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Pesquisadores lançam 'Carta de Belém', com propostas para a ciência na Amazônia

As discussões estiveram em pauta, na Universidade Federal do Pará, em Belém, durante o encontro Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP 30.

O Liberal
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Em torno de 120 pesquisadores que compõem 22 Redes de Pesquisa, que atuam de forma integrada entre o Brasil e instituições parceiras no exterior, apresentaram hoje, 26 de setembro de 2025, a Carta de Belém. O documento sintetiza as contribuições da ciência amazônica, envolvendo 18 centros de pesquisa, entre universidades, institutos de desenvolvimento sustentável, estudos geoambientais e de inovação, além da Universidade de Bristol, na Inglaterra, informa a assessoria.

O texto é resultado de um evento de extrema relevância no contexto das emergências climáticas, especialmente em decorrência da contagem regressiva para a Conferência das Partes, a COP 30, que acontece em novembro na capital paraense. As discussões estiveram em pauta, na Universidade Federal do Pará, em Belém, durante o encontro Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP 30, com propostas colaborativas iniciadas no dia 22 de setembro de 2025, e que encerram hoje (26), com grande expectativa pela entrega da Carta.

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O encontro destacou o papel central das universidades federais e dos Cefets na geração de ciência e tecnologia, na aproximação com comunidades locais e na contribuição para a criação de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento sustentável.

Na ocasião, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou a importância das redes colaborativas entre estados da Amazônia Legal, ressaltando o potencial transformador da troca de saberes entre regiões como Maranhão e Mato Grosso. “A verdadeira compreensão da Amazônia vai além da teoria e se constrói com base na vivência local, reconhecendo a autoridade daqueles que vivem e experienciam os desafios da região diariamente”, acentua.

Para o reitor, o conhecimento científico precisa incorporar as realidades dos povos tradicionais e das comunidades ribeirinhas, e a produção de documentos como a Carta de Belém, discutida no evento, representa um legado duradouro, bem mais valioso que obras físicas. “A democratização da ciência e o acesso das camadas populares às universidades são um passo fundamental para construir um Brasil mais justo e uma Amazônia mais representada”, afirma. Ao encerrar, o reitor reforçou a importância do comprometimento coletivo e do orgulho em incluir todos os povos na construção do conhecimento científico nacional, enfatiza a assessoria.

O que a Amazônia diz para o mundo?

Leandro Juen, professor da UFPA e coordenador da rede Cisam (Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica), destaca o papel fundamental das mais de 125 unidades de conservação e dos territórios indígenas como barreiras contra a devastação. Ele ressalta que os chamados "rios voadores", originados na região, são responsáveis por abastecer outras partes do país com chuvas, evidenciando a necessidade de uma visão integrada entre biomas como Amazônia e Cerrado.

Além da biodiversidade, Juen chama atenção para a rica “sociodiversidade” da Amazônia, que abriga cerca de 40 milhões de pessoas e mais de 300 etnias. Apesar de seu enorme potencial, inclusive na área alimentícia, o conhecimento científico sobre a floresta ainda é limitado, já que cerca de 45% do território amazônico permanece sem dados básicos sobre biodiversidade. A região sofre com impactos de atividades como pecuária, mineração, urbanização e geração de energia.

Nesse cenário, as universidades amazônicas vêm assumindo papel estratégico. Segundo o pesquisador, as instituições federais da região, com mais de 13 mil docentes e 200 mil estudantes, têm liderado a produção científica local, algo impensável há 15 anos. Elas atuam fortemente junto aos povos originários e comunidades tradicionais, promovendo inclusão, empoderamento e formação voltada para o desenvolvimento sustentável e para a superação das desigualdades socioambientais.

Quem assina a Carta de Belém?

Redes: PELD-AmOr; PPBio-AmOr; INCT-SinBiAm;  CAPACREAM; CISAM - Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia; Flora AmOr; INPA; IARAA; CIECZ;  PPBIO AmAr;  PPBIO AmOC; PPBIO AmOr – Rede Resiliência; PELD POPA; PELD ECOA; PELD FORR;  PELD MIAG; PELD Impactos Antrópicos no Ecossistema de Floresta Tropical; INCT CENBAM; IAMER; COSQUI; NUSAMAZONIA; AMAZONICIDADES;

Instituições signatárias: UFPA; UNIFAP; University of Bristol; UNIFESPA; UFAC; UFMT; UFAM; UFMA; UEMA; Bionorte - Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal; UFRA; UFRR; UNIR; UFOPA; UFTM; UFT; IFMA; Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá; IBCAM - Instituto de Biodiversidade e Conservação da Amazônia; QuipoTech; CEACAM - Centro Avançado de Apoio Educativo à Agricultura Familiar, Sustentabilidade e Cultura Alimentar na Amazônia - UFOPA; CATEGORIA - Centro de Agricultura, Tecnologias, Estudos Geoambientais Observacionais e Referência em Inovação da Amazônia - UFOPA.

Pesquisadores discutem ciência estratégica para a região no “Conexões Amazônicas”

A carta foi lançada durante o evento “Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP30”, que reuniu pesquisas em rede na região ao longo da semana na UFPA. As atividades realizadas na Universidade Federal do Pará (UFPA), são marcadas por uma intensa agenda de debates, sessões técnicas e atividades colaborativas entre os pesquisadores, alinhamento institucional e articulação de novas parcerias voltadas às contribuições da Amazônia para a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém.

Os trabalhos foram conduzidos por instituições e redes de pesquisa como o INCT-SINBIAM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Serviços Ambientais da Amazônia), com foco no tema “Síntese de dados, cooperação em rede e ciência estratégica para a Amazônia”. De acordo com o professor Leandro Juen (ICB/UFPA), o INCT-SINBIAM é uma rede criada em 2023, transdisciplinar e interinstitucional, com vários centros de pesquisa de diferentes regiões do país. A coordenação é dividida entre quatro instituições, sendo elas a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Bristol (Inglaterra), UFAM e o IMPA. “Pela região norte, nós temos nessa rede 17 instituições e 67 membros, com a maioria pertencente à Amazônia”, explica Juen.

Sessões técnicas apresentaram avanços nos eixos de pesquisa da rede, abordando desde ferramentas de integração de dados e indicadores ecológicos até estratégias para aplicação científica em políticas públicas e formação de profissionais para atuação na região.

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