Billy Blanco: arquiteto da música brasileira

Responsável pela modernização do samba na sua forma de compor e suas influências, o cantor, compositor e arquiteto paraense William Blanco Abrunhosa Trindade, o Billy Blanco, completou 10 anos de morte, na última sexta-feira (8). O artista carrega um vasto repertório com grandes parcerias da música como como Dick Farney, Tom Jobim, Lúcio Alves, Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Os Cariocas, Jorge Goulart, Nora Ney e Emilinha Borba.

Foram 56 parcerias com o violonista Sebastião Tapajós e com outros compositores, num total de quinhentas músicas, sendo que trezentas já gravadas. Artistas da antiga e da nova geração reverenciam Billy, pelo seu valor e estilo próprio. Por falar em estilo, o artista gostava de combinar o seu nome com suas vestes, por isso só usava branco. Se for fazer uma pesquisa na internet vai ser possível conferir.

O Liberal conversou com artistas paraenses para saber um pouco mais sobre a importância de Billy para a música brasileira e Salomão Habib foi assertivo ao falar que o artista é responsável pela modernização do samba e todo o processo formal fez um diferencial grande para a história da música popular brasileira.

"Por muito tempo ele esteve em São Paulo e Rio de janeiro, por lá fez parcerias muito importantes como João Gilberto, Elis Regina até a Hebe Camargo gravou músicas dele, mas as obras mais densas do Billy foram as que ele fez com Sebastião Tapajós e a Sinfonia do Rio de Janeiro que fez com Tom Jobim. Acima de tudo o que está presente na importância de um artista é a genialidade de fazer coisas diferentes, transformar e inovar. Billiy Blanco é uma das referência da música brasileira e orgulhosamente paraense ", destaca Salomão.

Artista da nova geração, Naieme Reis tem uma história importante ao lado do compositor. A primeira apresentação dela no Teatro Maria Sylvia Nunes, em 2008, ele tinha sido jurado do festival, o qual ela ganhou. Na ocasião, Billy Blanco convidou Naieme para cantar no show de lançamento do dvd "O compositor" com produção de Carmem Ribas e direção musical de Tynnoko Costa.

"Foi um show bem especial pra mim, eu tinha 16 pra 17 anos e foi onde convivi pela primeira vez com o Billy e o Sebastião Tapajós, cantei uma música de parceria deles nesse show, e também em algumas outras ocasiões a convite do mestre Sebastião Tapajós, no Teatro da Paz.  No show estavam também outros cantores queridos da terra: Eloy Iglesias, Lívia Rodrigues, Juliana Sinimbú, e ainda houve uma homenagem a Walter Bandeira. O que mais me marcou foram as palavras do Billy que me aplaudiu de pé e dizendo que eu seria uma grande artista, que era pra eu estudar e continuar sempre. Me emocionei muito durante o show e com certeza foi um marco especial na minha vida", recorda Naieme.

O compositor e radialista Edyr Proença foi outro grande amigo do arquiteto da música. A primeira vez que se apresentou no palco do Theatro da Paz foi no grupo “Bando de Estrelas”, de Edyr Proença.

Filho do radialista, Edyr Augusto, disse que Billy e seu pai foram grandes amigos desde a época que trabalhavam no Banco da Amazônia. “Depois disso ele foi para o Rio de Janeiro e lá participou de todo o início da bossa nova, compôs tantas músicas maravilhosas. Billy Blanco é um dos maiores compositores brasileiros e quem gosta da Bossa Nova saiba que ele foi um dos responsáveis por isso.”, pontua Edyr.

Em 2009, ele esteve em Belém para um show. Os ingressos começaram a ser vendidos e rapidamente foram esgotados. Em uma de suas declarações ele disse: “Aproveitem enquanto estou vivo. Estas homenagens valem enquanto estamos aqui”, disse Billy Blanco.

Estava em plena atividade dedicando-se à música gospel, até sofrer um derrame e ser internado no Rio de Janeiro no segundo semestre de 2010. Apesar do quadro estável, em dezembro ainda não conseguia se comunicar oralmente. Em 8 de julho de 2011 o cantor e compositor morreu, aos 87 anos. Ele estava internado desde o AVC.