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Mural de artista paraense colore o centro de Belém em homenagem à COP 30

Projeto artístico revitaliza área urbana e contribui com discussões sobre o clima e a Amazõnia para a COP 30

Bruno Menezes | Especial para O Liberal

O centro de Belém acaba de ganhar mais cor e vida com a inauguração de um novo mural artístico dedicado à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30). Localizada na Travessa Dom Romualdo de Seixas, na sede do Sebrae, a obra do artista Sebá Tapajós retrata a fauna e a flora amazônicas, com araras coloridas e vibrantes que chamam a atenção de quem passa pelo local.

O mural foi inaugurado como um marco de representatividade para a COP 30 e para as diversas pautas que serão trabalhadas durante a conferência. O convite para que Sebá desenvolvesse a obra partiu do próprio Sebrae, que já possui uma parceria com o artista.

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Segundo Tapajós, além de chamar a atenção para a temática ambiental, o mural revitaliza um trecho da cidade que estava depredado e convida os transeuntes a refletirem sobre o futuro da Amazônia.

“É um muro que tinha muita pichação, muita depredação ao longo de 30 anos. O Sebrae tinha pintado, mas não reformado o local. Então fizemos o ‘retrofit’ e o trabalho artístico do muralismo em homenagem à COP, para chamar a atenção para as questões climáticas”, comenta o artista paraense.

Ele explica que, antes de pintar, sua equipe precisou realizar o chamado retrofit, que consiste em reformar completamente a estrutura do muro para que ele estivesse apto a receber a arte.

“O retrofit é uma reforma predial — seja de um prédio ou de um mural — onde a gente zera a estrutura e reconstrói ao ponto de ela poder receber a arte e se tornar um novo espaço. Fazemos uma impermeabilização com verniz antes. Todo esse processo é mais cuidadoso do que só o ato do muralismo. Nesse caso, fizemos do zero”, explica Sebá.

Segundo Tapajós, a inspiração para criar a arte do mural vem de sua própria vivência como paraense que é sua ligação com a identidade amazônica.

“Normalmente eu mantenho sempre os meus traços de trabalho abstrato, que é algo único, meu, construído ao longo de muitos anos. Mas sempre permeando o figurativo da narrativa amazônica, por ter sido criado na Amazônia. Tendo esse DNA amazônico, é natural ter essa relação com a fauna e a flora, ou com os povos originários, que são nossa raiz de verdade”, revela.

Para o grafiteiro, a arte e a cultura têm papel fundamental nas discussões que serão realizadas durante a COP 30, pois as obras podem provocar reflexões por meio das mais diversas emoções despertadas nos espectadores.

“Eu acho que nós, artistas, ao longo da história da humanidade, preenchemos o momento atual que a gente vive — seja de forma lúdica, leve ou como um protesto ativo. Nosso papel é esse: trazer esse olhar para o momento atual da sociedade. E não só para as questões climáticas, mas para a região e, principalmente, para quem faz cultura no nosso estado. Tivemos muitas lutas nos últimos anos para sermos incluídos no mapa de produção cultural do país”, pontua.

Sebá é um artista que se expressa de muitas formas. Além de grafiteiro, ele também é produtor cultural, diretor artístico e possui trabalhos nas mais variadas vertentes, inclusive a ilustração de capa de um CD e DVD de Lulu Santos.

“A gente está sempre trabalhando, se exercitando mentalmente para que as ideias e a criatividade estejam à tona. Meu processo artístico em tela é pequeno, não tenho muito acervo. Crio um pouco e já vou vendendo. Hoje sou produtor cultural, diretor artístico, designer... já fui tatuador. É uma história longa, e pra mim as coisas foram acontecendo simultaneamente”, relata.

Sobre o artista

Artista paraense e daltônico, Sebá Tapajós sempre teve uma forte ligação com a arte. Em 2015, apresentou ao mundo suas primeiras obras e se tornou o primeiro muralista paraense. Foi também o primeiro a realizar uma exposição individual de street art em uma galeria de arte e museu centenário no estado do Pará, além de participar de campanhas sociais em redes regionais, nacionais e internacionais.