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Boi Vagalume, do bairro da Marambaia, busca se tornar instituto como Arraial do Pavulagem

O Boi Vagalume da Marambaia, há 13 anos, também preta serviços culturais e atualmente está em processo de regulamentação para se tornar também uma Instituição

Emanuele Corrêa
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Um instituto cultural desempenha um papel de intermediador e facilitador dos processos que ocorrem dentro das manifestações culturais com a população. Este é só um dos seus destaques, pois, a partir da formalização, é possível utilizar a razão social para concorrer a editais, captar recursos, entre outros. O Instituto Arraial do Pavulagem é um exemplo de entidade que fomenta a cultura popular há 36 anos. O Boi Vagalume da Marambaia, há 13 anos, também presta serviços culturais e atualmente está em processo de regulamentação para se tornar também uma Instituição.

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A advogada Maria Cláudia Santos, 51 anos, é uma das fundadoras do Boi Vagalume, que iniciou suas atividades em 23 de abril de 2010, junto ao seu amigo de infância, mestre Cuité. Ela relembra como surgiu a proposta que começou como uma brincadeira. "Iniciei a convite de Cuité Marambaia, que é o criador e idealizador do Vagalume. Achei a ideia de levar essa brincadeira para as ruas da Marambaia maravilhosa, pois a cultura dos bois bumbás no bairro estava sendo esquecida, e faz parte da minha memória afetiva as manifestações nas ruas do bairro, de brincadeiras levadas por bois tradicionais, como o Boi do Curió e o Boi do Mestre Alarino", iniciou seu relato,

Após isso,Maria Cláudia também conta que para além da brincadeira e manter viva a memória, surgiu o interesse de transformá-lo em projeto. "O convite despertou em mim uma grande alegria e disposição para desenvolver a ideia do projeto que vem ganhando muitos adeptos de dentro e de fora do bairro, hoje contando com a ajuda de muitos tocadores de peso da nossa cidade", contou.

A fundadora atualiza o processo que o Boi Vagalume está passando, já que o grupo está se formalizando para se tornar um instituto. "Pretendemos em breve registrar o nosso estatuto, que está pronto desde a assembleia de fundação do Instituto, realizada no dia 31 de março deste ano, para podermos participar de projetos que tragam maiores implementos, pois, além de outras necessidades, necessitamos de uma sede para reunir as criações do Instituto, pois temos adereços preciosos para a instituição, todos criados pelo artista plástico Cuité Marambaia", afirmou.

Os próximos passos são burocráticos, e auxiliarão na garantia da manutenção do espaço, que Ana elucida que servirá para ensaios, oficinas, reuniões e vivências. "Plantando raízes mais firmes no bairro da Marambaia. A luta no momento é conseguir patrocinadores para a formalização do registro junto ao Cartório, e obtenção de um CNPJ junto à Receita Federal, e tudo isso traz um custo alto, mas necessário para a concretização dos inúmeros projetos que temos em mente para o Boi Vagalume", revelou.

Quando questionada sobre o que mudará para o grupo, enquanto manifestação, ao se tornar Instituto, a advogada fala da visibilidade e adianta alguns planos. "O que mudará após o registro do Instituto é o aumento da visibilidade do Boi Vagalume, que, além de poder participar de mais editais culturais, poderá com isso também receber incentivos das instituições privadas, pois o CNPJ propicia o benefício tributário para os investidores de cultura", esclareceu.

image Arraial do Pavulagem é exemplo para quem deseja se formalizar enquanto Instituto. (Reprodução / Filipe Bispo (Arrastão do Círio 2023))

Inspiração e fomento

O Instituto Arraial do Pavulagem atua há 36 anos na preservação da cultura de bois e das oralidades Amazônicas. Ronaldo dos Santos Silva, 65 anos, é formado em Ciências Sociais e além de fundador, atualmente é presidente do Instituto Arraial do Pavulagem, para ele que conta o que motivou o grupo a transformar a brincadeira de boi e algo formal. "Já estou há 36 anos colaborando com esse sonho de valorização, fomento e difusão da Cultura Brasileira praticada em nossa região. Sou um dos fundadores da BriNcadeira e do Instituto. Com a criação das Leis de incentivo à cultura foi necessária essa ferramenta jurídica para acessar as mesmas nas esferas Municipal, Estadual e Federal', disse Ronaldo.

Questionado sobre quais os trâmites passaram na época e qual seria o conselho que dariam para quem deseja se tornar uma pessoa jurídica, diz: "elaboração do estatuto, escolha de uma Diretoria. Cartório. CNPJ, etc. Meu conselho para quem deseja trabalhar com essa ferramenta jurídica é ter um coletivo organizado, focado nas metas planejadas e pré- estabelecidas e, principalmente, determinação no cumprimento das etapas de execução das ações propostas", orientou.

Ronaldo também esclareceu o que muda, de fato, enquanto manifestação, ao se tornar instituto. "A criação do Instituto Arraial do Pavulagem possibilitou que essa experiência, essa vivência pudesse aprimorar a cada ano nosso processo de fortalecimento identitário da nossa região, através dos compartilhamento de saberes e fazeres dos nossos mestres de culta", pontuou.

"Realizamos três cortejos de Cultura ao longo do ano, temos em junho o 'Arrastão do Boi Pavulagem', que reúne nas oficinas cerca de 800 brincantes; temos em outubro o 'Cortejo do Círio' que reúne cerca de 600 brincantes e temos o 'Cordão do Galo', que acontece em janeiro no município de Cachoeira do Ararí, na Ilha do Marajó e lá reunimos 300 crianças", finalizou.

Ronaldo disse que pensar na história do Arraial do Pavulagem traz emoção. "O Arraial é uma escola sem paredes", disse.

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