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‘Missão é levar comida amazônica’, diz chef do Pará sobre não preparar jantar a Príncipe William

Ao Grupo Liberal, Saulo Jennings explica a decisão de recusar convite para preparar jantar vegano, destacando a importância da culinária amazônica e a visão sobre a gastronomia sustentável.

Jéssica Nascimento
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O chef paraense Saulo Jennings, Embaixador Gastronômico da ONU Turismo, recusou o convite para preparar um jantar para 700 pessoas no Rio de Janeiro, evento que contará com a presença do Príncipe William, que participará da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A exigência de um cardápio 100% vegano foi a principal razão para a decisão. Em entrevista ao Grupo Liberal, Jennings explicou a importância de manter a identidade culinária, ao mesmo tempo em que respeita as tendências internacionais.

“Eles insistiram muito em ser 100% vegano e eu não estava confortável com isso. Não faria sentido para mim, pois minha missão sempre foi levar a comida amazônica e sustentar a culinária que representa meu povo e minha terra”, disse Jennings. Embora a demanda para criar um cardápio vegano tenha sido um desafio, o chef deixou claro que sua recusa não se deve a uma oposição à comida vegana.

“Eu não tenho nada contra o veganismo, ao contrário, fui um dos primeiros a incluir opções veganas no cardápio de um restaurante especializado em peixe há mais de 16 anos”, afirmou.

Porém, ele acredita que uma festa dessa magnitude deve equilibrar exigências globais com a preservação da identidade regional.

A culinária amazônica e a sustentabilidade

Jennings é conhecido por sua dedicação em promover pratos que utilizam produtos típicos da Amazônia, como peixes e frutos regionais. Ele acredita que a culinária da região é um reflexo da sustentabilidade e da preservação dos rios e da floresta, e que não pode ser reduzida a um cardápio exclusivamente vegano.

"Eu trabalho com ingredientes da Amazônia porque eles carregam a cultura, a história e a sustentabilidade da nossa terra. Não faz sentido para mim, em qualquer evento, deixar de lado o que a minha região tem a oferecer”, explica o chef. 

Para Jennings, a missão vai além de apenas alimentar: ele se vê como um defensor da preservação dos ecossistemas amazônicos, com uma proposta culinária que integra sabor, cultura e conscientização ambiental.

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Identidade gastronômica e exigências internacionais

Para o chef, a linha tênue entre adaptar-se às exigências internacionais e manter a autenticidade da culinária local é algo que deve ser cuidadosamente observado

“Eu entendo perfeitamente as exigências internacionais, e me adapto a elas. Porém, se essas demandas não se alinham com o meu propósito, com o trabalho que faço e com o que represento, eu prefiro recusar”, afirmou Jennings. 

Ele observa que a flexibilidade é importante, mas sem perder a essência de sua gastronomia, que é marcada pela utilização de ingredientes da Amazônia e pela sustentabilidade.

Jennings acredita que o equilíbrio entre as exigências internacionais e a preservação das tradições locais é possível, desde que a essência cultural seja respeitada.

"Se não for possível manter algo do meu trabalho, então a experiência perde o sentido. Eu não sou contra a comida vegana, mas ela não pode ser a única protagonista em um evento que visa celebrar a diversidade culinária", conclui.

O chef também afirmou que a decisão não tem um caráter de rejeição ao evento, mas sim de alinhamento com seus valores pessoais e profissionais. “Eu sou um cara muito prático, mas não posso comprometer minha essência. Prefiro continuar a trabalhar de forma que represente o que acredito”, finalizou.

 

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