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Roda de tambores e carimbó movimenta o Conjunto Maguari na 21ª edição do Tamborimbó

Evento gratuito reúne mais de oito horas de atrações e leva ao Maguari ritmos afro-amazônicos, carimbó de raiz e samba de terreiro

Amanda Martins

No Dia da Consciência Negra, Belém recebe a 21ª edição do ‘Tamborimbó’, tradicional roda de tambor e carimbó promovida pela Ponto de Cultura da Associação Cultural e Esportiva de Negros e Afrodescendentes da Amazônia (ACENA). A programação será realizada nesta quinta-feira (20), a partir das 14h, no Conjunto Maguari, no bairro do Coqueiro, com entrada gratuita. Este ano, o evento ganha o formato da “Blackzone”, espaço inspirado na dinâmica das zonas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 30 e dedicado à celebração da cultura afro-amazônica, da memória e das lutas por justiça climática.

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Com mais de oito horas de atrações, o evento reúne diferentes expressões musicais que têm os tambores como base, como curimbó, atabaque, carimbó de raiz, samba de terreiro e ritmos afro-amazônicos. Entre as apresentações confirmadas estão o Grupo Parananin, o Coletivo Tamborimbó, a Banda ACENA e artistas convidados, como Gigi Furtado, João da Hora, Rafaela Travassos e Adriana Souza. O encerramento está previsto para as 22h30 com o Bloco Afro Axé Dudu.

Segundo Harles Oliveira, coordenador do espaço e responsável pela organização, a edição deste ano foi planejada para destacar a centralidade dos tambores dentro da musicalidade preta na Amazônia. “A programação foi pensada no sentido de trazer para o nosso palco grupos que têm como repertório o ritmo dos tambores em seus diversos formatos:  os curimbós, os atabaques, os tamborins surdos. Queremos que esses instrumentos dividam o palco e mostrem a força da musicalidade preta”, afirma.

Harles destaca que a roda de carimbó desenvolvida pelo ponto cultural consolidou-se ao longo das duas décadas como um espaço de celebração e reivindicação. “Sempre fizemos uma programação especial no Dia da Consciência Negra, mas este ano ganha um significado maior porque coincide com a realização da conferência climática em Belém.  É uma oportunidade de mostrar para o mundo que a cultura e as lutas raciais também atravessam o debate da justiça climática”, diz.

Para ele, a edição reforça a mensagem de que ‘a Amazônia também é negra, tem um corpo que canta e dança e que tem voz’. O organizador ressalta que o ‘Tamborimbó’ nasceu com a proposta de ocupar espaços culturais e dar visibilidade aos artistas negros e negras da região metropolitana da cidade. “Nossa bandeira de luta é justamente ocupar todos os espaços, como teatros, terreiros, salões de festa. Criamos o projeto para protagonizar a cultura dos artistas pretos e pretas. São poucos os eventos que dão esse espaço para a musicalidade afro. Por isso, ele se consolidou e é tão esperado pelo público”, explica.

Harles reforça que a edição especial deste ano reafirma o papel do evento como espaço de celebração e luta. “Queremos que o mundo veja que os povos da Amazônia seguem celebrando e reivindicando justiça social e climática, e que essa luta é embalada pelo toque dos tambores”, afirma.

Projeto foi selecionado por edital e realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Governo Federal, Governo do Estado do Pará e SECULT/PA.

Iniciativas

Além dos shows, a ACENA desenvolve ações permanentes de formação e difusão cultural voltadas para a comunidade. Harles explica que o espaço atua em diferentes linguagens artísticas. “Nossa bandeira de atuação é a cultura popular e a cultura afro-brasileira. Trabalhamos com teatro, dança, música, pássaros juninos, literatura, eventos culturais e esportivos, sempre com iniciativas próprias ou por meio de leis de incentivo”, afirma.

Entre as atividades oferecidas estão oficinas de carimbó, teatro, percussão, canto, dança, produção cultural e economia criativa. “Acreditamos que dessa maneira fortalecemos as comunidades do entorno da nossa sede, formando novos agentes culturais e contribuindo com a capacitação dos que já atuam”, diz Harles.

O ACENA também organiza o ‘Festival de Carimbó SenaFest’, que reúne mais de 20 grupos e homenageia mestres e mestras da tradição. “Tivemos a oportunidade de homenagear o mestre Damasceno e o mestre Lourival Igarapé. São ações que fortalecem o surgimento de novos grupos e valorizam aqueles que já têm longa trajetória”, afirma.

Harles, que também é mestre e guardião do Pássaro Junino Pavão, destaca que o trabalho desenvolvido pelo coletivo busca preservar e transmitir saberes a partir da ancestralidade.

“Nosso dever agora é repassar o conhecimento que aprendemos com os nossos ancestrais para ele não morrer. Dessa maneira, contribuímos para o protagonismo do artista negro na Amazônia”, completa.

Fundada em 2012 e reconhecida como ‘Ponto de Cultura’ pelo Ministério da Cultura, a ACENA atua na promoção e valorização da cultura afro-brasileira e popular amazônica. A instituição acumula projetos que dialogam com território, memória e resistência, como ‘Batuque Afro Amazônico’, ‘Deixa-me Ser Tambor’, ‘Carimbó ACENA Fest’, ‘A Noite da Beleza Negra Paraense e Dandara’s - Por uma Identidade e Cultura de Resistências’.

SERVIÇO:

XXI TAMBORIMBÓ – Roda de Tambor e Carimbó (Edição especial do Dia da Consciência Negra)

  • Local: Ponto de Cultura ACENA – Conjunto Maguari, Alameda Dezenove, nº 14, Bairro Coqueiro
  • Data: quinta-feira, 20 de novembro;
  • Horário: 14h às 23h
  • Entrada gratuita

Programação:

  • 14h — Abertura oficial
  •  14h10 — Grupo Folclórico Sabor da Ilha
  •  15h — Grupo Ayrakyrã
  •  16h— Regional Os Curupiras
  •  17h— Grupo Parananim
  •  18h— Bateria Show do Bole Bole
  •  19h — Coletivo Tamborimbó
  • 20h00 às 22h30 -  Shows de Adriana Souza, João da Hora, Gigi Furtado e Rafaela Travassos
  • 22h30 — Encerramento com o Bloco Afro Axé Dudu