Arthur Nogueira canta poema nunca antes musicado de Adília Lopes em novo single de projeto
Com produção do paraense STRR, "A Propósito de Estrelas" chega às plataformas de música nesta sexta

Nesta sexta-feira (19) chega às plataformas de música a terceira parte do projeto mais recente do músico paraense Arthur Nogueira. Três anos depois do celebrado álbum "Rei Ninguém" (2017), o cantor e compositor volta a apresentar não só novas canções próprias, como também parcerias inéditas.
Depois de letras escritas por Fernanda Takai ("Pontal") e Zélia Duncan ("Dessas Manhãs Sem Amor"), a música de Nogueira recebe agora a poesia de Adília Lopes. O single "A Propósito de Estrelas" — o primeiro poema de Adília musicado no Brasil — tem melodia criada pelo artista paraense a partir do poema homônimo da autora portuguesa. A faixa dá prosseguimento ao novo projeto autoral de Arthur, que consiste em cinco canções inéditas realizadas com o Prêmio de Produção e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará (FCP).
Assim como os dois anteriores do projeto, o single "A Propósito de Estrelas" foi gravado em Belém, sob a produção musical de STRR, pseudônimo de Mateus Estrela. “Foi um processo muito interessante, porque eu queria misturar essa modernidade do STRR com a canção, e o Jacinto Kahwage, que é pianista, traz a canção; e a gente faz isso que soa como algo totalmente diferente. É um pop leve, arejado”, conta Nogueira.
"O STRR sugeriu que gravássemos o piano do Jacinto Kahwage a partir de uma levada da clássica TR-808, a primeira caixa de ritmos programável, da Roland. Quando ouvi o resultado, entendi como samba, então propus que a gente sampleasse também surdo e tamborim", conta Nogueira.
Adília Lopes, dona das letras agora musicadas, é um dos principais nomes da poesia contemporânea portuguesa. Nascida em Lisboa, ela é dona de uma extensa obra, e também conhecida por sua reclusão. Ciente disso, Arthur então temeu que ela não autorizasse a canção, até que ele conseguiu contato por meio da editora que a publica em Portugal.
“A editora levou a canção até ela, e ela respondeu dizendo que sorriu quando ouviu, e que autorizava. É uma grande conquista para mim, digo que é umas das maiores conquistas da minha carreira”, celebra o compositor, cuja obra inclui músicas para versos de grandes poetas brasileiros, como Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz, e estrangeiros, como Adonis (Síria) e Rose Ausländer (Ucrânia).
Além da conquista com o poema de Adília, o novo projeto também marca uma espécie de transição na carreira de Arthur. Ele saiu de Belém em 2012, quando mudou-se para o Rio de Janeiro e em seguida São Paulo.
O artista relembra que foi na capital paulista que firmou a carreira como compositor, e também onde gravou seus dois primeiros álbuns, “Sem Medo Nem Esperança” (2015), e “Rei Ninguém” (2017). Atualmente ele vive uma espécie de retorno gradual à Belém, o que considera importante dentro de sua obra.
“Essa saída foi importante porque ressignificou minha relação com Belém. Quando eu saí estava naquele momento dos ritmos locais, um movimento de valorização da produção; e eu não queria fazer isso. Não porque não gostava, mas porque minha intenção sempre foi a poesia. Eu digo que só faço música por causa dos poetas”, destaca ele.
“Eu tenho uma relação com Belém que é um pouco aquele poema do Max Martins, onde diz ‘Que tua casa não é lugar de ficar, mas de ter onde se ir’. Eu vejo Belém dessa forma, não como um lugar no mapa que me aprisiona, mas como um lugar que me formou e está em mim. Belém sou eu, de um ponto de vista muito mais profundo do que se eu cantar carimbó ou guitarrada, por exemplo”, diz.
Ao longo da carreira, Arthur lançou quatro álbuns próprios e compôs para grandes vozes, como Gal Costa (“Sem Medo Nem Esperança”), Fafá de Belém (“Ave do Amor”) e Cida Moreira (“Preciso Cantar”). Considerado o artista contemporâneo responsável por renovar "a tradição dos poetas na canção brasileira" (O Globo), sua música agrega, por exemplo, a poesia de autores nacionais e estrangeiros, entre os quais Antonio Cicero, Adonis (Síria) e Rose Ausländer (Ucrânia). Dentre outros títulos, lançou os CDs: “Sem medo nem esperança” (2015), “Presente (Antonio Cicero 70)” (2016) e “Rei Ninguém” (2017). É o produtor musical dos álbuns “Humana” (2019), de Fafá de Belém, e "Só" (2020), de Adriana Calcanhotto.
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