Choro Jazz encerra edição no Marajó apostando no encontro entre gerações e estilos
Festival reuniu nomes como Patrícia Bastos e Manoel Cordeiro em três dias de programação gratuita em Soure
O Festival Choro Jazz – Etapa Soure chegou ao fim neste domingo (13) deixando um legado de emoção, encontros memoráveis e celebração da música brasileira. Durante seis dias, a programação reuniu oficinas de formação e apresentações musicais com entrada franca, trazendo artistas da região amazônica e de outras partes do país. O evento, patrocinado pela Petrobras e Ministério da Cultura, teve curadoria de Capucho e organização da Iracema Cultural.
No sábado (12), o público acompanhou os shows do grupo Eco Marajoara (PA), de Renato Braz (SP), Patrícia Bastos (AP) e Cristóvão Bastos (RJ), da dupla cearense Tâmara Lacerda e Ranier Oliveira com o grupo amazonense Gaponga, e do quarteto carioca Tocaia, que encerrou a noite com forró instrumental.
A noite de sábado ainda teve momentos distintos. O grupo Eco Marajoara abriu a programação com música e dança de vertentes tradicionais do Pará. Na sequência, o trio formado por Renato, Patrícia e Cristóvão apresentou um repertório voltado à canção brasileira e ao jazz, com ênfase no intimismo e na harmonia refinada.
O show seguinte reuniu o grupo Gaponga, do Amazonas, com os cearenses Tâmara Lacerda e Ranier Oliveira, explorando ambientações sonoras e improvisos. O encerramento ficou com o grupo Tocaia, formado por quatro musicistas do Rio de Janeiro, que tocaram forró com arranjos jazzísticos e convidaram o público a dançar, inclusive formando uma quadrilha improvisada.
Patrícia Bastos comentou a experiência de cantar pela primeira vez em Soure. “Apesar de morar dentro dessa floresta, nunca tinha vindo ao Marajó. É um lugar muito falado, muito desejado. Participar do Choro Jazz era algo que eu queria há muito tempo, e ainda por cima com Cristóvão e Renato, com quem estou iniciando um novo trabalho”, disse. O show também contou com a participação de Manoel Cordeiro, convidado ao palco nos momentos finais.
O encerramento do festival no domingo (13) contou com um público numeroso no Parque de Exposições. A noite começou com o Grupo de Tradições Folclóricas Os Aruãs (PA), seguido pelo show de Jane Duboc (PA) e Gilson Peranzzetta (RJ), com um repertório centrado em canções da MPB. Na sequência, o palco recebeu o grupo formado por Arismar do Espírito Santo, Filó Machado, Gabriel Grossi e Michael Pipoquinha, que apresentou um set instrumental com solos virtuosísticos e momentos de improviso coletivo.
A última apresentação da noite foi de Manoel Cordeiro, em um show voltado para a dança, com banda numerosa e repertório que alternou carimbó, guitarrada e elementos de pop e jazz.
“Foi muito especial. Estou começando um novo projeto e trouxe uma formação que é quase uma retomada da Esquema Central, banda que tive nos anos 80. A ideia é experimentar uma nova estética e fazer disso um ponto de partida para outros caminhos”, contou o músico paraense.
Para além dos shows, o festival promoveu oficinas entre os dias 9 e 11, voltadas à formação musical. Segundo Capucho, idealizador do evento, o objetivo é aproximar diferentes regiões do país. “A curadoria sempre busca misturar o regional com o nacional, mostrar um Brasil que o Brasil ainda não conhece. A ideia é levar e trazer informação, e formar plateias”, explicou.
Ele também falou sobre a recepção local e os planos futuros. “O público abraçou nomes que não são midiáticos, o que mostra uma vontade de conhecer outras sonoridades. Existe um apelo para que o festival se torne permanente aqui. Estou articulando a criação de uma escola de música em Soure, ligada ao Choro Jazz, como um próximo passo”, disse Capucho.
Com foco na música instrumental e no diálogo entre tradição e experimentação, o Festival Choro Jazz passou por Fortaleza, Jericoacoara e agora Soure. A próxima etapa ainda não foi anunciada oficialmente, mas o desejo de retorno à capital do paraense foi manifestado. “Acho que Belém merece uma edição do festival no futuro próximo”, disse Capucho
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