UFPA integra evento Pré-COP sobre sociobioeconomia e biodiversidade no Oiapoque (AP)
O evento destaca a importância de construir soluções sustentáveis para a Pan-Amazônia Oriental, com escuta, colaboração e intercâmbio de saberes.

Com uma solenidade marcada por simbolismo e integração transfronteiriça, teve início nesta terça-feira (16) o evento “Sociobioeconomia e Biodiversidade na Pan-Amazônia Oriental”, reunindo autoridades, pesquisadores, lideranças indígenas e representantes de comunidades do Brasil e da Guiana Francesa.
A cerimônia de abertura foi realizada no auditório do Fórum da Comarca do Oiapoque, com a execução dos hinos nacionais do Brasil e da França, marcando o tom binacional do encontro. A mesa oficial contou com representantes de instituições-chave de ambos os lados da fronteira, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (FAPEAP), Université de Guyane (Universidade da Guiana Francesa); e o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA).
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“Este evento é mais do que um encontro acadêmico: é um marco na cooperação entre povos, saberes e instituições da Pan-Amazônia”, destacou o professor da UFPA, Leandro Juen, durante a abertura oficial.
Já Nadège Mézié, do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA), enfatizou os desafios da região e a importância das relações parceiras entre os países. “É fundamental reforçar a cooperação com o Brasil, em particular com os estados da fronteira: o Pará, o Amapá, o Amazonas e Roraima, que compartilham não apenas a biodiversidade da Amazônia, mas também desafios sociais, econômicos e ambientais semelhantes”, frisou.
A programação – que tem o financiamento da Iniciativa Amazônia+10 e da Embaixada da França no Brasil, com apoio do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, lançado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) – se estende até o dia 18 de setembro, em diferentes espaços no município do Oiapoque (AP).
Conferências
A programação da manhã foi dedicada a duas conferências que apresentaram os conceitos-chave do evento, com destaque para a construção colaborativa de soluções entre Brasil e Guiana Francesa. Na primeira, o foco foi a sociobioeconomia de base comunitária, com ênfase na autonomia territorial, no papel do conhecimento tradicional e na valorização dos modos de vida locais. Pesquisadores como Danielle Wagner (UFOPA), Marcos Antônio Souza dos Santos (UFRA) e Nathalie Cialdella (CIRAD) trouxeram experiências e reflexões que reforçam a importância da ciência comprometida com os povos da floresta, informa a assessoria.
A segunda conferência abordou a inovação sociobioeconômica como caminho para agregar valor, promover escala e fomentar a industrialização sustentável na região amazônica. Os professores da UFPA, Hervé Rogez e Marcos Seruffo, ao lado de Eric Lafontaine, da Agência Regional para o Desenvolvimento Econômico e a Inovação (GDI), apresentaram iniciativas em andamento e apontaram desafios para tornar esse modelo mais robusto e replicável.
À tarde, a discussão avançou para temas relacionados à biodiversidade e serviços ecossistêmicos, destacando experiências bem-sucedidas de manejo florestal comunitário, programas de pagamento por serviços ambientais (PSA) e cooperação transfronteiriça em conservação ambiental.
O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (FAPEAP), Gutemberg de Vilhena Silva, destacou a importância do evento como espaço de apresentação de pesquisas qualificadas, fortalecimento de redes e ampliação de parcerias com a gestão pública. “Esse é um momento importante, de apresentação de resultados de pesquisa, mas também de fortalecimento de redes e de ampliar parcerias com a gestão pública”, enfatizou.
Diversidade
O evento reuniu uma ampla gama de vozes: caciques indígenas, professores, representantes de associações, gestores ambientais e membros de organizações francesas. Destaque para os saberes locais na conservação ambiental, diante das mudanças climáticas, garimpo ilegal, e exploração de petróleo e gás.
O encontro teve ainda a participação do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “Estou aqui representando o governo federal e, na condição de responsável pelo desenvolvimento regional, atuando também nas agendas de integração nacional e internacional, venho reafirmar nosso compromisso com esse debate. Apoiamos integralmente as iniciativas que nascem desse tipo de encontro, que fortalece redes de cooperação, constrói capacidades locais e aponta caminhos para decisões mais enraizadas na realidade dos territórios”, afirmou o ministro, destaca a assessoria.
Já o professor Otávio Landim, diretor do Campus Binacional do Oiapoque (UNIFAP), ressaltou a relevância do encontro para aplicação de conhecimento em ações coletivas que visem o desenvolvimento da região. “É um momento que marca um conjunto de discussões necessárias para o avanço e fortalecimento da educação com a implementação de novas tecnologias, o empoderamento social na escuta das comunidades tradicionais, indígenas ribeirinhas, quilombolas, dentro desse processo de construção do conhecimento sendo efetivado pelos amazônidas”, pontuou.
Cooperação
Com a participação de membros da ARS (Agência Regional de Saúde da Guiana) e do Parque Amazônico da Guiana, o evento reafirmou seu compromisso com a integração de políticas ambientais e sociais entre os dois países, valorizando a fronteira como espaço de cooperação e inovação, com presença de Daniele Cristine Silva Barreto, professora da UNIFAP, que destacou o ineditismo e a profundidade dos diálogos construídos.
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