Livro conta a história do bairro do Guamá

O professor e historiador Messiano Ramos acaba de lançar o livro resultado de 24 anos de pesquisas

Enize Vidigal O Liberal

O professor e historiador Messiano Ramos acaba de lançar o livro “Entre Dois Tempos: uma breve história do bairro do Guamá”, pela Editora Paka-Tatu. A obra trata das origens e do processo de ocupação do bairro ao longo do tempo, incluindo um documentário fotográfico e mais de 60 entrevistas com moradores. Entre os destaques da obra está a história do antigo leprosário que existiu no local e o título do rei de Portugal que doou ao sesmeiro português Theodoreto Soares Pereira a antiga fazenda que deu origem ao Guamá, datado de 1728.

Messiano Ramos tem especializações em Gestão Escolar e em História da Amazônia e Mestrado em Antrologia. É diretor de uma escola e professor de Educação Básica do Município de Belém. E, principalmente,  mora no Guamá desde a infância, onde milita em movimentos sociais.

“Entre Dois Tempos” é a ampliação do livro anterior com a história do bairro, que foi publicada pelo autor no ano de 2002, por ocasião do aniversário de 50 anos da Escola Frei Daniel. “A história  do Frei Daniel está ligada ao bairro. Ele era um padre capuchinho que chegou ao Brasil no final do Século XIX para o início do Século XX e foi para Igarapé-Açu, onde pegou a hanseníase, e veio se isolar no Hospício dos Lázaros do Tucunduba, como era chamado o leprosário, onde ele ficou até morrer”, conta o professor.

image Capa do livro 

Segundo ele, “hospício” era como eram denominados genericamente os hospitais. O Hospício dos Lázaros do Tucunduba recebia pacientes de hanseníase. O nome tem origem na ordem religiosa de São Lázaro, cujo grão-mestre foi hanseniano. “Era comum que os hospitais de hansenianos no Brasil fossem chamados de hospitais dos lázaros ou de lazarentos”.

O Hospício do Tucunduba foi criado em 1815, e permaneceu sob a administração da Santa Casa de Misericórdia até ser desativado 1938. “Foi o primeiro leprosário da Amazônia. Foi desativado porque o bairro cresceu e se tornou próximo do contexto da cidade, não era mais um lugar de difícil acesso, estava próximo das pessoas sadias. Na época da desativação havia 300 os pacientes no local, que foram transferidos para a colônia do Prata, no município de Igarapé-Açu”. Na época, a hanseníase era considerada muito perigosa e os pacientes costumavam ser segregados do convívio social para prevenir o contágio na sociedade.

“O leprosário do Guamá era uma colônia constituída de vários pavilhões, como pavilhões de homens, de mulheres e de crianças, enfermaria e até prisão, onde ficavam recolhidos os líderes de rebeliões ou de fugas. Havia até uma moda de circulação interna do leprosário”, acrescenta o autor.

“Além de morar no Guamá desde quando nasci, eu morava no local que era as ruínas do antigo leprosário. Depois de desativado, algumas casas de madeira dos hansenianos foram queimadas, mas ficaram os pavilhões de alvenaria. A Santa Casa, diante do adensamento populacional, começou a lotear e a vender os terrenos. O meu avô, João Gerardo Trindade, comprou um desses terrenos nos Anos 60 e aproveitou as paredes do pavilhão para construir partes da casa e muro de quintal. O pavilhão tem uma arquitetura diferente, com paredes de mais de 70 centímetros de espessura e portas e janelas feitas em arco”, descreve.

Messiano Ramos iniciou a pesquisa em 1997 e pretende dar sequência, inclusive, para a publicação de novos livros. “A ideia é falar das origens do bairro, que se tornou o mais populoso de Belém. Nos próximos livros, quero agregar mais informações sobre a ocupação do bairro”.

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