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Artesãs preparam presépios e sagrada família para o Natal

Tradição do presépio ganha formas particulares com peças produzidas por artesãs paraenses

Vito Gemaque
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Uma tradição cristã do século XIII, que iniciou com São Francisco de Assis, com a construção do primeiro presépio chega ao século XXI, no Pará, com uma produção particular de artesãs, que aproveitam este período do ano para expor seus trabalhos e fazer com que as obras ligadas ao Natal cheguem às casas das pessoas.

O presépio conhecido como a representação do local de nascimento de Jesus com José, Maria, reis magos e os animais tem dado cada vez mais lugar a uma representação mais simples da Sagrada Família, uma representação mais resumida com José, Maria e o menino Jesus na manjedoura. Essa foi a principal peça que a artesã Jane Costa, de 42 anos, proprietária da marca Artjanê, produziu neste ano. De família católica sempre envolvida na igreja, tendo inclusive o pai diácono e a mãe ministra de eucaristia, Jane vê um sentido especial na produção do presépio e da Sagrada Família.

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“O presépio tem a pronta entrega, temos um olhar comercial, mas a gente não faz o trabalho pelo trabalho. Eu não pego nos meus trabalhos manuais se não tiver uma energia boa, se não tiver feito uma oração antes, não é um trabalho por trabalho. A maioria das peças saem abençoadas pelo diácono que é o meu pai. Quando produzo o presépio com esse intuito de levar toda a significância da família, do Natal e todo o contexto do nascimento de Jesus”, destaca.

Há dez anos no mercado de arte sacra, Jane que é pedagoga por formação, mas encontrou no artesanato sacro um dom, uma profissão e uma forma de evangelizar. Vindo de uma família católica. “Eu comecei no artesanato pela necessidade de trabalho. Eu sou pedagoga de formação, no meio desse momento em que estava pedagogicamente, eu descobri os meus dons manuais, e quando sai do trabalho comecei a produzir em casa. No final de uns quatro anos comecei a estudar a fundo a arte sacra, que foi quando adentrei no mercado religioso”, afirmou.

A tradição de natalina do presépio estabelecida entre os cristãos continua com peças dos artesãos paraenses de diferentes tamanhos e materiais. As obras são produzidas em gesso ou resina. Atualmente, os clientes tem optado pelo presépio composto pela Sagrada Família, em uma peça única que pode ficar exposta o ano inteiro em altares. Jane vendeu todas as suas peças antes do dia 20 de dezembro.

“O presépio faz mais o modelo é aquela que estão todos juntos na Sagrada Família com o Jesus na manjedoura, porque comercialmente falando é o que saí mais, é menor, mais compacto. Hoje estão em alta esses tons nudes e neutros”, explica. “O presépio todo divididinho é mais difícil de sair pelo valor, porque como são várias peças pequenas feitas à mão, o valor é diferente. É diferente de um trabalho industrializado. Se o cliente me pedir um presépio todo dividido eu faço, ainda há quem goste do colocar o Menino Jesus a meia-noite do dia 24 no presépio. Durante os outros dias, a manjedoura fica sem ninguém, o Menino Jesus só vai ser colocado no dia 24 e depois retirado no dia 6”, explica.

Outra artesã que vê um significado especial neste momento do ano é Conceição Mainieri, de 64 anos, há 15 trabalha com arte sacra com a Mainieri Artes. “A satisfação minha maior é evangelizar as pessoas e levar esse amor, através dessas imagens, o Natal é amor. É família mesmo e muito amor envolvido. É um período de nostalgia, que a gente relembra a história, a família toda, é quando todas as famílias se reúnem e sempre ficam com Jesus e o amor no coração. A gente sente a presença maior que é Jesus”, assegura.

Conceição também vendeu toda as suas peças. No total foram mais de 20 peças de Sagrada Família de gesso, e 24 de resina, de diferentes tamanhos. Cada peça varia entre R$ 280 a R$ 350. “Em novembro já comecei a vender, cheguei a tentar conseguir mais, mas não dei conta. Chegou agora e não tenho mais nenhuma e o pessoal ainda pede o Menino Jesus e Nossa Senhora de Nazaré para dar de presente. Hoje, as pessoas reconhecem o artesanato feito pelas nossas próprias mãos. São pinturas artesanais, isso tem um diferencial”, enfatiza.

Jane espera que o sentimento de amor e cuidado das artesãs em cada peça seja difundido para todas as famílias que levaram uma peça para casa. “Não enxergo um presépio por um presépio, enxergo todo o significado que tem. Espero que as pessoas olhem que ali é a construção de um amor, de uma família, é o que a gente almeja mesmo. Eu penso a pessoa que vai receber uma peça para um lar que está buscando benções, que pode estar em conflito, várias coisas passam na minha cabeça. Sempre coloco orações nas minhas peças, eu sempre digo para os meus clientes, não são eles que escolhem as peças são elas que escolhem eles”, acredita.

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