MENU

BUSCA

Cultura na Praça: filmes criados por jovens do interior do Pará e Maranhão ganham vitrine nacional

O projeto Cultura na Praça lança curtas-metragens que abordam cultura indígena, agricultura familiar, ancestralidade e meio ambiente.

O Liberal

O projeto Cultura na Praça lança neste mês de setembro três filmes na sala de cinema digital do projeto, localizada no site https://www.culturanapraca.art.br/. As produções de curtas-metragens feitas por adolescentes e jovens do interior do Pará e do Maranhão abordam temas como cultura indígena, agricultura familiar, ancestralidade e meio ambiente.

Os filmes ficam disponíveis gratuitamente, com tradução em Libras, audiodescrição e legendas descritivas, para conhecimento do público de audiovisual. O projeto é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, em parceria com o Instituto Tatajuba e realização do Ateliê 22.

VEJA MAIS

Bairro do Guamá faz aniversário e moradores celebram com 'Cinema na Praça' neste sábado (8)
Evento, organizado pela Prefeitura de Belém, ocorrerá na Praça Benedicto Monteiro e contará com estrutura para acomodação do público interessado em conferir produções audiovisuais

Cine Babaçu exibe curtas-metragens produzidos pelo Cultura na Praça
Dezesseis filmes produzidos por jovens do Pará e Maranhão estarão disponíveis em salas de cinema virtual do projeto

Com essas estreias, o acervo do site passará a contar com 48 filmes, produzidos entre 2019 e 2025. O Cultura na Praça promove oficinas de cinema e exibições ao ar livre em comunidades afastadas dos grandes centros. A proposta é ampliar o acesso à sétima arte em locais onde, muitas vezes, não há salas de cinema — uma realidade mais comum do que se imagina. Segundo o IBGE, mais de 80% dos municípios da região Norte não contam com salas em funcionamento, o que faz do projeto uma ferramenta essencial de democratização cultural.

“Esses filmes são como espelhos”, diz o cineasta Cris Azzi, coordenador do projeto. “Devolvem às comunidades uma imagem que muitas vezes não encontram em lugar nenhum e mostram o quanto os jovens querem contar suas histórias com profundidade e afeto.”

A chegada dos filmes ao site do Cultura na Praça representa um passo importante para os jovens realizadores. Criado como um acervo digital e uma sala de exibição permanente, o site é a porta de entrada para que essas produções circulem fora das comunidades onde nasceram — alcançando novos públicos, inclusive de outras regiões e países.

“O site é um legado. É memória, conexão e continuidade”, afirma Azzi. “Mesmo em tramas ficcionais, estes filmes imprimem modos de viver, de sonhar e de se relacionar com o território. São retratos da juventude de um Brasil profundo, que raramente encontra espaço nas telas.”

Mais de 200 mil pessoas já assistiram aos filmes do Cultura na Praça. Nas plataformas, esse número supera 160.000 visualizações. Para Azzi, esse alcance mostra o valor da plataforma como ferramenta de visibilidade e troca entre gerações e territórios. “Ao navegar pelo site do Cultura na Praça, um jovem pode se inspirar na história de outro, mesmo que more a centenas de quilômetros de distância. É uma ponte entre vivências, sotaques e identidades.”

Criado por garotas de São Félix do Xingu (PA), o curta “Bà Kan Pry – A trilha” conta a história de três amigas que recebem um convite misterioso para uma trilha na floresta. Separadas durante o percurso, elas enfrentam obstáculos e descobrem que só unidas conseguirão reencontrar o caminho de volta. A estudante Isabella Medeiros relembra: “Tivemos a ideia de incluir falas em Kayapó para valorizar a cultura da Irê [Iretokre Kayapó, aluna de São Félix do Xingu], que é indígena. Foi uma troca linda e importante.” A estreia presencial teve apresentação cultural Kayapó.

 

Já na Vila Diamante, em Igarapé do Meio (MA), o filme “Junta aí” acompanha jovens que percorrem a comunidade pedindo alimentos para uma festa coletiva, enquanto escutam moradores que compartilham experiências sobre agroecologia, pertencimento e vida comunitária. “O filme é um retrato de uma comunidade ancorada na solidariedade, no espírito coletivo e na importância da luta pela terra", comenta Cris Azzi. “Eles entenderam que o cinema é feito em grupo.”

Em Bacabeira (MA), o curta “Raízes do Fontão” narra a jornada de uma jovem que, diante da falta de água em casa, decide procurar o antigo fontão da comunidade. Ao reencontrar o local, redescobre histórias, tradições e saberes esquecidos com o tempo. “É um filme tocante, que mistura ficção e documentário para falar sobre memória, meio ambiente e relações familiares”, afirma Azzi.

Desde 2017, o Cultura na Praça realiza oficinas audiovisuais gratuitas no interior do Pará e Maranhão. Como extensão das atividades formativas, promove uma mostra itinerante de cinema, onde as histórias contadas por moradores ganham a tela. As exibições dos curtas são acompanhadas de apresentações artísticas, o que estimula ainda mais o protagonismo local. Além disso, por onde passa o projeto impulsiona a geração de trabalho e renda, com a contratação de mão de obra, empresas e fornecedores de cada região. 

O Instituto Cultural Vale, desde a sua criação, em 2020, apoiou mais de mil projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA).

 

SERVIÇO

Lançamento de curtas-metragens do Pará e Maranhão no site do Cultura na Praça

Acesse gratuitamente: culturanapraca.art.br

Mais informações: instagram.com/cultnapraca