo Mergulho lança o álbum 'Cantos de Encantaria'

O projeto artístico de Carol Magno e Renato Torres chega acompanhado do videoclipe da faixa 'Riozinho'.

Enize Vidigal O Liberal
fonte

O Coletivo Mergulho, formado pelos artistas paraenses Carol Magno e Renato Torres, lança o primeiro álbum “Cantos de Encantaria”, nesta quinta-feira, 15, nas plataformas digitais e também em formato físico (CD). “Nesse álbum a gente tenta trabalhar sonoridades a partir do que as melodias vão nos trazendo, como batuques, ijexá e melodias que se dirigem para matrizes afroindígenas”, resume a cantora. Ainda, a faixa "Riozinho" vai ganhar videoclipe no próximo dia 23, no canal do coletivo no Youtube.

“As pessoas podem esperar dessas músicas uma grande vibração espiritual”, acrescenta Renato. “O álbum percorre diversos caminhos musicais, todos acústicos, que buscam servir a narrativa das canções. Musicalmente, o disco se insere em tradições da música acústica brasileira com ênfase na percussão e nos arranjos vocais. Em cada canção um ambiente vai se abrindo musicalmente e tematicamente”, completa o cantor e compositor.

Ouça aqui.

O Coletivo Mergulho surgiu em 2013 e vem realizando vários projetos nas áreas da música, poesia, performance e linguagem de teatro. Em “Cantos de Encantaria”, os artistas se revezam nos vocais, com ele assumindo também o violão e o ukulele, em músicas inéditas de autoria da dupla, além de dividirem a produção e a direção do projeto, com arranjos próprios em colaboração com os demais músicos que participaram da gravação.

’Cantos de Encantaria’ significa “som da nossa natureza, voz de dentro e de fora”. As composições trazem elementos da pajelança cabocla amazônica e das raízes afro-indígenas presentes na cultura e na espiritualidade do Norte do Brasil. “Esse trabalho fala muito de energia, da energia das matas da Amazônia”, afirma Carol.

Nesse trabalho, o duo apresenta a experiência de estar em lugares de encantaria, ou seja, de natureza, como “Riozinho”, no município de Colares, no Nordeste Paraense; e Cachoeira dos Pretos, dedicado ao lugar homônimo que fica na cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo. “Eu diria que foram elas (encantarias) que nos levaram (...) O canto em si mesmo já traz imanente uma boa dose de encantamento, e esses ‘Cantos de Encantaria’ são a nossa forma de honrar essas energias naturais que nos acompanham e fortalecem desde sempre”, acrescenta ele.

image (Rogério Folha)

Faixas e clipe

O álbum teve três singles lançados antecipadamente: “Minha Mãe”, que mistura boi-bumbá com ijexá; a valsa de cordas “Mergulho”; e a levada crescente de “Riozinho”.

“A gente escolheu ‘Riozinho’ para o clipe porque é uma canção muito representativa do nosso trabalho e que tem uma simbologia muito forte pra gente. Aquele lugar (Riozinho), que fica dentro do sítio Canto do Urutaí, é o nascedouro dessa canção, tem representatividade na nossa história enquanto parceiros de vida, é um lugar de muita encantaria”, revela Carol.

O videoclipe foi gravado no Riozinho, à beira da mata, sob a direção de João Urubu. O roteiro foi elaborado em conjunto pelo diretor e pelo duo com a proposta de “transmitir” a energia do lugar ao público e apresentar a experiência de criação artística de Carol e Renato às margens do Riozinho.

A partir de hoje, o público pode conhecer as outras dez faixas do álbum. O clima da encantaria abre o projeto com “Chuva”, um dos temas de voz cantada, mas sem letra, composto por Carol Magno, que traz a flauta crescente de Paulo Borges. Outra música sem letra, é “Lamento da Mãe D’água”, cantado por Carol, que enfatiza as forças feminina das águas e denuncia a degradação ambiental, com percussão fluida de João Paulo Pires e a viola da Jade Guilhon. Ainda, a instrumental "Cachoeira dos Pretos", uma exaltação à ancestralidade negra e um libelo contra a escravidão e o racismo.

"’Jurunaldeia’" fala sobre a origem de caboclos urbanos, os bairros que a gente nasceu, como Jurunas e Guamá, e a própria cidade de Belém como periferia do Brasil, mas que guarda a força da ancestralidade da Amazônia”, descreve Renato Torres. Já a faixa “’Oxum e Oxóssi’, conta um pouco a história dos nossos vodus e da história de amor entre eles”, explica Carol.

"Maré Cheia" e “Canto pra Mãe do Mar” falam novamente sobre a feminilidade das águas, com a primeira sendo um ijexá e, a segunda, uma devoção à mãe do mar com a presença forte do violão de 7 cordas de Marcelo Ramos. A percussionista Katarina Chaves leva o tambor de terreiro para a canção “Baia Morena”, que fala sobre os giros e as danças de terreiro. Enquanto "Canção Cigana" aborda a ancestralidade do povo cigano com influências do Leste Europeu nos arranjos, com destaque à sanfona de Tista Lima.

Todas as músicas foram compostas pelo duo, exceto “Chuva” (Carol), e “Encantado”, essa última evidenciada pelos tambores de JP Cavalcante, que Carol e Renato compuseram junto com Rafael Couto.

Outros músicos que tiveram participação especial no álbum foram: Príamo Brandão (baixo acústico), Camila Barbalho (baixo elétrico); Armando de Mendonça (violino) e Rodrigo Ferreira (teclados). O álbum foi gravado, mixado e masterizado por Renato Torres.

O álbum e o clipe foram produzidos com recursos da emenda parlamentar de Edmilson Rodrigues, quando foi deputado federa, por meio da Fundação de Amparo e Desenvolvimento à Pesquisa (Fadesp) e da Faculdade de Comunicação (Facom), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

 

 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Música
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MÚSICA

MAIS LIDAS EM CULTURA