DJ leva saudade do Pará para o Sul e transforma em festa de tecnobrega com gastronomia amazônica
Festa já ganhou repercussão nas redes sociais e se tornou referência de domingo para os nortistas em Curitiba
Nascido nas periferias de Belém, o tecnobrega rompeu fronteiras e ganhou pistas de dança para além do Norte. Em Curitiba, o ritmo eletrizante, marcado por batidas contagiantes e letras populares, conquistou espaço e vem embalando uma comunidade cada vez maior. A capital paranaense reúne centenas de paraenses que decidiram recriar por lá um pedaço da cultura do Pará, dando vida à domingueira “Fui Pará” - uma festa que mistura música, gastronomia típica e o autêntico “Rock Doido”. À frente da iniciativa está o DJ e produtor musical Marcos André Cordeiro dos Santos, 32 anos, mais conhecido como Baby Plus Size, responsável por transformar a saudade da terra natal em movimento cultural.
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Natural de Igarapé-Açú, no nordeste paraense, Marcos vive há 12 anos fora do Estado e mora atualmente na capital paranaense. Foi após uma viagem de retorno ao Pará que surgiu a ideia de recriar no Sul uma celebração que unisse os principais elementos da cultura nortista. Segundo o produtor, a vontade era de criar um espaço seguro, acolhedor que valorizasse a cultura nortista, além de experimentar o universo da produção de eventos.
A primeira edição da festa aconteceu em março de 2017, logo depois da viagem ao Pará. Marcos lembra que voltou para Curitiba carregando insumos típicos dentro do famoso isopor, o que acabou sendo o ponto de partida. “Eu pensei: ‘Por que não recriar aqui um pedacinho do que eu vivi lá?’”, relembra o DJ.
O produtor conta que o início foi marcado por improviso e dedicação. Segundo ele, chegou a assumir todas as funções ao mesmo tempo: “Eu montava a festa, cozinhava, produzia e ainda tocava. Foi cansativo, mas inesquecível”, disse.
O evento, que se consolidou como uma domingueira nortista, acontece hoje em dia pelo menos duas vezes por mês em Curitiba. Para o mês de setembro já tem data marcada! A festa será realizada no dia 14 de setembro.
A programação mistura música, dança e gastronomia amazônica. Entre os pratos oferecidos estão a maniçoba, vatapá, tacacá, creme de cupuaçu, unha de caranguejo e Monteiro-Lopes, que fazem a alegria do paraense em qualquer ocasião. Hoje, a gastronomia é responsabilidade de Natália Rodrigues.
Marcos faz questão de manter o protagonismo nortista em todas as etapas da produção. “A música, a cozinha e a produção estão nas mãos de paraenses. É isso que mantém nossa identidade viva e garante que a festa seja de fato um espaço de resistência cultural”, destaca.
Além de Baby Plus Size, a festa conta com DJs residentes também paraenses, o que fortalece o vínculo com a comunidade nortista e valoriza artistas que vivem em Curitiba e redondezas, são eles: Dj Kevysson, Dj Mayra e Dj Arthur Show.
Ele conta que com a chegada do evento cultural ao Sul, nortistas de outras cidades começaram a entrar em contato solicitando edições locais. Assim, o evento passou a ser realizado também em Joinville (SC), Blumenau (SC) e Florianópolis (SC), cidades que concentram uma comunidade expressiva de nortistas. Com o tempo, a festa também chegou a São Paulo, onde teve grande adesão de público.
“Acredito que, por termos uma energia muito contagiante ao celebrar a vida, as pessoas do Sul e do Sudeste acabaram se apaixonando pela nossa festa”, disse o DJ.
Repercussão e público
Nas redes sociais, o perfil @fuiparaoficial divulga recortes em vídeo das festas, que passaram a ganhar repercussão a partir do último ano. Em um deles, com mais de 140 mil visualizações, pessoas presentes em um local, pulam e dançam ao som de batidas de um tecnobrega, capazes de fazer qualquer um sair do lugar. “Só nortista entende a vibe do ‘endoida’, escreveu o perfil na postagem.
O evento já promoveu edições temáticas como Natal, Carnaval, São João, Verão, Círio de Nazaré e até uma homenagem especial à cantora Joelma. Segundo Marcos, a recepção do público tem sido positiva e ultrapassa as fronteiras da comunidade paraense.
“A ‘Fui Pará’ nasceu para a comunidade nortista, mas hoje atrai gente de todos os cantos: sulistas, sudestinos, nordestinos e até estrangeiros já passaram pelo evento”, conta.
Ele acrescenta que acompanhar esse crescimento é motivo de satisfação: “Ver a festa se transformar em referência aos domingos em Curitiba é algo que me enche de orgulho”.
Cultura e resistência
Para o produtor, a projeto é mais do que uma festa. “Para mim, não existe festa sem música, dança e gastronomia da Amazônia. São esses elementos que dão a alma do evento e despertam as memórias afetivas em cada nortista presente”, afirma.
Ele também vê na iniciativa um ato político e cultural. “Cada festa é uma celebração das nossas raízes e um ato de resistência cultural. É emocionante ver a comunidade paraense se reunindo, fortalecendo laços e mostrando com orgulho a força da nossa identidade”, declara.
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