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Dia da Amazônia: Mulheres marisqueiras do Pará compartilham conhecimento em livro de receitas

Publicação em e-book é lançada com diversas receitas tradicionais das populações dos manguezais

Lucas Costa
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O contato com os rios amazônicos ao longo da vida é sinônimo de conhecimento. É preciso entrar no ritmo das águas para sobreviver e conviver em harmonia com o ambiente. Parte desse conhecimento passa a ser compartilhado com o mundo com a publicação do livro “Cozinha de Maré - As mulheres e a cultura alimentar nativa dos manguezais amazônicos do Pará”, lançado gratuitamente neste domingo, 5, no site da campanha Mães do Mangue, em formato de e-book, em celebração ao Dia da Amazônia.

Munjica de caranguejo, puqueca de gó, sopa de ostra com leite de coco, sarnambi refogado: são algumas das receitas das populações dos manguezais do Pará reunidas no livro. A publicação apresenta receitas e também histórias de vida das marisqueiras Adaiza Braga Correa, Edite Silva, Joana de Castro, Juliana Alves, Lourdes Souza, Maria Antônia Costa, Maria Brito, Maria da Silva, Maria do Socorro Souza, Marizete Araújo, Naldilene de Souza, Patrícia Farias, Sônia Corrêa, Sandra Gonçalves e Taciara Silva.

image Maria Machado e Luciano dos Reis (cantador de pássaro junino e boi) e família na Resex Gurupi Piriá, município de Viseu, com o vinho de buriti (Antônia Muniz/Divulgação)

Com iguarias culinárias das 12 Reservas Extrativistas (Resex) Marinhas e uma Área de Proteção Ambiental (APA), a APA Algodoal/Maiandeua, o livro está dividido em quatro partes: “Receitas entremarés”, com pratos da cultura alimentar de pescadoras e pescadores passadas por gerações; “Receitas de maré alta”, com preparos a partir de ingredientes frescos e temperos colhidos no tempo da natureza; “Receitas de mangues e raízes”, com as receitas de caranguejo, siri e o turu; e “Receitas Vazante em festa”, com pratos feitos com mandioca como a farofa de bicho de tucumã.

Angelina Rodrigues, da Resex de Soure, conta que muitas receitas são heranças de povos originários. “Eu nasci aqui, nasci nessa vida de tirar caranguejo, de ir para maré. Acho que o conhecimento que a gente tem veio dos índios que viviam aqui”, explica. Maria Brito, da Resex Mestre Lucindo completa, refletindo sobre a atividade pesqueira: “Eu aprendi acompanhando a minha mãe. Eu sustento minha família na mariscagem e para mim é como se fosse uma terapia, ficar aqui na maré, pensando na vida”.

image Antônia Costa com o turu na Resex Tracuateua, município de Tracuateua (Antônia Muniz/Divulgação)

Conhecimento compartilhado

Ao longo da semana, as associações extrativistas continuam uma série de atividades alusivas à Campanha Mães do Mangue, iniciadas na última sexta-feira,3, para promover a integração entre as mulheres marisqueiras, com diálogo sobre o trabalho e as perspectivas de futuro. A programação terá ainda apresentação do livro “Cozinha da Maré”, além de uma série de vídeos em curta-metragem, realizados especialmente para contar as histórias de vida de quem trabalha e vive no mangue. Divididos em quatro episódios, os vídeos já estão disponíveis no canal da Rare Brasil, no YouTube.

image A marisqueira Cesarina Monteiro, conhecida como Pepe, na extração de sarnambi na Resex Mestre Lucindo - município de Marapanim (Antônia Muniz/Divulgação)

Bruna Martins, gerente do Programa Pesca para Sempre, da Rare, defende a importância de ativar a campanha e a publicação ao promover vivências com grupo de mulheres. “Um ponto forte será a inauguração do Espaço da Mulher Extrativista no município de Magalhães Barata. A campanha teve esse objetivo, de reunir essas mulheres e mostrar como elas são protagonistas na conservação e defesa do mangue”, comenta. 

Além da Rare, a realização do projeto envolve uma série de organizações: Purpose, Associações dos Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras (AUREMs) e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), com apoio de Oceana, Ame o Tucunduba, Climainfo, Conservação Internacional, Instituto Manguezal, Instituto Nova Amazônia, Instituto Peabiru, Liga das Mulheres pelo Oceano, Toró – Gastronomia Sustentável.

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