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Atores paraenses falam sobre a preparação para a produção de ‘Pssica’

A minissérie conta a história de Janalice e o drama vivido no cotidiano pelos ribeirinhos da região amazônica

Gustavo Vilhena*

A minissérie “Pssica” estreou na Netflix há pouco menos de uma semana e já alcançou o primeiro lugar como a produção mais assistida da plataforma. Inspirada no livro homônimo do paraense Edyr Augusto, a série retrata o cotidiano e os dramas vividos pelos ribeirinhos. Entre os paraenses que trabalharam na produção, estão Domitila Cattete, que interpreta a protagonista Janalice, Alberto Silva Neto, Marta Ferreira, Tayres Pacheco, Ramón Rivera e Paulo Fonseca.

Convidado pela produção de elenco local para realizar um primeiro teste, o ator Alberto Silva contou como foi o processo seletivo para integrar o elenco de “Pssica”. “Fiz o primeiro teste a convite da produção de elenco local e gostaram. Depois, fui chamado para fazer um segundo teste para um dos personagens, já com a presença de uma equipe que veio de São Paulo. Como outro ator acabou conseguindo o papel, me chamaram uma terceira vez para fazer o teste do prefeito Brazão, que acabei fazendo”, explicou o ator.

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Para Alberto Silva Neto, a produção deve dar voz ao debate sobre exploração e tráfico sexual na Amazônia. Ele destaca também que a minissérie tem um papel importante. “Uma produção desse porte, com o alcance de público que ela tem, pode somar muito no debate sobre o tráfico sexual na Amazônia. É um debate super necessário sobre um problema gravíssimo e que não tem a atenção que deveria ter, diante da gravidade daquilo que ele representa”, disse.

O ator paraense destaca que atuar em uma grande produção exigiu uma concentração maior. “Participar de um set dessa envergadura, com dezenas e até centenas de pessoas trabalhando ao mesmo tempo, exige do ator uma qualidade de concentração muito grande e um domínio significativo do seu trabalho, para que você consiga realizar a interpretação plenamente, mesmo com toda a engrenagem em volta.”

Sobre o personagem interpretado por ele, Alberto explica que foi um desafio devido às características do prefeito Brazão: “Fazer o prefeito Brazão foi imensamente desafiador por ser um homem muito poderoso e que tem poder sobre tudo e todos à sua volta. As decisões drásticas que ele toma afetam diversos personagens que o cercam ao longo da trama, e isso exigiu de mim uma composição crível do personagem para o telespectador”, detalhou.

Entretanto, o ator destaca que, apesar do desafio, foi prazeroso expor uma situação comum, segundo ele. “Por outro lado, foi prazeroso fazer uma composição capaz de revelar algo comum na política brasileira populista, que são gestores públicos envolvidos em atitudes criminosas. Eles vestem uma máscara social que disfarça aquilo que realmente são, e eu acho que o Brazão é exemplar nesse sentido”, reflete o artista.

Sobre as produções em audiovisual na Amazônia, Alberto Silva Neto defende a garantia de políticas públicas efetivas. "A questão central é a nossa organização em torno das políticas públicas responsáveis para o audiovisual. É nesse ponto que a gente tem todas as condições de crescer muito e de construir o nosso discurso sobre o que é viver nesse lugar", completa.

A atriz paraense Marta Ferreira destaca que essa foi apenas a terceira oportunidade que teve de participar de uma grande produção sem ser como figurante. “Tenho 25 anos de teatro, mas é apenas a terceira vez que tenho a chance de participar de uma grande produção cinematográfica com um papel que não seja de figurante. O Pará não tem editais próprios para cinema e, apesar de já termos o curso de cinema na UFPA, temos pouco financiamento para a sétima arte. Há pouco tempo – penso que em menos de 10 anos – as produções de fora começaram a contratar mão de obra local tanto para atuação como para o corpo técnico. Meu maior desafio foi ter uma boa preparação para a cena, por isso agarrei a chance dessa preparação para o cinema na Casa das Artes/Fundação Cultural”, contou a atriz.

Participam também do elenco de “Pssica” diversos nomes da cena artística paraense, como Keila Gentil, Tiago Homci, Ramón Rivera, Paulo Fonseca e Tayres Pacheco.