Caiaques tomam o lugar dos carros durante maré alta no Ver-O-Peso
Grupo que usou caiaque para circular na maior feira livre da América Latina viraliza nas redes sociais e planeja novo passeio no próximo ano

Os carros cederam lugar aos caiaques no entorno do Ver-O-Peso, por causa da maré alta registrada no último sábado (23). Com a cheia da baia do Guajará, as embarcações individuais foram o meio de transporte predominante e mais eficiente.
O grupo conhecido como "Canoeiros" realizou o passeio inusitado, entre as barracas da maior feira livre da América Latina, durante a maré alta que alcançou 3,7 metros.
Fotos e vídeo gravados no local têm repercutido nas redes sociais.
O passeio também serviu para protestar contra a situação que os feirantes e frequentadores do Ver-O-Peso enfrentam em épocas de maré alta.
O grupo composto por oito membros navegou por entre as barracas e ao longo das avenidas Portugal, Marechal Hermes e 15 de Novembro.
Aguardamos por uma hora em frente ao Ver-o-Peso, diz instrutor
De acordo com o fundador do grupo e instrutor de canoagem Nedson Rosa, idealizador do passeio "diferente", o grupo sempre faz passeios aos finais de semana pela orla de Belém e nas ilhas na capital.
Quando soube da maré alta, decidiu aguardar em frente ao Ver-O-Peso para "entrar" na cidade, após confirmarem com os feirantes que as águas tomariam conta da feira.
"Ficamos quase uma hora andando no Ver-O-Peso. Entramos na Travessa João Alfredo, na Avenida 15 de novembro, e um colega entrou no Mercado", destaca Nedson.
O passeio também foi uma forma encontrada pelo grupo para protestar contra as enchentes e alagamentos que tomam conta de Belém. "A realidade da cidade com relação ao alagamento é muito triste. De uma certa forma fazemos isso para dar visbilidade para os feirantes e para o Ver-O-Peso que sofrem todo o início do ano. Por mais que tenha o cuidado do poder público é evidente que a questão do lixo contribui para esse problema. Foi uma forma de mostrar para as outras pessoas que a natureza é implacável, e a cidade sofre, principalmente para quem depende do comércio", enfatiza Nedson.
Em 2020, instutor planeja montar grupo com 30 caiaques
Com a postagem das fotos e do vídeo nas redes sociais do grupo, a repercussão foi instantânea. Amigos e participantes de todo o Norte começaram a comentar e perguntar se a situação era verdadeira.
"Todo mundo comentou. Não imaginavam que a água entrava daquela forma na cidade. Muita gente não faz ideia do que o belenense passa aqui. Eu moro no subúrbio, e bairros como a Terra Firme, Guamá e Cremação sempre enchem", afirma o instrutor. "Acabou reanimando o sentimento de pertencimento das pessoas que estão morando fora. Teve gente que disse que 'queria estar remando nesta maré alta'. Para uns é choro e para outros, alegria."
O grupo tem seis anos de existência e já planeja um novo passeio no mês de março do ano que vem. "Vamos colocar no calendário das nossas remadas. Só falta achar um nome perteito: ou vai ser a Remada da Maré Grande ou Remada da Enchente. Vamos esperar a maior maré que sabemos que é março. Aguardem que para o ano vamos colocar sem dúvida uns 30 caiaques lá", promete.
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